Arlin, Escola, 9h50m.
Faz um tempo desde que me senti tão saudável assim. Enquanto o suor de meus dedos escorria pela estrutura lisa e dura do lápis e meus ouvidos insistiam em escutar a voz entediante do professor de matemática, meus pensamentos estavam muito, muito, muito longe da aula naquele momento.
Tem exatamente uma semana desde que eu e Jaemin dormimos na casa de Renjun, e diria que aquela foi uma das noites mais espetaculares de minha vida. Claro, as circunstâncias daquele momento não eram as melhores. Jaemin teve de se entupir de remédios para combater sua náusea enquanto Renjun, por alguma razão, persistia em vestir longos casacos que cobriram seu corpo por conta de algum "experimento". Mal conversamos durante a noite, visto que todos estávamos em total sono profundo.
Entretanto, mesmo estando apenas deitado num colchão no chão, senti uma eletricidade diferente passar por todo o meu corpo, como se aquele fosse meu lugar. Só havia vivenciado algo daquele porte a muito tempo atrás, quando entrei numa pista de boliche pela primeira vez.
Foi mágico, completamente mágico.
Mas aquela noite foi simplesmente... esplêndida.
Ao passo que ouvia a respiração pesada de Renjun e sentia os dedos delicados de Jaemin acidentalmente encostando em meu corpo, minha mente teve um flashback; uma nostalgia.
Como se já tivesse experimentado aquilo antes.
— Jeno, cara, me ajuda na questão cinco? Eu não entendi nada dessa explicação dele! — Mark pediu após dar uma simples cutucada em meu braço.
Sorri, assentindo e lhe dando uma curta explicação de algo que nem eu havia compreendido corretamente.
Durante o resto da aula, minha mente estava em movimento constante. Em certos instantes decidia pensar neles, já no próximo segundo dava total atenção à aula e seus conteúdos irritantes.
Assim que o sinal indicou o início do recreio, fui o primeiro a sair daquele cubículo abafado e ir ao pátio principal, com um único objetivo em mente.
Encontrar os garotos que não saem da minha mente.
Por algum motivo, Mark insistiu em correr ao meu lado, provavelmente também intencionado a encontrar alguém. Igual a mim, suas mãos suavam e seus olhos pareciam perdidos num mundo totalmente afastado daquele local que nos encontrávamos. Percebi que o Lee estava afoito, desesperado e completamente submisso a uma única sensação.
Um único alguém.
Um único nome.
E, assim como Mark, eu estava procurando por alguém.
Ou melhor, por "alguéns".
— Haechan!
— Jaemin! Renjun!
Os três chamados que estavam acompanhados de Chenle e Jisung, nos fitaram, logo colocando um leve sorriso no rosto. Tentei disfarçar, fingindo que não parecia desesperado a meio minuto atrás.
Mark foi correndo até Donghyuck e o envolveu num abraço longo, apertado e intenso, como se fossem amigos a milhares de anos.
Céus, desde quando eles ficaram tão próximos assim?
Não demorei muito nesses pensamentos, visto que mãos reconhecíveis tocaram em meu braço, pedindo por minha atenção. Seus olhos que tanto perseguem meus sonhos e pensamentos fitaram-me, provavelmente esperando alguma saudação.
— O-oi... J-jaem... Re-renju... — Tentava profetar as palavras que tanto esperei o dia para falá-las, mas neste momento nada saía de minha boca.
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Visão (Des)Colorida | Norenmin
Fanfiction[EM ANDAMENTO] Renjun sofre de monocromia, a doença crônica que limita o indivíduo a enxergar apenas preto, branco e cinza em tudo que está à sua volta. Desde pequeno, Huang percebia que não era capaz de diferenciar cores e tonalidades de objetos, a...