4. Gostar de garotas

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Arlin, Hospital, 14h00.

— Renjun? Está acordado?

O menino que se encontrava deitado em uma maca, completamente inconsciente, passou a mostrar sinais que estaria finalmente acordando e recobrando todos os seus raciocínios gradativamente.

— Jaemin — me chamou confuso, ainda de olhos fechados — Que lugar é esse? Ainda estamos no museu?

Discretamente solto toda a minha tensão que guardava em meus ombros depois de vê-lo acordado. Não querendo ser inconveniente ou deixar o menino desconfortável, não sorri e muito menos demonstrei algum alívio.

— O professor pediu para que o levássemos ao hospital. Estamos em um quarto agora.

— Mas o que aconteceu? Não lembro de nada.

Meu coração acelerava. Sentia uma grande quantidade de suor acumulando-se em minha testa ao lembrar do drama que ocorreu naquele museu. Era complicado pensar daquela forma, porque Renjun iria mentir para mim e consequentemente a Jeno dizendo que viu cores?

É impossível, o daltonismo não tem cura ou tratamento.

— Renjun — suspirei — Isso pode parecer loucura, mas poucos segundos antes de desmaiar, você disse a mim e a Jeno que...

Juntei minhas mãos, num objetivo de tentar trazer mais conforto a mim mesmo. Não adiantou nada. Continuava extremamente nervoso em relação a tudo isso. Queria que ele não tivesse saído de lá.

Pouco antes de Renjun acordar, Jeno estava comigo. E de alguma forma, eu me senti bem estando perto dele. Ou melhor, me senti bem estando com Jeno e Renjun simultaneamente. Era como se algo dentro de mim tivesse se fechado, uma ferida aberta que precisava de um curativo.

É ridículo pensar que conheço Renjun a uma semana e Jeno menos de 24 horas, mas ao mesmo tempo sinto que nos conhecemos há anos. Séculos. Vidas. Reencarnações. Como se estivéssemos conectados desde a eternidade.

E agora, neste exato momento, só conseguia pensar em como eu estaria melhor se Jeno estivesse aqui comigo. Se nós três estivemos juntos.

— ... que viu cores. Você nos disse que viu cores.

Em uma ação rápida, inteiramente bruta, os olhos de Renjun se arregalaram e sua boca se abriu simultaneamente enquanto suas mãos cobriam o ato. Ele parecia comemorar algo ao mesmo tempo que se lamentava.

Renjun parecia ter se lembrado do que aconteceu.

— Eu vi cores, Jaemin! — Exclamou.

— O que quer dizer com isso? — ri, tentando compreender que espécie de piada era aquela — Você não vê tudo em preto e branco?

— Mas eu vejo, Nana! — corei ao ouvir o apelido recém criado — No momento que eu, você e Jeno ficamos deitados no chão depois de desviar do carrinho, passei a ver tudo de forma colorida! As roupas, o céu, seus cabelos, a pele de Jeno, tudo!

Não sabia o que responder ao outro. Isso seria uma espécie de pegadinha ou algo parecido? Como é possível alguém daltônico passar a ver cores assim, de repente? Renjun me contou que não haviam tratamentos ou curas!

Ele deve ter percebido meu olhar confuso e completamente perdido, então se aproximou cada vez mais perto de mim, ao nível que nossos rostos ficassem a milímetros de se encostarem.

Minha respiração parou e meu coração começou a bater mais forte do que nunca. Senti gotas de suor descendo na parte traseira de minha cabeça e minhas mãos apertando fortemente as calças jeans que vestia, chegou no nível de minhas palmas ficarem machucadas por conta da superfície áspera daquela vestimenta.

Visão (Des)Colorida | NorenminOnde histórias criam vida. Descubra agora