O convite inusitado

135 11 9
                                    

Quando viu os navios Noxianos aparecerem no horizonte, a mãe de Sona ficou branca como a neve, e foi preciso um copo de água com açúcar para acalmá-la. Etra acariciava os cabelos loiros com alguns fios brancos de Lestara, e Sona lhe segurava a mão. Ela respirava fundo e seus olhos iam de um lugar para o outro rapidamente enquanto falava:

"Será que estamos cometendo um erro muito grande estando aqui? Barret morreu para nos deixar seguras em Demacia, eu estou traindo-o estando aqui?" 

"Dona Lestara, o que a senhora ta dizendo, a gente veio por uma razão! Não precisa se preocupar, estamos seguras por enquanto!" Consolou Etra sem nenhuma convicção.

"Não estamos seguras, há mais noxianos chegando, eles definitivamente irão investir contra Ionia novamente. Precisamos sair daqui!" 

"Ir embora com a chegada deles é muito suspeito, mãe." Gesticulou Sona. Lestara acariciou o rosto da filha.

"Você nasceu para ser extraordinária, vi isso desde o dia que te busquei no orfanato. Sua música tem o poder de acalmar as criaturas mais tenebrosas desse mundo. Só queria te dar as respostas de sua origem, para que ao entender sua história você dominasse sua própria magia como ninguém. Mas temo não poder manter você mais a salvo como fiz todos esses anos."

Sona conteve as lágrimas que brotaram diante das palavras de Lestara e balançou a cabeça negativamente apertando a mão que sua mãe passara em seu rosto.

"O que a senhora está dizendo, não faz sentido essa reação exagerada, fica calma, a gente tem que pensar em como vamos continuar nossas buscas, ou você pretende só ir embora?" Indaga Etra. A mãe de Sona respira fundo e pisca algumas vezes antes de responder.

"Precisamos ir embora antes que a guerra estoure. Isso pode ser amanhã ou daqui alguns meses. É batalha anunciada, precisamos sair da zona de guerra."

"Mas ainda temos muito que desbravar, e a origem da minha vida pode se perder na destruição deixada pela guerra." Disse Sona gesticulando em sua língua de sinais. "Mãe, eu sei que viemos de muito longe e estamos correndo grande risco, mas eu preciso dessas informações, e temo não ter outra oportunidade nessa vida de buscar isso."

Lestara permaneceu em silêncio após ver os gestos de Sona. Elas ficaram em silêncio por um tempo, porém batidas na porta chamaram atenção das três demacianas. Elas se entreolharam, e Etra se levantou para atender. Era um garotinho com um papelzinho nas mãos. Etra pegou o bilhete e o rapazinho correu escada abaixo. Sem entender, ela fechou a porta e abriu o papel. 

"Acho que era uma mensagem para você Sona." Disse Etra com um sorrisinho nos lábios. Sona olhou para a amiga com a testa franzida e ela virou o papel para que pudessem ver. 

Rua dos Lírios, 26. Sett

"Não entendi, é um endereço." Comentou Lestara ainda preocupada. Sona olhou para o chão um pouco desesperada de expor esse tipo de situação para sua mãe. Etra sorriu.

"É o endereço do crush da Sona, a senhora não sabia? Ela anda trocando olhares com um vastaya muito lindão." Brincou Etra dando um chutinho de leve na perna de Sona, que devolve com um chute mais forte fazendo a amiga rir.

"Vastaya?" Repete Lestara franzindo a testa. "Em Ionia?"

"Não estamos em Ionia, aqui é império de Noxus. E sim, ele é meio vastaya." Corrigiu Etra observando as expressões de Lestara tentando entender o que ela poderia estar pensando.

"Você vai até lá?" Indagou Lestara. 

Sona arregalou os olhos e sorriu de nervoso, balançando a mão num gesto rápido de "Tanto faz" que também podia significar "Mudem de assunto". Etra cerrou os olhos e colocou o bilhete na mão de Sona e saiu para seu quarto. Lestara se levantou do sofá e foi para a janela, colocando a mão na boca enquanto observava os navios atracarem no porto. Sona, por sua vez, ficou sentada no sofá olhando para o papel em sua mão pensando no que iria fazer.

As Crônicas de Sangue e SomOnde histórias criam vida. Descubra agora