O presente e o passado

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Sona abriu os olhos e enxergou um teto de madeira com algumas teias de aranha nos cantos. Sem entender onde estava ou o que havia acontecido, ela tentou se levantar, porém seu corpo inteiro doía, então ela fechou novamente os olhos enquanto permanecia deitada o mais imóvel possível para esperar as dores diminuírem. Sua pele tocava um colchão macio e confortável, fazendo com que ela chegasse à conclusão de que já não estava na prisão.

Onde estava então? Como ela havia saído da arena? 

Como ela ainda estava viva?

"Alguma novidade?" Ela ouviu uma voz por trás da parede. Era a voz de uma mulher, uma voz firme, forte, talvez de uma lutadora, porém o tom era respeitoso e comedido. Sona permaneceu com os olhos fechados apurando sua audição para captar qualquer coisa que revelasse seu paradeiro.

"Não, ela permanece desacordada mesmo depois de todos rituais que fizemos. Não sei se ela virá a acordar algum dia..." Responde outra voz mais aguda e jovial, dessa vez o som parecia vir de dentro do quarto de Sona, logo ela concluiu que estavam conversando na porta do aposento.

"Vá tomar um café, tenho alguns minutos livres, preciso de um lugar silencioso para ler então posso ficar de olho nessa desconhecida por você." Disse a voz da mulher forte (pelo menos era como Sona imaginava).

"Tudo bem... As vezes isso parece uma grande perda de tempo, ela é só uma mulher abandonada numa praia, como pude achar que conseguiria salvá-la?" Comenta a outra voz, e Sona entreabre os olhos e percebe uma menina de no máximo catorze anos próxima à porta. Era uma jovem de cabelos loiros trançados até a cintura, com vestes simples, panos enrolados em seus pulsos como luvas, e um calçado de couro até a canela. 

"Salvar vidas não é perda de tempo. Por mais que estejamos diante de mais uma guerra, nunca se esqueça do espírito de Ionia."

Ionia? Então eu estou de volta à Ionia? 

Sona começou a tentar se lembrar de qualquer coisa entre seu desmaio na arena, na ilha dominada por Noxus, até sua chegada ali e alguns flashes surgiram em sua mente. Ela lembra de ser puxada por soldados, e consegue até sentir os dedos deles pressionando sua pele dos braços. Então a cena pula para uma praia e as ondas do mar a empurrando pela areia, a água saindo de seus pulmões, ela relembra o alívio e automaticamente respira fundo. Nada do que ela estava visualizando fazia sentido, porém seus pensamentos foram interrompidos pois havia movimentação no quarto.

Apurando a audição, Sona percebeu que alguém havia adentrado o quarto, fechado a porta, arrastado uma cadeira e sentado, e então o silêncio voltou a reinar. Sona não conseguiu conter sua curiosidade, abriu os olhos e se deparou com uma mulher de longos cabelos cinza azulado que lhe desciam até a cintura, olhos puxados e verdes, um corpete vermelho com listras pratas que descia feito um vestido, porém possuía fendas nas laterais para dar liberdade de movimento, e uma calça colada quase no mesmo tom do cabelo dela. Nos pés uma bota de couro com revestimento de metal, e Sona percebeu que ela se vestia como quem sempre estivesse pronta para batalhar. Sem que percebesse, seus olhares se cruzaram e a mulher não pareceu surpresa.

"Você é Noxiana?" Foi a primeira pergunta dela. Sona observou como a voz dela era poderosa e intimidadora, e balançou a cabeça negativamente.

A mulher fechou o livro que estava em sua mão, o colocando sobre uma mesinha que havia ao lado da janela, e levantando-se ela abriu o armário e tirou de lá o Etwahl de Sona um pouco danificado. Ela se aproximou da cama de Sona segurando o instrumento na vertical e sua voz voltou a intimidar Sona que se encolheu.

"Isso aqui estava com você quando te acharam. É seu?" 

Sona fez que sim com a cabeça.

"Você estava em Fae'lor?"

As Crônicas de Sangue e SomOnde histórias criam vida. Descubra agora