Capítulo 25

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Atlanta, Estados Unidos - 22 de dezembro de 2017

     Encontraram-se novamente num restaurante no centro, Michelle e Takashi o faziam com frequência, Isis, porém, não tinha a mesma sorte. Nicole andava inquieta por razões desconhecidas e Isis não podia fazer nada para ajudá-la, ultimamente sua patroa vinha preferindo guardar os problemas para si e, como uma boa assistente, Isis prefere dar o espaço que ela necessita no momento. Provavelmente anda assim por conta da proximidade do tão esperado evento de sua vida.

     Takashi está mais falante, parece mais animado e troca olhares com Isis de vez em quando, ela sabe muito bem qual a causa desse sorriso bobo que aparece em seu rosto a cada cinco segundos e segura-se para não rir, Michelle não deve saber de muitos detalhes, isso se souber de alguma coisa relacionada ao namoro de Takashi Achikita.

     "Acredita que encontrei Madelyn um dia desses?" ela pergunta, levando à boca uma garfada de salada caesar "Ela parece bem diferente de quando estávamos no colegial. Parou de esconder as sardas com maquiagem e deixou o cabelo crescer, acho que até ela cresceu alguns centímetros. Já tava na hora também, né. Ninguém merece ter 27 anos e 1,40m de altura"

     "Vocês perderam o contato? Estavam tão próximas no final do ensino médio" Isis indaga enquanto checa o celular, Nicole pode chamá-la a qualquer momento e Aaron deixou isso bem claro quando ela saiu para o seu horário de almoço.

     "Nos afastamos com o tempo, não haviam motivos para continuarmos sendo amigas"

     Takashi e Isis se entreolham, nunca ouviram Michelle soar daquela forma, chegava a parecer... cruel?

     "Éramos amigas de shopping, só saíamos para comprar, gastar, vestir e essas coisas. Vocês nunca tiveram esse tipo de amizade?" o silêncio de ambos já é uma resposta aceitável para Michelle, que apenas voltou ao seu almoço.

     A movimentação do restaurante não era tão acentuada quanto à do shopping que foram da última vez, ainda assim ela observava as pessoas em volta. Por algum motivo, é uma mania que tem desde sempre, quando não tem muito o que fazer a não ser ficar parada. Uma criança acaba de derrubar o seu sorvete ao lado do caixa e a frustração em seu rosto é notória. Um pingo de compaixão perpassa os pensamentos de Isis ao ver que seus pais já haviam pagado a conta e estavam indo embora. 

     O clima está agradável, aproximadamente 42,8°F (6°C), porém sua roupa (uniforme, melhor dizendo) não era espessa o suficiente para conseguir conter o frio e ela preferiria não ter esquecido o casaco no trabalho. Falando em trabalho, preciso começar a procurar um novo, estou garantida até março, mas depois disso o meu contrato com Aaron está desfeito. Isis não pode dizer com firmeza que aguentaria Leblanc por mais alguns meses porque não sabe como sua relação com ela estará até lá, digamos que sua patroa é um pouco... instável, quando se trata de relacionamentos. Mas espero muito que tenha alguma oferta interessante pronta para cair do céu assim que eu sair de lá.

     Os aquecedores rangem de um jeito estranhamente confortável, preenchendo o ambiente com um som quase que musical quando acompanhado do barulho de pratos, copos e talheres tilintando uns nos outros assim que os garçons servem e recolhem as mesas em volta. É de longe o restaurante mais iluminado que já foi, embora o dia não esteja tão escuro quando comparado às últimas semanas. As luminárias pendentes por todo o lugar tinham a cor de um amarelo vivaz e ao mesmo tempo suave. Uma moça de cabelo curto estilo chanel adentrou as portas devagar, seus trajes pretos dos pés à cabeça. Botas, calças, blusa e um casaco com gola de lã em tricô. Era admirável que aquilo era suficiente para que suportasse o frio. O dia podia não estar tão frio assim, mas Isis era uma pessoa com... lipídios insuficientes, por assim dizer. 

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