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Um ano depois e eu não estava apenas enfeitiçado por Naruto, eu estava completamente apaixonado por ele, amando aquele homem como eu nunca amei ninguém na vida.
Nosso relacionamento secreto amadureceu. Passamos a conhecer cada vez mais um do outro: gostos, gestos, silêncios...
Eu o admirava de todas as formas e sentia no meu íntimo que a recíproca era verdadeira. Mas eu queria mais... Mais que fodas quentes, que passar o fim de semana na pousada do Nagato, mais que jantares no meu apartamento ou no seu, mais que tardes, sentados no sofá maratonando séries, mais que o gestor da sua conta, mais que o amante do CEO.  
Eu queria dormir e acordar o seu lado pelo menos alguns dias da semana. Preparar seu café da manhã, perguntar se ainda tinha meu iogurte preferido na sua geladeira, ou dizer a ele que suas meias pretas estavam na primeira gaveta da minha cômoda.
Eu queria ir ao cinema e passear no shopping de mãos dadas, correr no parque nas manhãs ensolaradas, sair para almoçar num restaurante qualquer, e quando algum amigo em comum nos chamasse para sair, simplesmente responder:
“Vou falar com Naru”.
Profissionalmente, eu tinha Uzumaki Naruto para mim.
Pessoalmente? Naru não me pertencia de fato. E essa vidinha a dois era algo que parecia ser cada vez mais distante da nossa realidade.
Eu ainda era o gestor da sua conta na H&H, ele ainda era meu cliente, e segundo as normas da empresa, não podemos nos envolver amorosamente com nossos clientes, caso contrário, eu poderia ser demitido por justa causa. 
Não ter Naru publicamente como meu homem era algo que estava me matando aos poucos, e pior que isso era quando nos encontrávamos por acaso numa happy hour qualquer.
Nossos olhares se colidiam, meu coração disparava e eu apenas o cumprimentava com aperto de mão, sorrisos sem jeito e cada um ficava num canto do bar com seus amigos, e evitávamos ao máximo olhar um para o outro, coisa que era um martírio para mim, principalmente quando ele estava cercado de homens lindos.
E eu já o conhecia tão bem, que sabia exatamente quando ele estava tentando impressionar alguém ou não. Chegamos até a ter umas briguinhas bobas por causa disso, nada que abalasse nosso relacionamento, apenas quando, numa dessas vezes que nos encontramos por acaso, era justamente Shikamaru que lhe fazia companhia.
Quis fazer um escândalo? Quis! Mas não fiz, obviamente. Apenas fiquei até o fim, e quando os dois foram embora juntos, eu quis morrer. Naruto me mandou um milhão de mensagens avisando que não era nada demais, que estava apenas dando carona para um velho amigo, mas eu ignorei todas elas, pois cada mensagem que eu recebia, um nó se formava na minha garganta.
Foi a primeira e única vez que brigamos feio, e foi justamente nesse dia que eu coloquei as cartas na mesa.
Estávamos na sua luxuosa cobertura, deitados em sua cama, eu de costas e ele sobre meu peito, depois de termos feito as pazes, fodido feito loucos e a chuva do lado de fora deixava o ambiente preguiçoso e aconchegante, e a única coisa que eu queria era dormir ali e abraçado a ele, mas nosso relacionamento ainda não tinha evoluído para este nível, além disso, era meio da semana e no outro dia eu precisava ir cedo para a empresa.
― Queria dormir aqui... ― Alisava suas costas.
― Queria que você dormisse sempre aqui. ― Ele disse com a voz meio embargada de sono.
― Sabe, Naru... ― Eu o empurrei para que nos sentássemos, pois seria um passo importante no nosso relacionamento e eu queria estar cara a cara com ele.
― Eu andei pensando em conversar com o sr. Jiraya... falar a verdade pra ele, tenho certeza de que ele entenderia.
― Não, Sas. Não faça isso.
― Por que não? ― Coloquei a mão em seu rosto. ― Faz um ano que estamos juntos, nunca tivemos problemas na empresa, pelo contrário... E sr. Jiraya é um homem muito justo.
― Não é prudente, meu amor. ― Ele segurou minha mão e beijou a palma. ― Além do mais, estamos bem assim.
