Viva, Idiota

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— Oh, antes que eu esqueça... — Uraraka se virou para Izuku. — Só por curiosidade, por que você está no hospital?

Izuku ficou pasmo, enquanto levantava o braço direito. ''Ela é burra?''

— Eu não sou. — Ela rosnou de volta.

— O-o quê? Eu não entendi o que você quis dizer. — Izuku nervosamente riu. ''Merda. Eu disse isso em voz alta?''

— Esquece isso. — Ela suspirou. — Estava escrito na sua cara. Eu não sou burra. — O rosto dela de repente ficou malvado. — Quer testar isso?

— N-não, obrigado, Srta. Uraraka.

— Hahaha por que você ficou tão formal do nada? Era uma piada- uma piada.

''Seu rosto disse claramente o contrário.'' Izuku pigarreou e ergueu o braço direito.

— Então, como você pode ver Urabaka, estou engessado, por isso estou no hospital. Isso respondeu à sua pergunta? — Houve um longo silêncio antes que Uraraka falasse novamente.

— Isso- isso foi uma piada idiota. Foi uma péssima piada, Mardonia.

— É Midoriya! Mi! Do! Ri! Ya! Repita depois de mim! Mi!

— Mi.

— Do!

— Doooooo. — Izuku olhou para Uraraka com uma cara de raiva.

— Não é "Doooo'', é ''Do''!

— Ah! ''Do'', soa como se Izuku Mekina não tivesse cérebro! — Uraraka respondeu alegremente.

— Sua merdi--

— Então? — O rosto de Uraraka ficou sério de repente. — Por que você está aqui, Izuku?

— Olha, só porque você não consegue dizer meu sobrenome não significa--

Izuku percebeu uma pitada de irritação crescendo em Uraraka. Ela forçou um sorriso e começou a pressionar as bandagens que estavam no estômago dele.

— Então? Izuku? Por que?

— Isso machuca, Uraraka... — Seus olhos tomaram um brilho perigoso.

— Eu vou te mostrar a verdadeira dor se você não responder à minha pergunta. — Ela pressionou com mais força, fazendo Izuku estremecer. — Última chance, Izuku.

— Eu estava... em um acidente de carro. — lembrou Izuku. Era como se a represa que prendia as memórias em seu cérebro caísse e a realidade estivesse aqui para finalmente confrontar a fria e dura verdade. — Nós derrapamos para fora da estrada... meus pais... — Toda a dor, tristeza e trauma voltaram. Não havia como parar agora. Lágrimas começaram a cair de seus olhos, atingindo os lençóis. — Mamãe... — Uraraka não disse nada. Izuku olhou para baixo chorando enquanto apertava seu lençol.

— Deve ter sido difícil hein? — Uma voz gentil falou e ele sentiu uma mão acariciar sua cabeça. — Pronto, pronto, seu grande bebê chorão. — Uraraka deu uma risadinha.

''Quem é essa pessoa angelical?'' Izuku sentou em sua cama enquanto as lágrimas continuavam a fluir e Uraraka o confortava. ''Talvez eu tenha me enganado sobre ela. Ela pode ser uma boa pessoa, afinal.''

— M-mamãe, ela- Eles estão mortos- *funga* Eles todos morreram e agora *funga* eu estou sozinho. E-eu não sei mais o que fazer. — Izuku desabafou.

— Viva, seu idiota, viva. — Uraraka respondeu com ternura. — Você não está sozinho. Eu estou aqui, não estou? Mesmo que nós apenas nos conheçamos por alguns dias.

— Como eu vou viver com meus pais mortos? — Izuku perguntou com raiva. — É injusto que só eu tenha que viver! Eu também deveria--

— Você amava seus pais, não é? Eles, com certeza, te amavam também. Eles eram legais? — Uraraka respondeu calmamente.

— O-os melhores pais que eu poderia pedir.

— Então de que adianta chorar? Eles queriam seu filho idiota chorando assim?

— M-mas eles morreram! Eu deveria ter morrido em vez disso! Por que eles tiveram que morrer? Por que só eu sobrevivi?!

— Izuku. — Uraraka o chamou, gentilmente.

— O-o que? — Ele fungou.

— Não seja estúpido. Você acha que seus pais ficariam felizes sabendo que você morreu? Eles morreram por você, Izuku. Para que você pudesse viver.

— M-mas--

— Izuku, você vai desperdiçar a vida que eles te deram? Seus pais morreram e você milagrosamente sobreviveu. Então, o que você fará? Você seguirá em frente? Ou você desperdiçará a vida que seus pais lhe deram vivendo uma vida de amargura? — Uraraka então olhou para Izuku com olhos determinados. — Viva, Izuku. Viva para o bem de seus pais e para o seu. Viva.

''Mãe... pai... eu ainda não sei o que fazer sem vocês, mas... tudo bem eu viver, certo? Tudo bem continuar seguindo em frente, certo? Mamãe...'' Izuku continuou a chorar, enquanto Uraraka mantinha a mão dela em sua cabeça.

O Dr. Aizawa estava parado do lado de fora da porta, atrapalhado com um cigarro. "Caramba." Ele amaldiçoou com raiva. Aizawa esmagou o cigarro ao olhar para baixo. "Emi... O que eu faço?"



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A ficha do Izuku finalmente caiu. Tô com muita pena dele :(
Se tiver algum erro que eu não percebi, me avisem.

Próximo capítulo: Aviso

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