Bakugo

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— IZUKU! — Um grito foi ouvido quando o caminhão bateu no carro. A porta lateral da minivan rangeu e desabou para dentro. O impulso fez com que a minivan fosse jogada para o lado, quebrando os trilhos de proteção e caindo montanha abaixo. Lá embaixo, uma explosão, uma mistura de gasolina e faíscas incendiou a van e sua proximidade. O motorista do caminhão saiu do veículo, testemunhou a explosão e então chamou a polícia. Ele então partiu, dirigindo seu caminhão destruído para fora de vista.

— Essa é toda a filmagem de segurança captada? — O policial Mirio perguntou silenciosamente.

— Sim. Conseguimos rastrear o caminhão o mais longe que pudemos, mas o perdemos quando ele subiu na montanha. — Tamaki relatou.

— Conseguimos uma visão clara desse motorista?

— Não. Ele estava usando um chapéu que cobria o rosto. De acordo com testemunhas oculares, o suspeito era grande, com cabelo loiro acinzentado e rosto com a barba por fazer. Não sabemos, no entanto, quão precisos são os relatos.

O policial Mirio girou em torno de sua cadeira e encarou Tamaki.

— Entendo... Como estavam as vítimas? — O oficial Tamaki não disse nada, mas ao invés disso trouxe várias fotos.

O policial Mirio estava acostumado à morte. Afinal, fazia parte de seu trabalho, ele estava mais do que disposto a desistir de sua vida se isso significasse que a justiça seria feita. Ainda assim, doeu ver a expressão quase tensa nos rostos dos Midoriyas. Foi um protesto silencioso contra a morte; como se quisessem viver mais, por algo, por alguém.

O policial Mirio desviou o olhar e voltou-se para a mesa. Tamaki fechou as fotos e os dois policiais ficaram em silêncio. Era uma espécie de oração, uma oração para que o casal encontrasse a felicidade, mesmo após a morte.




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Izuku olhou para o garoto de cabelo loiro à sua direita. Lá estava: uma expressão de pena e dor, um rosto não comum no rosto de Katsuki. Lá fora, o Dr. Aizawa e sua mãe discutiam a legalidade de Izuku. Midoriya conseguiu escutar algumas palavras, "Guardião legal morto.... Tome cuidado.... pobre garoto."

A porta se abriu e o Dr. Aizawa se aproximou de Izuku.

— Então, em relação às suas contas médicas--

— C-contas médicas? — Aizawa concordou com a cabeça.

— Os cuidados de saúde fornecidos neste hospital não cobrem os cidadãos de Shizuoka. — Ele continuou. — Nós resolvemos algumas coisas e, considerando sua... situação, concordamos que Mitsuki Bakugo aqui será sua tutora temporária. Ela vai cobrir seus custos e decidirá quando você será liberado.

A culpa atormentou sua mente, pois ele sabia que a família Bakugo não estava em situação financeira para sustentar outra criança. Katsuki trocou olhares preocupados com sua mãe. Ela sorriu e deu um tapinha nas costas de Izuku.

— Está tudo bem, Zuku! Não se preocupe com o dinheiro! Tenho certeza que sua mãe teria feito o mesmo se fosse meu filho aqui.

Izuku não disse nada, mas simplesmente acenou com a cabeça. Mitsuki saiu da sala com Aizawa, continuando a discutir sobre Izuku.

— Oi dek- izuku. — Midoriya lentamente encontrou os olhos de Katsuki. — Como você pode... como você consegue ficar tão calmo? — Um período de silêncio veio e Izuku olhou para baixo mais uma vez. Izuku sombriamente sussurrou:

— E-eu não entendi o que você quis dizer.

Bakugo ergueu Izuku pelo colarinho. Sem vida, ele olhou para Bakugo, que tinha uma expressão de dor.

— Por que você fica tão indiferente quando seus pais morreram? Eles o criaram! Você não os ama?! Como... — Izuku viu que Katsuki estava chorando. — Como... como você consegue ficar tão calmo?!

Aizawa e Mitsuki ouviram a comoção e rapidamente entraram na sala. Eles tentaram separar os garotos de Mitsuki, tentando se livrar do aperto de Bakugo.

— Katsuki se acalme! Você está machucando ele! Ele está ferido!

— ME LARGA! ME LARGA! DEIXA ESSE IDIOTA PERCEBER A VERDADE! ME RESPONDE! POR QUE VOCÊ ESTÁ TÃO CALMO?! Se... se isso acontecesse comigo, eu não sei se eu poderia... — Bakugo olhou para baixo enquanto as lágrimas escorriam por seu rosto. — CARAMBA! — Com isso, Katsuki saiu furioso da sala.

— Você está bem, Zuku? Sinto muito por ele. Ele está assim desde o funeral. Acho que ele simplesmente não entende que as pessoas lidam com a dor de formas diferentes. — Mitsuki suspirou. Ela se virou para Izuku e disse, suavemente: — Melhore, ok? Voltaremos mais tarde. Tenho que voltar ao trabalho e levar Katsuki de volta à escola. Novamente, sinto muito por ele.

Izuku cerrou os punhos enquanto ela saía da sala. ''Não é culpa dele. É minha. Por que não consigo chorar nesta situação? É como se eu não me importasse com meus pais. Eu sei que deveria estar triste, mas... Que tipo de filho eu sou? Não consigo nem lamentar pelos meus pais...'' Izuku olhou para seus gessos enquanto pensamentos sombrios atormentavam sua mente. ''Eu deveria ter morrido no lugar deles.''


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Bakugo é um idiota, sim ou claro? Fiquei com raiva dele.
Se tiver algum erro que eu não percebi, me avisem.

Próximo capítulo: "Calem a Boca!"

Dois Meses [Izuocha]Onde histórias criam vida. Descubra agora