Joy sentia como se estivesse fazendo parte de um filme juvenil. Sentia suas pernas tremer a cada passo dado em direção à saída do aeroporto de Guarulhos, pois sabia que tinha deixado uma parte de sua identidade na Coreia. Não era nada fácil para ela. Em poucos minutos, mudaria tudo o que já havia vivenciado. O sol já estava a pino e fazia sua pele arder. Havia esquecido que num único dia era possível viver as quatro estações do ano.
Estar de volta ao seu país chegava a ser uma nova experiência para Joy. Tinha medo de não se adaptar novamente, mas estava disposta a tentar ao máximo. O olhar que tinha sobre o Brasil havia mudado completamente. Como é que ela poderia se sentir em casa? Já não era como antes. O leve apertar de Kiara em sua mão foi o que a trouxe de volta à realidade.
— Tudo bem? — perguntou a garota, preocupada.
— Está. — Joy suspirou. — Nunca pensei que voltaria cedo para cá. Não desse jeito pelo menos.
— Vou te ajudar a se dar bem por aqui. Não vai ser fácil, mas posso tentar.
— Vou precisar de toda ajuda possível.
Morar durante cinco anos longe a fez se esquecer de como São Paulo era barulhenta. Pegou o endereço que tinha anotado e fez sinal para um táxi. Era o necessário para chegar a um único lugar.
A cada esquina que o carro virava, mais as lembranças a invadiam. Ali já tinha sido o cenário de passeios com a sua família, de dias alegres, de sorrisos que eram para durar a eternidade. Aquela sempre foi a sua realidade, mas tinha medo de aceitar. Sempre ouvia as histórias de que a vida de sua mãe nunca tinha sido tão fácil, e por isso sempre teve o desejo de ser bem-sucedida e lhe dar o melhor. Quando surgiu a oportunidade de ir para a Coreia, não hesitou.
Pouco antes que o motorista estacionasse, Joy e Kiara já haviam notado a presença de sua tia no portão.
— Tia! — exclamou Joy ao descerem do táxi.
— Joy? Não esperava vê-la tão cedo. Pensei que fossem ficar mais tempo na Coreia.
Ela sorriu amarelo.
— Foi melhor voltar o quanto antes. Não tinha ninguém que impedisse o meu retorno — mentiu ela.
— Devem estar cansada e com fome.
— Agradeço por tudo, tia, mas quero que a Kiara descanse. Preciso ir ao cemitério... — Ela não conseguiu terminar a frase.
A mulher a abraçou com força. Sabia o quanto Joy lutava para não demonstrar tudo o que vinha sentindo perto de Kiara. Só que Joy se esquecia de si mesma, de ser humana em alguns momentos. Queria ter feito muito mais pela sua mãe enquanto ela era viva, mas já era tarde demais.
— Descansa primeiro, Joy — disse a senhora a envolvendo ainda mais no abraço. — Não vai ser bom irmos ao cemitério com você nesse estado. Temos tempo.
Kiara não precisava de formalidades. Já havia entrado na casa da tia, deixando sua mala encostada num canto da sala. Tirou os sapatos e deitou-se no sofá. Sabia se virar melhor do que a irmã.
— Eu ia ao mercado. Quer ir? — convidou a mulher.
Rapidamente Kiara se levantou do sofá, calçando os sapatos.
— Também quero.
Foi impossível conter o riso. Joy assentiu positivamente. Andavam sem pressa, pois queriam que Joy se reencontrasse naquele lugar. Kiara e a tia andavam com Joy ao meio, comentando como as coisas haviam mudado no bairro desde que tinha partido para a Coreia.
Quando chegaram ao mercado, a alegria que tomou conta de Kiara as fez rir. Joy queria ter aquela inocência e esquecer tudo com facilidade. Kiara conduzia o carrinho para a tia enquanto ela ia escolhendo os produtos. Um dos produtos que a sua tia havia pedido para que Joy pegasse ficava numa das prateleiras mais altas. Teve que pedir a um dos funcionários que passava por perto para pegá-lo. Assim que o pegou em mãos, reverenciou o rapaz. Ele não sabia como retribuir e só acenou de volta. Era novidade para aquelas pessoas verem uma brasileira agir como alguém de fora.
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Uma Namorada para TaeHyung (COMPLETO)
Ficção AdolescenteRumo à Coreia, Joy deixa o Brasil em busca de realizar o sonho de se tornar uma estrela mundial. Apesar de seus inúmeros talentos, a vida adulta cheia de responsabilidades faz com que ela busque por um emprego que pague suas contas, deixando seu son...