Arlin, Escola, 8h00.
Minha cabeça doía e eu mal conseguia dar atenção à aula de história, que no momento, a professora fazia anotações cinzentas no quadro branco, enquanto vestia uma calça de cor que jamais irei descobrir. Seus tons pretos se misturavam com os brancos, estes que logo depois também se fundiam aos cinzas do mesmo tecido.
Era bastante confuso não estar vendo a coloração dos objetos, mesmo que minha visão sempre fosse assim. Pois, apenas com o gosto de poder enxergá-las e sentir o azul com meus próprios olhos tirou-me completamente de minha zona de conforto.
Tudo o que eu desejava no momento era apenas olhar para o céu e ao invés de ver vultos brancos das nuvens num espaço cinza, poder desfrutar plenamente do azul se destacando em todo o plano acima de minha cabeça. Poderia passar horas e horas a fio olhando exclusivamente para o espectro azulado e sentimental que o mesmo transmitia. Poderia até dizer que a situação do dia anterior me deixou meloso e um tanto emocionado, mas nada podia fazer.
Sequer sabia se o ocorrido de ontem havia sido real ou não.
Quando contei sobre o sucedido a Chenle, o chinês olhou-me com um rosto confuso, não entendendo como isso pôde ser possível. Contudo, não disse que era impossível ou algo do tipo, apenas ficou desorientado diante das possibilidades. Zhong sempre assistiu muitos filmes de histórias sobrenaturais, então delegou o ocorrido a alguma força superior a nossa, esta que fez-me ter a visão levemente perfeita, por alguns segundos, para poder saber como eram as cores.
Particularmente, achei que ele estava exagerando um pouco.
— Está prestando atenção na aula, Renjun? Parece meio perdido hoje. — A mulher de óculos e batom escuro me fitou, esperando por uma resposta.
Antes que tentasse me explicar, foram ouvidas duas batidas na porta acinzentada do local, tirando-me total atenção da pergunta feita pela professora, que até hoje ficou sem aquela resposta.
— Com licença, professora. — Nayeon, a moça da recepção, entra na sala. Ela estava acompanhada de um rapaz. — Estou aqui para apresentar um novo colega à sala.
— Pode entrar, Senhora Im! — A mulher que antes tinha um rosto fechado e rabugento, estampou um longo sorriso no rosto e convidou as duas pessoas a adentrarem na classe.
— Bom dia, alunos. — A recepcionista disse. — Este é Na Jaemin, um aluno transferido diretamente do Sul para estudar com vocês.
Jaemin é um menino bem alto, quando comparado a mim, seus olhos emanam curiosidade e expectativa acerca da nova escola e suas mãos estavam juntas uma na outra, parecendo que nunca estiveram separadas. Não o fitei por muito tempo, apenas olhava para Nayeon que explicava a situação do novo estudante, que supostamente veio para Arlin com os avós e ficaria conosco até o fim do ano.
A professora de história sorriu durante todo o discurso da recepcionista, uma vez ou outra olhando atentamente para Jaemin, provavelmente tentando descobrir se ele a daria trabalho ou seria um estudante quieto. Certa hora, a jovem moça deixou o garoto e saiu da sala, para que a educadora presente continuasse seu trabalho.
Não cheguei a ouvir o que a velha disse para Jaemin ou para a turma, já que Chenle me cutucou levemente e sussurrou em meu ouvido:
— Ele parece ser legal, vamos tentar puxar papo no recreio?
Girei minha cabeça em direção ao mais novo, fitando-o nos olhos e logo após, sussurrei um grande "não" como resposta.
"Ele certamente ficará com medo se simplesmente tentarmos uma amizade. Além de que, não gosto de falar com estranhos. Deixe as coisas fluírem normalmente, Lele."
VOCÊ ESTÁ LENDO
Visão (Des)Colorida | Norenmin
Fanfiction[EM ANDAMENTO] Renjun sofre de monocromia, a doença crônica que limita o indivíduo a enxergar apenas preto, branco e cinza em tudo que está à sua volta. Desde pequeno, Huang percebia que não era capaz de diferenciar cores e tonalidades de objetos, a...