6. Garoto amantético

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Arlin, Cachoeira Kikimasu, 18h.

— Eu também ouvi vocês.

— Isso é normal? — Pergunto ao Lee, incrédulo.

— N-não sei, esta é a primeira vez que aconteceu algo assim.

Renjun nada disse, ele apenas observava a água da cascata entrar em contato com a do lago, este que estava iluminado pela luz do luar.

Meu coração batia aceleradamente, como se estivesse numa competição de quem pulsava mais rápido. Minhas mãos suavam igual nos dias quentes de verão. E por último, minha cabeça quebrava tentando ao máximo entender toda a situação.

— Não sei o que dizer — suspirei — Isso é realmente estranho, não tem como ser verdade. Talvez algum som externo tenha nos confundido e...

— Jaemin, calma. Foram apenas vozes, não é nada demais. Deve ter sido uma coincidência.

— Não, Jeno! Não foi só a porra de umas vozes! Eu escutei vocês logo depois de ter ouvido meu pai, droga! Meu pai 'tá morto, Jeno! Morto! — Lágrimas já caíam de meus olhos e minhas mãos tremiam.

— Jaemin...

Viro-me de costas para o Lee e vou em direção a saída, mas antes que pudesse sequer dar um passo, Renjun, de olhos fechados, envolveu meu tronco com seus braços e sussurrou:

— Fique aqui, Jaemin. Por favor. — enfiou o rosto em meu peito — Por mim e por Jeno.

E daquele jeito, com Renjun abraçando-me e Jeno logo atrás de mim, envolvo meus braços retribuindo de forma igual o contato e desabo, deixando toda a frustração que guardei após o falecimento de papai, cair em forma líquida.

— Está tudo bem, Nana. Estamos aqui com você. — Renjun sussurrou em meu ouvido.

— N-neno, vem aqui, por favor. — Falei baixo.

Rapidamente, sinto os fortes braços do Lee envolvendo não só a mim mas o corpo de Renjun também — o qual ainda estava de olhos fechados e o rosto levemente escondido em meu peitoral.

E naquela noite, sob as águas cristalinas da Cachoeira Kikimasu, junto de Jeno e Renjun, compartilhei frustrações, sentimentos, abraços e amor.

;;;

Um dia se passou.

Arlin, Casa, 15h.

Ainda não falei com os meninos. Nem Renjun e nem Jeno.

A noite passada foi um tanto vergonhosa, devo admitir. Nunca tinha permitido mostrar tantos dos meus sentimentos para alguém daquela forma, até chegou a ser estranho.

Vovó e vovô deram um enorme sermão a mim por ter chegado tão tarde em casa, e por isso fui castigado a ficar dentro do quarto o dia inteiro, em pleno sábado.

Não estava triste por isso, devo admitir, acredito que iria ficar recluso de qualquer forma, estando de castigo ou não. O que mais me importunava agora, era a lembrança dos toques de Jeno e Renjun sob meu corpo.

A leve memória do quão reconfortante é sentir-me tão próximo assim perto dos dois garotos. Naquele momento, tive uma espécie de nostalgia, esta que impregnou todas as minhas veias e parecia estar fazendo eu evocar alguma espécie de lembrança.

Uma recordação tão importante que ainda está dentro do meu coração seco e deprimido, mesmo diante de minhas condições tão precárias.

Queria poder ligar para Jeno ou Renjun e ter uma curta conversa sobre ontem, ou quem sabe apenas ter o prazer de ouvir a voz deles.

Visão (Des)Colorida | NorenminOnde histórias criam vida. Descubra agora