Camélia Negra

Capítulo 9 - Confiança

Já pela manhã em sua mansão, Camélia se levanta para caminhar pelo lugar vestindo apenas um roupão. O jardim externo é amplo e bem cuidado, uma extensa calçada rodeava fazendo um tipo de trilha. As casas vizinhas ficavam distantes, então a privacidade era maior.
Vez ou outra ela gostava de caminhar por ali quando precisava espairecer, os acontecimentos da noite passada ainda estava em sua mente.
Quando ela lembra o quão próximo Alberto estava aquela noite, ela teve certeza que eles iriam se beijar ali.

Assim que voltou para a parte interna do jardim, ela viu Alberto na piscina, que era coisa difícil de acontecer.
Ele sempre estava vestindo algo ou de terno, quando Camélia o via com pouca roupa, aquilo mexia com ela de forma que ela não sabia explicar.

Não é como se ela não estivesse acostumada a ver um homem seminu; para conseguir informações e atingir os objetivos do seu antigo trabalho de assassina, homens nus se via com frequência.

O fato de Alberto ser um homem lindo e ter um corpo que parecia esculpido com aqueles músculos influenciava, mas no fundo ela sabia que essa atração iria muito além físico.
Ela se aproxima da piscina com calma já ele ainda não havia percebido a presença dela.

- Bom dia, Beto. - Ele se vira e ela sorri.

- Bom dia, senhora Camélia. - Ele nada até onde ela estava e se senta na beira da piscina.

Camélia se sentou na espreguiçadeira próxima tentando ignorar o quanto ele parecia sexy enquanto ele desliza a mão no cabelo molhado para trás.

- Está um ótimo dia para nadar... - Ela cruza as pernas.

- Não quer entrar? - Sorri de um jeito sedutor, fazendo ela sentir seu rosto queimar.

- Quem sabe... - Ela abre um pouco a parte de cima do roupão mostrando a alça da lingerie. - Não estou usando roupa de banho.

Dessa vez Alberto é quem fica sem jeito e volta o olhar para a piscina. Camélia olhava atentamente os movimentos dele, mas ignorar aquele corpo era muito difícil.

Por muito tempo ela o via apenas como assistente, eles se conheceram quando ele tinha por volta dos quinze anos. Época que os pais dele morreram em uma guerra de máfias, e ela o salvou no meio daquele caos e assim ele começou a trabalhar para ela.
Na mente dela, ele era só um garoto, uma peça em suas antigas funções de assassina de aluguel.

Mas os anos se passaram e era notável o quanto ele havia crescido, fisicamente e como pessoa. Ele deixou de ser aquele garoto à muito tempo, tudo que ela via agora era um homem inteligente, gentil, e irresistivelmente lindo.

- Ah, Beto... Amanhã eu vou sair com a Muriel, fazer algumas compras.

- Quer que eu acompanhe vocês? - Ele se vira colocando uma das pernas fora da piscina.

- Seria ótimo, mas o "P2" e os outros estarão amanhã pela cidade então não se preocupe com isso.

- É difícil não se preocupar...

- Depois do que aquele Eurico tentou fazer e do que ele sabia, realmente. - Camélia suspira. - Mas não é a primeira vez que tentam me eliminar, só precisamos agir com calma.

- Foi até rápido conseguir as ligações de quem trabalhava com o Eurico... O "P2" conseguiu informações desses ajudantes, e felizmente nenhum sabia nada a respeito da senhora.

- Felizmente ou infelizmente, né?! Eu tenho em mente alguns que poderiam estar fazendo isso, mas se procurar por eles, as suspeitas se levantariam.

- Já tem um mês e nada além do comum... - Um breve silêncio surge, Alberto olhava Camélia com preocupação.

- É por isso que por enquanto vou andar acompanhanda. Claro, com os meus agentes as sombras, mas pelo menos assim eles poderão ver os movimentos que eu não vejo...

- Senhora Camélia, posso acompanhar vocês. Eu insisto! Se tem alguém que sabe sobre o antigo trabalho, não dá para andar por aí, mesmo com o "P2" e os outros.

- A pessoa que estava ajudando o Eurico também deve estar em alerta, ele não seria tolo de dar as caras tão cedo... Principalmente se for um de dentro da organização que eu atuava.

- Depois de tanto tempo fora da organização, por quê só agora algum "agente" faria isso?!

- Vingança, dinheiro... É sempre isso! Mesmo quando a gente abandona esse tipo de trabalho, essas coisas acontecem. Eu achei que demorou até demais...

Camélia se deita na espreguiçadeira e Alberto levanta da piscina e se senta na outra ao lado. Mesmo não querendo demonstrar, no fundo sua chefe estava aflita.
Ele pega a toalha que estava ali e a coloca aberta sobre o colo. Alberto estava sentado de frente para Camélia na lateral da cadeira, ela manteve os olhos fechados enquanto estava deitada.

Ele delicadamente segura a mão esquerda dela, Camélia abre os olhos rapidamente, já que as mãos dele ainda estavam um pouco frias por causa água.
Ela se ajeita e olha para ele.

- Não importa o que aconteça, independente de quem estiver fazendo isso. Não vou deixar nada acontecer com você, Camélia. Eu prometo!

Alberto era encantador quando ficava sério sem aviso prévio, aqueles olhos negros passavam confiança para os amigos, e temor para os inimigos.
Camélia sorri espontânea, sorriso que só Alberto tinha o privilégio de receber.

- E eu acredito nisso, com toda certeza! - Ela olha para as mãos dadas e volta o olhar para ele. - Obrigada, você é tudo o que eu mais confio!