Clima de Chuva

396 35 29
                                    

Izuku estava sentado em sua cadeira de rodas olhando para o céu. "Ah, está chovendo." As gotas de chuva formavam um projétil inofensivo contra as janelas. ''O que foi que ele disse? 'Não fuja'?'' Izuku fechou os olhos e ouviu a chuva. Cada gota parecia corresponder a cada um de seus pensamentos. Soltos.

Soltos. ''Devo voltar?''

Soltos. ''Como assim 'pare de fugir'?''

Soltos. ''Eu quero ir dormir.''

Soltos. ''Meus pais morreram? Por quem?''

Soltos. Soltos. Soltos. Soltos. Soltos. Soltos

''Ah. Eu quero falar com ela.'' Como se fosse uma deixa, Izuku abriu os olhos e se viu inconscientemente se dirigindo para o elevador. Ele apertou um botão e esperou. ''Desde quando sou tão dependente dela? Por que ela foi a primeira pessoa que veio à mente? Não entendo. Não entendo nada disso.''

O elevador fez um barulho e as portas se abriram lentamente. Izuku entrou e apertou um botão. ''Apenas há algumas semanas atrás, eu a odiava, mas, agora estou procurando por ela o tempo todo. Se o meu eu do passado me visse agora, ele riria.''

As portas se abriram novamente e Izuku se dirigiu ao quarto de Uraraka e bateu. Nenhuma resposta foi dada de volta. ''Ela ainda deve estar no quarto de Ahokina.''

Izuku podia sentir os músculos de seus braços doendo por causa de antes, quando ele saiu correndo. ''Minha mente... eu não consigo pensar direito. É muito confuso. Uraraka. Ajude. Me ajude. Você sempre sabe o que fazer. Sempre sabe como me distrair das coisas. Por favor... por favor, me ajude.''

Izuku alcançou a porta de Ahokina e estava prestes a bater quando ouviu a voz de Uraraka passar por trás da porta. Sua voz era baixa, mas frágil.

— Ei, Ahokina. Me ajuda. O que devo fazer? Estou com medo. — Sua voz era quase um grasnido, como se ela tivesse chorado. — Como faço para encarar o Izuku? O que eu faço? Vou estragar tudo de novo? Eu sabia que não deveria--

Izuku acidentalmente recuou e um barulho foi liberado de sua cadeira de rodas. A porta foi aberta por Uraraka e ela encontrou os olhos de Izuku. ''Seus olhos estão inchados'', ele notou.

— I-Izuku, você me ouviu? — Ela perguntou, com medo. Izuku não conseguiu responder e nem balançou a cabeça. Uraraka tremeu enquanto as lágrimas começaram a se formar novamente. — Eu- eu sou- Izuku, eu--

Ahokina deu um passo bem ao lado de sua irmã e deu a Izuku um pequeno sorriso de desculpas. Izuku o ouviu sussurrar pequenas palavras de conforto enquanto a conduzia de volta para a sala. Ele então saiu e fechou a porta atrás de si. Ahokina sorriu sem jeito e sinalizou para caminhar com ele.











____
— Então, eu ouvi a maior parte da situação da Ocha. — Ahokina comentou enquanto empurrava a cadeira de rodas de Izuku. Eles estavam vagando pelos corredores sem destino específico. — Sinto muito pelo que meu pai fez.

— Está tudo bem. — Izuku apenas conseguiu dizer isso. Seus pensamentos se agitavam conforme cada pensamento ia e vinha, não permitindo que ele tivesse um momento para respirar. O som da chuva do lado de fora parecia se juntar a seus pensamentos, afogando-o em sons de ruídos irracionais.

— Izuku? Você está me ouvindo? — Ahokina interrompeu.

— Ah, desculpe. — Izuku tentou ignorar a dor em sua cabeça e tentou se concentrar nas palavras de Ahokina.

Izuku podia sentir o olhar de Ahokina queimando na parte de trás da sua cabeça.

— Por que você veio ao meu quarto?

— Eu- eu queria verificar se você estava bem. — Izuku mentiu.

— Você poderia ter esperado até de manhã. — Hokina falou. — Bem, tanto faz.

Os dois caminharam em silêncio até Ahokina chegar ao elevador.

— Ela não é invencível, sabe? — Ahokina sussurrou baixinho. Izuku fingiu não ouvir nada.

Ahokina parou na frente do quarto de Izuku e gentilmente abriu a porta.

— Eu espero que você considere meu pedido de antes. Para o seu bem. — Ahokina comentou baixinho. — Bem, então... tchau.












____
Izuku subiu na cama, rastejando com os braços para fora da cadeira de rodas. Enquanto ele estava deitado em silêncio no quarto escuro, ele se sentiu enojado de si mesmo. ''Fui eu quem colocou expectativas em Uraraka. Ela não conseguiu enfrentar isso, então ela ficou arrasada e eu escolhi ficar desapontado.'' Izuku soltou uma lágrima de frustração e se amaldiçoou. ''Como eu pude? Eu coloquei tantas expectativas em uma garota que mal conheço.''

A chuva continuava caindo lá fora. ''Eu escolhi ficar desapontado. No momento, ela não pode me encarar porque está ciente disso.'' Izuku cobriu o rosto com as mãos.

— Mãe... Pai... o que eu faço?






_______________________
Resolvi postar mais cedo porquê estou com tédio da aula ;-;

O que vocês acham que o Izuku vai fazer? E como acham que a Ochako vai reagir a isso tudo? Me mandem suas teorias :3

Próximo capítulo: Uma rancorosa decisão

Dois Meses [Izuocha]Onde histórias criam vida. Descubra agora