― Mas você acabou de dizer que queria que eu dormisse sempre aqui, com você. Ele deu uma risadinha e se levantou, ficando de costas para mim, deixando seu traseiro redondo, duro e perfeito disponível aos meus olhos.
― Não disse nesse sentido. ― Ele pegou sua cueca no chão e se vestiu.
― Não? ― Uma ruga se formou na minha testa ― Em que sentido então? Nunca tive a intenção de me mudar para seu apartamento, mas a forma como ele falou me deixou desapontado, e até magoado. Não era esse tipo de relacionamento que eu tinha em mente quando propus falar com sr. Jiraya, eu queria apenas parar de me esconder, mas pelo que pareceu, Naruto só me queria para foder, e suas eternas palavras de amor e carinho me pareceram, naquele momento, apenas... retóricas.
― Ah, Sas... ― Ele deu de ombros. ― Sei lá! Que você não precisaria ir embora, hoje.
― Hoje? ― Eu me levantei também. ― Você não quer que eu vá embora hoje, mas não se importa que eu vá amanhã... Sendo que era sobre isso que eu estava falando, Naruto. Sobre dormir aqui hoje, e essa história de dormir sempre aqui veio da sua boca. Ele franziu o cenho e colocou as mãos na cintura, sua postura de ficar na defensiva.
― Onde você quer chegar, Sasuke? Porque, sinceramente, eu não quero brigar de novo.
E lá estava ele mudando de assunto, revertendo o jogo para seu lado! Fiquei segundos mudo, sem saber o que dizer, seus olhos fixos nos meus, querendo me fuzilar, sendo que eu não tinha feito ou dito nada de errado. Mas era claro como o dia que, sobre tudo o que eu queria, ele não tinha interesse algum.
― Eu também não quero brigar, Naruto, só quero ir embora. ― Peguei minha cueca e calça no chão do quarto e comecei a me vestir. ― Na verdade eu nem deveria ter vindo. Saí do quarto a procura da minha camisa e sapatos que tinham ficado na sala de estar.
― Qual é, Sasuke? Vai ficar putinho agora? ― Ele veio atrás de mim. ― Estávamos bem dois minutos atrás... até essa história de dormir aqui vir à tona. ― Ele me segurou pelo braço, ainda no corredor e me virou para ele. ― Você pode dormir aqui quando quiser, e se você preferir, eu arrumo um lugar no meu guarda-roupas pra suas coisas.
― Eu não quero um lugar no seu guarda-roupas, Naruto! ― Me livrei da sua mão.
― Eu quero um lugar na sua vida. Eu quero ser mais que seu amante, será que você não entende? - Minha voz mais alterada que o normal.
― Desde quando isso virou um problema pra você? Caramba... Achei que estávamos vivendo bem dessa forma. Eu seguia para a sala e ele ia atrás de mim, e enquanto eu me vestia, a discussão continuava.
― Nós estamos, Naruto. Nós! Entende? Fodendo escondido e cada um dormindo na sua própria cama. Mas há tempos que eu venho me questionando sobre o que eu quero. E o que eu quero é poder entrar num barzinho, ver meu homem conversando com seu ex e poder me sentar ao seu lado sem fingir que não me importo.
― Ah! ― Ele soltou uma risada sarcástica que atingiu meu âmago. ― Então estamos de volta ao ponto: Ciúmes!
― Ciúmes? Você acha mesmo que tudo que eu disse tem a ver com ciúmes? ― Meu sangue ferveu, e eu parei bem na sua frente, disposto a dar um soco na sua cara, e logo um caroço travou minha garganta, meus olhos marejaram e pela primeira vez, eu chorei na sua frente.
― Por favor, Uzumaki! Não subestime meus sentimentos por você!  - Seus olhos cresceram, seus lábios se separaram e a expressão de espanto no rosto teria me desarmado se eu não tivesse tão magoado.
― Hei! ― Ele sussurrou e seus olhos brilharam. Mas eu não estava disposto a me reconciliar naquele momento. Naruto tinha suas prioridades e eu tinha as minhas que, naquele momento, era dormir na minha cama.
― Tchau, Uzumaki! Saí do seu apartamento e ele não veio atrás de mim.
Faz exatamente uma semana que não tenho notícias suas. O fim de semana chegou, foi embora e nem ao menos minhas mensagens ele visualizou, quiçá atender minhas ligações.
