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Definitivamente o lugar que Naru indicou não faz parte de um roteiro de turismo. Era um pequeno espaço montado na varanda de uma casa à beira mar, localizada num enorme terreno cheio de árvores e flores, numa parte não urbanizada. No caminho comecei a ficar com medo de ser roubado e assassinado por aquele rei da beleza devido à falta de civilização à nossa volta. Assim que deixamos a pousada, Naru ligou para alguém informando que não precisava ir buscá-lo, pois já tinha conseguido uma carona. A conversa durou cerca de dois minutos e eu me senti um pouco babaca por estar servindo de motorista a um desconhecido apenas porque estava enfeitiçado pela sua beleza.
E talvez ele tenha percebido minha cara de insatisfação quando encerrou a ligação e resolveu dar explicações.
― Era o Shikamaru, um...amigo. Ele ficou de me buscar na pousada, já que eu não vim de carro, mas como eu não atendi suas ligações, ele pensou que eu já estava lá.
― Hm. ― Foi o máximo que consegui dizer.
― O lugar que vamos é bem reservado, mas a comida é deliciosa. Os donos são nativos da Tailândia, mas moram aqui há mais de dez anos, e o restaurante fica na varanda da casa deles.
Vire aqui... ― Ele apontou para esquerda. Era uma estradinha de cascalho cercada de papoulas, na qual o pneu do carro fazia um barulho nostálgico à medida que avançávamos. Passamos por um portão de ferro, que já estava aberto, e no terreno tinha alguns carros carrões estacionados. Três para ser mais exato!
― Agora é a hora que você me mata e rouba meu rim? ― brinquei quando puxei o freio de mão, mas no fundo eu temia que fosse verdade.
Ele riu alto, uma gargalhada contagiante quando projetou a cabeça para trás, levantando o joelho para contrair seu abdômen perfeito e eu fiquei segundos hipnotizado pelo seu pomo de Adão, que subia e descia enquanto ele se divertia com meu comentário.
― Não, eu juro! ― Ele olhou para mim, mas foi como se fosse a primeira vez, porque nossos olhos se prenderam, seu sorriso diminuiu uns centímetros e depois seus olhos desceram por todo meu corpo, me fazendo estremecer da cabeça aos pés.
― Não precisa ficar assustado, somos pessoas de bem. ― Ele apertou minha nuca antes de abrir a porta e descer do carro e, por Kami, sua mão era quente!
Naru foi andando na frente. Estava escuro, mas dava para ver as luzes acesas na frente da casa, assim como dava para ouvir as ondas do mar arrebentando na areia. Uma música indie rolava numa altura agradável e quando contornamos a casa e chegamos à varanda, Naru foi recebido de forma calorosa pelos seus amigos. Me senti um peixe fora d’água. Eram dois casais e um tal do Shikamaru , que me olhou de cima a baixo quando cheguei acompanhando o Naru. O sorriso nos seus lábios sumiu e talvez ele não esperasse a que a carona do seu crush ficasse para o jantar, e que fosse um homão da porra, diga-se de passagem!
Naru me apresentou ao primeiro casal. ― Ino , Sai, esse é o Sasuke, ele tá hospedado na pousada do Nagato!
A pousada é do Nagato? O recepcionista? Chocado!
― Oi... ― Estiquei a mão para ambos.
― Como vão? ― Aquela pousadinha do Nagato é mesmo uma graça! ― disse a Ino , uma mulher curvilínea, branca, cabelos loiros que passavam da cintura e um sorriso largo e simpático.
― É sim... ― Estava um pouco tímido, mas sabia que seria passageiro, pois gosto de estudar o terreno antes de me soltar, então sou sempre mais contido no primeiro contato.
O marido, Sai era branco, cabelos escuros como os meus e um sorriso tão simpático quanto da esposa.
― Sasuke, esses são o Chouji e Kiba. ― disse Naru me apresentando a dois rapazes muito diferentes um do outro, pois um era alto e gordo, o outro era baixo e magro. Eles me cumprimentaram de forma muito amigável e eu retribuí todo sorridente, tentando imaginar a dinâmica daquele casal, mas me recriminei imediatamente, pois essa minha mania é simplesmente terrível:
Imaginar como será determinado casal na cama. Já me perguntei se mais alguém tem essa mania, mas é tão desconcertante perguntar isso para alguém, que eu prefiro pensar que essa loucura é só minha. Depois de uma breve análise, cheguei à conclusão de que não era por causa do físico e nem da altura, mas Chouji e Kiba não tinham química alguma.
― Shikamaru, esse é o Sasuke, ele tá hospedado...
― Na pousada do Nagato. Eu ouvi você falando pra Ino .
― O homem me encarou, sem sorrir, claramente insatisfeito com minha presença.
