Uma fração de segundos.
Esse é o tempo que leva para Alicia Sierra sentir o mundo desmoronar sob seus pés. Em um instante ela está seguindo ordens e, no momento seguinte, a instituição para a qual ela trabalhou e dedicou quase duas décadas de sua vida estava atirando-a para os leões – como se ela fosse um objeto descartável.
Entretanto, essa fração de segundos não passa de uma mera ilusão criada por sua mente, porque a verdade é que as primeiras rachaduras de seu mundo aparentemente perfeito começaram a aparecer há muito tempo, talvez há cerca de quatro meses ou quiçá muito antes, há alguns anos.
E ela sabe disso.
Por mais que não queira admitir, ela sabe muito bem que mais cedo ou mais tarde terá que enfrentar os fantasmas que a assombram quando não há ninguém por perto.
Só que agora não é o momento para dar voz a tais pensamentos. Não. Agora é hora de atacar, de recuperar o controle do pouco que lhe resta e se agarrar com unhas e dentes à motivação por trás de cada uma de suas ações e atitudes.
Não há espaço para dúvidas e, certamente, não há espaço para voltar atrás, porque parar não é uma opção. Parar significaria ter que lidar com sentimentos que ela não quer e nem seria capaz de encarar nesse momento.
Por isso, cada única célula de seu corpo está preparada para lutar – de cabeça erguida – até o fim tal qual uma fucking reina de las hijas de puta, como era conhecida agora.
E ela não descansa até ter o homem que acredita ser a raiz de seus problemas sob a mira de sua pistola.
— Xeque-mate, hijo de puta.
O Professor a encara surpreso e pensativo. Ele considera suas opções, mas estas rapidamente se revelam desfavoráveis, já que a ruiva está apontando uma arma diretamente para sua cabeça.
— Inspetora Sierra. — Ele a cumprimenta, respirando lentamente enquanto tenta manter a calma.
No entanto, o fato de Alicia não estar ali para conversas ou qualquer tipo de manipulação se torna evidente no instante em que ela dispara outra vez, errando a cabeça do Professor por meros centímetros.
— Não quero ouvir nenhum piu, entendeu?! Eu não estou aqui para conversar e muito menos para negociar.
— Então por que você está aqui?
Sem removê-lo de sua mira, ela olha atentamente ao seu redor. Além dos vários papéis e planos espalhados pelas mesas e quadros, o que realmente chama sua atenção é o fato de ele possuir câmeras em todos os lugares, inclusive na entrada pela qual ela havia acabado de passar.
De imediato, flashs das gravações que a levaram até o esconderijo do Professor aparecem diante de seus olhos e ela lembra que ele não está sozinho. Há pelo menos mais uma pessoa do lado de fora do banco ajudando-o e ela não está disposta a encontrá-lo ali.
— Coloca. — Ela ordena e joga um par de algemas no chão ao lado dele.
— O que você quer, inspetora? — Ele questiona novamente e outra vez ela o ignora por completo.
— Onde ele está?
— O quê? — O Professor pergunta confuso.
— Seu comparsa de merda!
— De quem você está falando? Não há mais ninguém aqui.
— ¡No me toques los cojones, Profesor! Eu não estou com a menor paciência para os seus joguinhos. Vou perguntar só mais uma vez, onde ele está?
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A escolha
Fanfiction"Porque no era una hija de puta, pero ahora sí lo soy." As palavras de Alicia Sierra escondiam um grande segredo que estava prestes a vir à tona. Qual seria a verdadeira motivação por trás de cada uma das ações da inspetora? Uma fanfic interativa on...