1.5

320 33 11
                                    

Lili Reinhart

Em meu primeiro dia na faculdade o professor fez uma pergunta para todos da classe. Aquele mesmo professor que pega no pé de todo mundo. Ele nos perguntou por que escolhemos cursar psicologia, a resposta veio quase que instantaneamente, disse-lhe que:

Era um sonho, queria pode ajudar, ouvir e acolhe pessoas, desde os mais jovens até os mais velhos. Quero de alguma forma trazer esperança para aqueles que já não acreditam na vida. Quero poder fazer com que as pessoas entendam que não a nada de errado em serem como realmente são. Sejam gordos, magros, brancos, negros, gays, lésbicas, deficientes ou "normais". Quero poder mostrar que cada um é perfeito do seu jeitinho.

Mas como posso eu tratar desses casos, desses conflitos internos e externos da nossa sociedade quando diariamente travo uma luta contra mim mesma?

Principalmente contra meus próprios sentimentos. É fácil lidar com os problemas quando eles não são seus. É muito fácil. Sempre temos uma opinião ou uma solução óbvia. Mas quando se trata de nós mesmos, nos vemos em um beco sem saída, parece que nada e nem ninguém é capaz de resolver.

Estaria eu querendo camuflar minhas dores, tristezas, frustrações e cicatrizes do passando tentando curar as dores de outras pessoas?

Meus futuros pacientes?

Como posso encorajar alguém a encara seus medos quando eu tenho medo de encarar os meus?

Respirei fundo olhando o celular em minha mãos, tinha a esperança de que ela me retornasse, mas isso não aconteceu.

Acho que agora é a hora de deixar de ser covarde e encarar meus medos de frente. Fui eu que causei isso, então sou eu que tenho de fazer alguma coisa.

Após alguns minutos liguei novamente. Camila atendeu na segunda chamada.

- Alô! – Não consegui falar uma só palavra. – Alô? – Ouvi um um suspiro. – Fala alguma coisa, estou ouvindo sua respiração. - Sua voz era calma, com um tom triste.

- Me perdoa. – Falei baixinho. De tanta coisa para ser dita, talvez essa tenha sido a melhor. – Me perdoa, minha pequena? – Não lhe dei tempo para responder e continuei. – Perdão por estar sendo uma idiota com você, uma completa estúpida, você não merece isso, me perdoa. Nada do que disse era verdade, você não é só a irmã do meu ex namorado, você é mais do que isso, muito mais, você... Você é muito especial e importante para mim. Me perdoa. É tudo tão complicado, mas a última coisa que eu queria no mundo era magoar você, não tenho e nunca terei esse direito. Sei que deve estar brava comigo e com toda razão existente. Mas eu te peço perdão. – Falei tudo em um fôlego só.

Quando acabei fiquei em silêncio esperando alguma resposta da parte dela, nem que seja um xingamento ou que grite comigo e coloque para fora tudo o que está sentindo, eu mereço isso e muito mais.

Mas ao invés disso a ouvir chorar baixinho e abafado do outro lado, meu coração se comprimiu com a voz trêmula que me respondeu.

- Eu perdoou!

- Perdoa? Mesmo?

- Sim, eu perdoou. – Um soluço. – Contanto que você me perdoe também. - Franzi a sobrancelha, perdoar o que? Fui eu que errei.

- Primeiro, não chora, por favor. – Um fungado, como se tivesse tentando se controlar. – Segundo, não tenho nada para perdoar, você não fez nada, eu que fui uma completa idiota.

- Claro que fiz. Quis invadir o seu espaço, quis fazer você me falar sobre sua intimidade, e fiquei com ciúmes da sua amiga. Por ela fazer mais parte da sua vida do que eu. – Confesso que fiquei um pouco feliz em saber que ela sente ciúmes, mas esse não é o momento.

A irmã do meu namoradoOnde histórias criam vida. Descubra agora