Capítulo 7 - Riscos

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Noite de sábado e Alberto encontra Leandro. Ele não tinha intenção nenhuma de esbarrar com Camélia naquela noite, mas concordou de se encontrarem no hotel-cassino.
Até porquê, não poderia "fugir" para sempre.

Já dentro do cassino, eles se sentam em uma das mesas próximas ao bar, área que hospedes e apostadores relaxavam.

- Você está meio desligado a alguns dias, não é?!

- Acho que só não estou sabendo lidar, Leo... Tem tanta coisa acontecendo, e ainda tenho que tentar tirar aquela mulher da cabeça.

- Ah, a chefona de novo... Por quê ao invés de esquecer, você não se aproxima? Eu não acho que ela rejeitaria.

- Não é questão de rejeitar, acontece que ela não gosta de se envolver assim. - Alberto suspira e continua.
- Eu sei muito pouco, mas parece que tudo isso foi por causa de algumas pessoas, do passado...

- Nossa, e tem mais gente nisso... Você sabe quem são?

- Acha que eu me arriscaria em perguntar?

- Que situação chata, Beto...

Leandro é o melhor amigo de Alberto, então ver o amigo com conflitos, o chateava.

- É que você não sabe o que aconteceu domingo a noite, depois que encontrei a Natalie no Camarott.

- Então conta logo! - Mas apesar de ser amigo, Leandro amava uma fofoca.

- Natalie falou sobre casamento.

- Não!... E você disse o que?

- Que ainda estava cedo para isso. Desde e então eu estou me sentindo o pior cara Terra.

- Até o senhor certinho pode fazer esse tipo de coisa. - Leandro ri.

- Eu fiz mal?

- Você mesmo já assumiu que os sentimentos por ela são diferentes do que é pela Camélia... É melhor do que enganar a moça e empurrar algo que você não quer, certo?

- Agora que falou, ela não parece ter ficado chateada ou coisa parecida. Parece que ela só estava me testando.

- Isso foi antes ou depois de transarem?

- Leo...?!

- O que foi? - Leandro ri tentando fazer uma expressão séria.

- Depois... 

- Nossa, é difícil dizer não depois que acontece. Estou surpreso, Beto. - Leandro gargalha enquanto virava um whisky. De repente arregala os olhos olhando acima da cabeça de Alberto e tenta terminar o seu copo.

- Vocês dois parecem estar se divertindo. - Aquela voz fez Alberto ter um sobressalto, ele inclina a cabeça um pouco para trás e se depara com sua chefe.

- Senhora Camélia. - Alberto sorri, mas de nervoso e se levanta, beijando a mão dela. - Me desculpe ter sumido alguns dias.

- Eu fiquei preocupada. Mas que bom, parece estar tudo bem.

- Sim, e eu sinto muito!

Mesmo naquele momento tenso, era difícil de ignorar o quanto ela estava maravilhosa.
Um vestido vermelho justo, um pouco abaixo do joelho, que acentuava ainda mais suas curvas, e um longo decote que descia ao abdômen.

- Mais tarde conversamos, Beto. - E ela olha Leandro. - Olá!

- Senhorita Camélia! - ele a saúda.

- Bem, agora eu preciso ver como tudo está por aqui, cavalheiros! - Camélia sorri tocando no ombro de Alberto, e os dois homens acenam com a cabeça.

- Fiu, ela está linda! - Leandro comenta depois que ela se afasta.

- Meu coração parece que iria sair pela boca. - Disse Alberto afrouxando um pouco a gravata ao se sentar.

- Então engole ele de volta, vai precisar dele quando se declarar para ela. - Leandro ri se servindo com mais whisky, e Alberto faz o mesmo.

- Eu não posso fazer isso...

- Eu já vi muitos lados seus, mas covarde não é um deles.

- Não estou sendo covarde... É só bom senso.

- Sinceramente, é você quem complica tudo. Basta ver o jeito como ela te olha!

- Ela ama flertar, só isso... - Mas pensar que Camélia o olhava diferente, fez Alberto sorrir internamente.

- Ah, acho que você está virando um caso perdido.

- Leo, eu estou tentando esquecer esses sentimentos, você não está me ajudando.

- Não estou querendo te desanimar, mas isso com certeza não será fácil...

- É, eu sei. Talvez se a Natalie e eu começarmos um compromisso mais sério, ai talvez...

- Não me diga que vai casar? - Leandro o interrompe. - Você sabe que isso não vai fazer que as coisas mudem, não é? Só vão piorar.

- Eu preciso fazer alguma coisa! - Alberto serra os punhos sobre a mesa.

- Vamos começar em não fazer bobagem, pelo menos... - Leandro franze o cenho cruzando os braços. - Me fala de verdade, do que é que você está com medo? Seja sincero!

- Não é medo...

- Sim, é medo sim, de alguma coisa... Do que seria, decepção, frustração?

- Talvez. Quanto mais eu penso nela, mais eu me machuco, e quando eu penso que ela também não quer se machucar... Eu sei como ela é, mas ainda assim...

Uma mistura de irritação e tristeza estampava no rosto de Alberto. E o amigo começava a assimilar a situação, depois do longo silêncio entre eles.

- Sabe o que eu penso?! Que se houvesse uma conversa franca entre vocês, isso poderia ser resolvido... Claro que não temos absoluta certeza do que ela sente, nem mesmo se a gente tentasse adivinhar.

- Seria um risco...

- Aí, você como homem, sairia dessa paranoia dignamente.

- Ela e eu temos uma boa relação, se eu disser o que sinto e ela não me aceitar, acabaria tudo. Até nossa amizade, não seria mais confortável ficar na presença um do outro... E eu não quero isso, mas...

- Mas também quer tirar ela da cabeça... Um dilema!

- Você me entende agora?

- Sim.. Mas enfim, deixa que as coisas se resolvam gradualmente. - Leandro termina seu whisky e continua.

- Ela pode ser uma dama de ferro, mas não deixa de ser uma mulher. E apesar de muitos discordarem, as mulheres também tem sentimentos. - Leandro ri, conseguindo tirar uma risada do amigo.

- Acho que tem razão. - Alberto responde com o coração um pouco mais leve.

Nas horas se que passaram, eles ficaram conversando e rindo dos malfeitos. Alberto decidiu que não iria mais atormentar seus pensamentos com coisas que ele não poderia prever. E a noite no cassino, continuava agitada.

Camélia NegraOnde histórias criam vida. Descubra agora