Capítulo 4

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"A verdade é encontrada pelo caminho da simplicidade".

SAINDO DA BOLHA CRISTÃ

Ao frequentar por muito tempo o ambiente religioso, em vários templos evangélicos, me certifiquei de que há um sistema engessado que promove alienação e, com isso, equívocos na interpretação do evangelho de Jesus.

A expansão das instituições cristãs nos dá a impressão de que o evangelho está sendo expandido a todos os povos. Templos construídos em lugares de antigos bares e antigas casas de shows comprovam o tamanho do Cristianismo, sendo a maior religião do mundo atualmente. Sai uma empresa de festa para dar lugar a uma que, teoricamente, propõe algo melhor aos seus frequentadores.

Será que esse algo é, realmente, melhor?

Os cristãos se alegram com novas placas levantadas em cada esquina, em uma disputa travada (por eles mesmos) entre o secular e o eclesiástico. Há uma percepção de que o secular é mundano e o outro é sagrado, guiado por Deus, aprovado espiritualmente e que carrega a mensagem da cruz.

Será?

Será que existe a diferença entre esses dois segmentos? O evangelho deve ser segmentado? A mensagem de Jesus traz um novo estilo de vida ou um sistema dogmático?

***

Uma vez eu estava conversando com um amigo e pastor de uma denominação evangélica, chamado Cézar (nome fictício). Ele estava se qualificando por meio de alguns cursos que ele considera (ou considerava) seculares.

Ao ser surpreendido com algumas crenças limitantes existentes em si, ele me trouxe o seguinte argumento:

- Mesmo tendo tanto conhecimento e experiência no apoio a tantas pessoas, nunca pensei possuir tantas crenças limitantes.

Era perceptível a sua admiração por esse novo momento de sua vida, pois a sua consciência se expandia a novos conceitos. Não que o fizesse deixar de praticar seus rituais religiosos, mas era claro que algo estaria mudando a partir daquele momento.

Minha alegria foi instantânea porque se tratava de um amigo que sempre buscou estar à frente dos conceitos e paradigmas trazidos pela tradição judaico-cristã. Seus pensamentos, naquele momento, se conflitavam com suas crenças e eu pude imaginar o quão libertador parecia – para ele – o evangelho de Jesus, apesar de ainda estar inserido no sistema que se contrapõe à essa liberdade.

- Meu amigo, o seu espanto é porque você está se dando conta de que és ser humano como outro qualquer – disse a ele.

- Verdade, Anderson. Algumas coisas estão ficando mais claras – disse Cézar com orgulho de si mesmo.

Aproveitei a oportunidade e disse:

- Sabe amigo... Por anos, nós fomos condicionados a acreditar que, se somos cristãos e fazemos parte de um sistema religioso, nos tornamos seres à parte da sociedade. Isso é tão absurdo que provoca em nós um conflito quando resolvemos sair dessa bolha. E então, percebemos que vivemos no mundo como todas as pessoas. Não há nada de superior em você, amigo, por causa da sua religiosidade.

- É... Isso está cada vez mais claro. Devemos cultivar isso na vida das pessoas – disse ele com certa empolgação em sua voz.

- É só você emancipar o evangelho do Cristianismo. Afinal, jamais ele esteve inserido nesse padrão religioso.

***

Esse diálogo foi um dos que me fez perceber o quão importante é falar do evangelho de Jesus sem o viés sistemático da religião. 

Fato é que cada vez que nos propomos a pensar fora dessa caixa, descobrimos o quanto somos seres livres que se permitem estar presos a conceitos e preconceitos que se ancoram dentro de nós por anos e anos.

A TRÍADE DE CRISTO - A verdade em apenas três olharesOnde histórias criam vida. Descubra agora