2A - Sentimento inexplicável

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No entanto, a discussão é interrompida quando um barulho ecoa por todo o esconderijo e os dois percebem assustados que a origem do ruído está logo atrás da inspetora.

Um som que mais parece o de um alarme invade todo o ambiente enquanto uma luz vermelha começa a piscar incessantemente, a mesma luz que piscava quando a inspetora havia encontrado o Professor.

Por alguns instantes, tanto Alicia quanto Sérgio permanecem imóveis, totalmente surpresos com o que está acontecendo, até que ele finalmente parece sair de seu estupor e é o primeiro a reagir.

— É a polícia! — Ele fala com raiva.

— Impossível. — Ela nega com a cabeça e sussurra assustada. — Eles não sabem que eu estou aqui.

Através das câmeras, os dois conseguem ver alguém entrando no esconderijo com uma arma em mãos, mas é impossível reconhecer a pessoa em questão.

— É o seu ajudante! — Ela acusa de repente.

— Não é. Você tem que me soltar, Sierra-

— Nem louca! Você vai ficar aí caladinho. Um piu e eu te mato, dessa vez eu juro que te mato.

Sem pensar duas vezes, Alicia alcança sua pistola e se esconde, aguardando em silêncio enquanto, aos poucos, o som das batidas aceleradas de seu coração dá lugar aos passos que se aproximam deles devagar.

Sorrateiramente, o homem faz seu caminho até o centro do esconderijo e, quando menos espera, sente o cano frio de uma arma entrar em contato com sua nuca enquanto a voz de Alicia ecoa pelo ambiente em um tom baixo e ameaçador. — Um só movimento e eu estouro a sua cabeça.

Pouco a pouco, o homem levanta as mãos em sinal de rendição e indaga receoso. — A- Alicia?

— Raúl?! — Claramente surpresa e até mesmo confusa, ela dá alguns passos para trás. — O que você está fazendo aqui?

Ele aproveita o momento para dar uma boa olhada ao seu redor. Não leva muito tempo até que seus olhos recaem sobre a figura do Professor, que está algemado e sangrando.

Rapidamente, ele entende que ela não só havia encontrado o esconderijo do homem mais procurado da Espanha, mas também havia assumido o controle sobre ele. Sozinha.

— Eu que te pergunto, Alicia. O que você está fazendo?

— Não está vendo? Estou acabando de vez com essa merda.

— Então por que não chamou a polícia?

— Porque a polícia não vai-

De repente, ela é interrompida por uma contração tão forte que faz suas pernas cederem e, antes que possa reagir, cai no chão desesperada, agarrando seu ventre enquanto tenta controlar sua respiração irregular.

A reação de Raúl é imediata e ele sequer tenta esconder a preocupação estampada em seu rosto. Sem hesitar, ele guarda sua arma no coldre que leva na cintura, corre até ela e se ajoelha ao seu lado.

— Alicia?! Você está bem? — Questiona assustado. — Está em trabalho de parto?

— Não! — Ela rebate sem titubear.

E assim que consegue recuperar o fôlego e retomar o controle de seu corpo, a mulher o afasta com raiva, recusando sua ajuda enquanto se levanta com certa dificuldade. No entanto, Sérgio aproveita a oportunidade para contestar a inspetora e entender melhor quais são as intenções desse tal Raúl.

— Sim, ela está. — O Professor comenta.

— O quê?! — Alicia e Raúl reagem em uníssono, ambos surpreendidos, mas por motivos completamente diferentes.

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