― E aí?  ― Ele acenou com a cabeça.
― Tranquilo. ― respondi sem muito entusiasmo. Shikamaru  encarou Naru por segundos, Naru desviou o olhar e coçou a nuca, Gaara  passou por ele e esbarrou em seu ombro, Naru virou-se para ver as costas do amigo indo em direção à mesa onde os outros quatro já estavam sentados.
― Merda! ― Ele esbravejou.
― Parece que ele não gosta do Nagato. ― comentei para quebrar o clima. Naru riu, balançando a cabeça em negação.
― Garanto que o problema dele não é o Nagato. ― Ele apontou para mesa com a cabeça.
― Vamos?
― Esse problema não vai aumentar se eu for pra mesa com você? Ele deu de ombros.
― Foda-se!
Shikamaru  foi embora logo após o jantar, dizendo que tinha um compromisso, mas eu não sou idiota e percebi que seu compromisso se chamava dor de cotovelo, pois não foram poucas suas investidas em Naru, que sempre dava um jeito de dispensá-lo de forma educada e discreta.
Assim que Shikamaru  deixou o recinto, Naru se transformou em outra pessoa. Num momento ele era contido e comedido, e no outro extravagante e expansivo, e confesso que o segundo tipo me agradou bem mais que o primeiro.
Naru ria alto, falava bobagens, contava piadas e eu me senti envolvido pelo seu jeito de ser, naturalmente alegre e feliz. Era fácil estar ao lado dele, rir das coisas que ele dizia, sentir a energia que emanava da sua alma, e não foram poucas as vezes que eu me peguei olhando para ele e o admirando, e em todas as vezes ele percebeu.
As trocas de olhares foram o ponto alto na noite. Estávamos flertando, sem joguinhos de sedução, sem insinuações ou segundas intenções, era algo que fluía: a noite iria terminar na cama, de um ou de outro. E não me importaria nem um pouco em ser o passivo. Eu o queria!
― Seus amigos são realmente legais... ― falei com a voz já trôpega de tanta bebida.
Estávamos indo para o carro, já atrás da casa, onde os barulhos da música, pessoas e mar não eram tão altos quanto o som dos nossos passos no caminho de cascalho.
― E você ainda tem seus rins... Foi a minha vez de rir alto, pois já havia me esquecido da piada que tinha feito quando chegamos, mas ele não.
― E mais importante... ― Dei um passo à frente e me virei para ele, andando de costas.
― Eu tô vivo! ― Levantei os braços ao ar e meu chinelo prendeu numa raiz.
― Oh! ― Cambaleei para trás.
― Opa! ― Ele me agarrou pela cintura antes que eu caísse de bunda no chão e eu me segurei em seus bíceps, pois eram a única coisa a minha frente. Foi uma cena de filme: Ele curvado para frente, eu curvado para trás, seu braço em volta da minha cintura, minhas mãos em seus músculos, nossos olhos se prenderam... segundos sem ar... e o beijo foi inevitável.
O desejo de uma noite inteira de flerte sendo sanado pelo toque aveludado e quente da sua língua na minha, seus lábios sugando os meus, a troca perfeita de salivas, seu gosto invadindo meus sentidos, seus braços me pressionando contra seu corpo, meus dedos se fechando em seus cabelos macios, e quando dei por mim, minhas costas estavam sendo pressionadas numa árvore e ele estava esfregando seu pau duro no meu.
― Ah! ― Busquei ar quando seus lábios deixaram os meus à procura do meu pescoço. Sua mão boba foi parar no meu traseiro e a minha por baixo da sua camisa, tateando cada gominho do seu abdômen definido.
Foi quando tudo mudou... Seus dedos entrelaçaram-se nos meus e Naru levou minhas mãos para acima da cabeça. Nossos olhos se prenderam novamente, nossas respirações se misturaram, e meu coração falhou uma batida, no exato momento que Naruto quis se alojar ali.
Precipitado? Extremamente! Comecei a arfar descontroladamente, meu corpo à beira de um colapso, ansioso para sentir o seu sobre o meu, sob o meu, me dominando ou sendo dominado, não importava onde e como, eu só queria estar com ele, e nu.
― Me leva de volta pra pousada. ― Ele soltou meus dedos e me abraçou enquanto sua boca reivindicava meu beijo, muitos mais ardente e arrebatador que a primeira vez. Os gemidos vieram sem controle, pois meu pau já estava dolorido e eu completamente sem ar.
― Me solta, Naru, senão não vou conseguir dirigir.
― Puxei seu cabelo para trás, expondo seu pomo de Adão, que eu lambi seu pescoço até o queixo.
― Vamos! ― E rompeu abruptamente nosso enlace, andando em direção ao carro como quem está fugindo de alguém, mas era só pressa.

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