Eu me arrependia de tê-lo pressionado, pois sentia saudades sua a cada segundo do dia. Temia que ele se sentisse sufocado por mim e pelos meus sentimentos e pulasse fora, e esse sumiço fosse apenas o início do fim. Não sei dizer se isso me deixava triste, puto da vida ou aliviado.
Só sei dizer que não saber onde ele estava e com quem estava, estava acabando comigo. Na Uzumaki apenas me diziam que o senhor Uzumaki Naruto estava numa vigem de negócios, mas, como gestor da sua conta, eu tinha quase certeza que era mentira, afinal, faz um ano que eu conheço bem seus passos no mundo dos negócios, e fora dele também.
Vinha me dedicando mais que o normal ao trabalho, pois ocupar a mente me ajudava a não pensar demais, não imaginar que ele estava fugindo de mim ou que eu fiz a grande besteira de propor uma conversa com sr. Jiraya para falar sobre nós. Se fosse isso, eu não apenas tinha dado um tiro no pé, como no meu próprio coração.
Sim, pela primeira vez na vida, eu estava sofrendo por amor, e posso garantir, é a pior sensação do mundo, pois me sentia atropelado por uma carreta carregada de cimento, sendo que a carga caiu sobre mim, e eu estava atolado, sem conseguir respirar direito, sentindo meu peito pressionado pela avalanche de emoções cada vez que pensava nele, nos nossos melhores dias e no último dia que o vi.
Sentado na minha confortável cadeira, na minha sala de paredes de vidro, olhos vidrados no meu computador desde às sete horas da manhã, sentia minha vista ardendo e os pés formigando. Naruto
Naruto
Naruto
Meus pensamentos me traíam... Apoiei os cotovelos na mesa, a cabeça nas mãos, respirei fundo e fechei os olhos, buscando no meu íntimo calma e serenidade para lidar com aquela situação, e quando levantei a cabeça e abri os olhos, Tenten estava em pé, do outro lado do vidro, acenando para mim. Chamei-a com a mão e ela abriu um sorrio ao entrar na minha sala.
― Bom dia, garotão! ― Tenten é um ou dois anos mais velha que eu, então ela me chamar de garotão, muitas vezes, me soa estranho, mas eu gosto, pois me sinto mais próximo dela, como se fosse uma irmã.
― Bom dia, gata! Tá passeando? ― Fui tomar um cafezinho pra despertar e esticar as pernas. Acho que você devia fazer o mesmo. ― Sua feição demostrava preocupação.
― Tô atolado de coisas pra fazer. ― Não era de todo mentira, pois tempo para um cafezinho eu tinha de sobra, mas desocupar a mente estava sendo perigoso para minha sanidade mental, pois sabia que iria pensar nele, ligar para ele e ficar no vácuo mais uma vez sem notícias dele.
― Você vai enlouquecer assim, Sasuke! Faz quatro horas que você não desgruda os olhos dessa tela, seus olhos estão até vermelhos. Respirei fundo, resignado com sua preocupação comigo.
― Ok... ― Afastei minha cadeira e me levantei.
― Eu vou lá então... Tô precisando mesmo me esticar. Antes de saímos juntos da minha sala, Sakura entra feito um furacão, batendo a porta de vidro com tanta força que temi estilhaçar a parede todinha.
― O que é isso, mulher?
― Sasuke, o que tá acontecendo? ― Os olhos de Sakura vidrados nos meus.
―  Por que o CEO da Uzumaki está na sala de reuniões com Gaara  e sua equipe?
― Naru? ― Senti meu sangue congelar ao passo que meu coração disparou, e me dei conta da intimidade que era chamar Naruto de Naru frente do pessoal da empresa.
― Quer dizer, Naruto está aqui? Na H&H?
― Sim, e Gaara  está com ele.
― Puta merda! ― Tenten soltou sem nenhum controle, pois assim como eu, sabia o quanto esse encontro poderia ser perigoso para meus negócios. Meu olhar em direção à sala de reuniões, a um passo de correr até lá, e meu celular vibra dentro do bolso. Quando vejo o número, meu coração praticamente para de bater. É sr. Jiraya, e para estar me ligando no número pessoal, devia ser muito grave.
― SR. Jiraya? ― Virei-me de costas para as duas.
― Tudo bem? ― Venha na minha sala! Agora! ― Ele desligou. FOOOODEEEEU!

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