Capítulo 6

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SOMOS REFÉNS

Cada ser humano constrói, em sua mente, um mundo ideal conforme os seus valores e as suas crenças adquiridos no decorrer da vida. Esse idealismo o leva a tomar decisões movidas pelas interpretações que se tem diante das circunstâncias.

Desde a infância, recebemos inúmeras informações que se firmam em nossas memórias e quando são somadas às experiências que vivenciamos durante a nossa caminhada, tais orientações servem de modelo para criarmos nossas opiniões.

O mundo ideal é uma realidade subjetiva. Isso quer dizer que não operamos diretamente sobre a realidade em si, mas sobre tudo o que acreditamos ser real e verdadeiro.

Somos reféns de nossas crenças.

Elas funcionam como uma bússola. Determinam as nossas ações e quando entendemos esse processo, percebemos que as distintas opiniões entre duas pessoas – por exemplo – não devem ser interpretadas como causa de um confronto, mas como reflexo das lições absorvidas por elas durante a vida.

Algumas pessoas creem que casar não é mais uma boa escolha. Outras acreditam que não conseguem realizar seus sonhos. Umas pensam que alguns atos são imperdoáveis, outras afirmam serem capazes de superar qualquer mágoa, independentemente do grau de importância.

Quem tem razão, afinal?

Todas segundo o ponto de vista de cada uma, pois se trata de experiências particulares que forjaram tais crenças que, por sua vez, construíram pensamentos para expressarem tais afirmações.

Podemos pensar que é muito difícil exercitar Amor Incondicional, Compreensão e Perdão (o que é até uma verdade), devido ao meio em que vivemos, sendo mais fácil preservarmos o egoísmo como recurso de sobrevivência. Contudo, não significa dizer que, por isso, é impossível praticá-los.

Mas, de onde vem essa dificuldade que nos impede de olhar com altruísmo e compaixão para o outro, mesmo quando este comete suas falhas?

A resposta é bem clara: das crenças.

Há quem diga que crenças e pensamentos são a mesma coisa. Uma percepção equivocada que fortalece essa dificuldade justamente porque temos muitos pensamentos durante o dia. De acordo com essa percepção equivocada, o ato de perdoar seria impossível pelo único motivo de não podermos evitar os pensamentos que temos, dos quais muitos tendem a nos levar ao lado oposto da conciliação.

Se o problema-raiz das relações interpessoais fosse a qualidade dos pensamentos que temos, viveríamos sob a condição de esquizofrenia coletiva.

O problema-raiz é as crenças que existem em nós. Muitas delas formadas desde a infância e que, quase sempre, nos bloqueiam em decisões importantes.

Exemplo:

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Você conclui que precisa repensar sobre seus atos. Escuta alguém dizer que é preciso perdoar. Imediatamente, percebe que é muito difícil perdoar a quem lhe traiu, pois a decepção foi muito grande. Isso provoca vários pensamentos, como "Isso é muito difícil", "É fácil pra quem não está no meu lugar", "Não tem como perdoar", e por aí vai...

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Notório é que parece ser impossível evitar os pensamentos desse tipo, o que nos leva a crer que nossas atitudes sempre serão ríspidas a quem nos feriu algum dia.

Agora preste bem atenção.

Esses pensamentos não são o problema-raiz, mas as crenças que os desencadearam.

Esses pensamentos não pacificadores surgem porque crescemos acostumados a aceitar as seguintes crenças:

"Só pode me compreender quem já passou pelo mesmo problema que eu tenho";

A TRÍADE DE CRISTO - A verdade em apenas três olharesOnde histórias criam vida. Descubra agora