Acordo de amizade 2.
Ele era um ferrado.
Um completo idiota.
Vazio de qualquer sentimento bom.Mas em sua defesa, como alguém que nunca recebeu nada, identifica algo bom quando encontra?
Vejamos, não é como se ele nunca tivesse tido nenhum relacionamento antes, ele teve.
Relacionamentos que não duraram o suficiente para que ele pudesse desenvolver qualquer tipo de sentimento pela outra parte.Era difícil se ligar a outra pessoa, não gostava de intimidade.
Não queria conhecer ninguém.Tratava sua vida pessoal exatamente com a mesma destreza da profissional.
Com sigilo.
E tinha funcionado bem até o momento.Sabia controlar o desejo, sua carne nunca foi fraca.
Até agora.
Até o dia em que aquele desastre se atirou contra ele com um copo de água, não até desafia-lo, não até toca-la pela primeira vez.Ele tinha sido racional até o momento.
Tinha mantido seu cérebro no controle de suas emoções, no entanto, agora não funcionava mais.Ele estaria bem se fosse apenas atração e desejo o problema era que Any despertava mais nele.
E aquilo era assustador.Toda vez que ela estava por perto ele perdia o controle de suas ações e se irritava.
E no processo descontava nela.Ele não sabia lidar com sentimentos, como saberia?
Nunca sentiu, nunca sentiu nada!Sua vida era simples.
Trabalho!Agora sua vida era uma tremenda confusão.
Any!Não era exagero, algo tinha mudado nele.
Mas não iria arrastar ela sem ter certeza do que estava acontecendo com ele.Aquela mulher o estava elouquecendo, isso era óbvio, estava povoando os pensamentos dele inebriando seus sentidos e fazendo com que ele questionasse suas próprias ações.
Estava se tornando maleável!Mas ele era duro, rígido...
Insensível...
Estava sentindo demais para alguém sem sentimentos.Mexeu o uísque em seu copo, as pedras de gelo bateram umas nas outras se sentou diante da tv.
A tinha deixado em casa a mais de uma hora, e ainda conseguia sentir a presença dela.– Você está ficando maluco! - sussurrou para si mesmo.
O dia nasceu diante de seus olhos, sentado no sofá de sua sala ele encarava as janelas grandes de seu apartamento, não tinha pregado os olhos.
– "Amigos" - porque aquilo o estava incomodando afinal?
"Não vai conseguir ser amigo dela, seu idiota!"
Talvez devesse demiti-la...Poderia conseguir trabalho para ela em outro lugar.
Balançou a cabeça afastando a ideia.
Ela fazia muito bem o trabalho dela, na verdade estava surpreso pela eficiência que ela vinha demonstrando, apesar dos tropeços importunos, era a melhor assistente que já teve.
Ouviu a campainha, olhou o relógio.
7:00 horas da manhã.– Pepe!!! - se levantou colocando seu copo sobre a mesa.
Abriu a porta, prendeu a respiração.
O que ele estava fazendo ali?– Bom dia!
– Achei que estivesse em Londres...
– Não vai me deixar entrar?
Noah removeu seu corpo para o lado dando passagem para ele. - Você parece péssimo!– Obrigado, - cruzou o salão indo para cozinha. - veio verificar se eu não arruinei sua empresa?
Ele pareceu mais velho parado ali no meio de sua sala, apenas se assemelhando a imagem que tinha em sua cabeça.Quanto tempo fazia desde a última vez que o tinha visto?
Quanto tempo fazia desde que o chamará de pai pela última vez?– Sei que a empresa está bem! - ele caminhou até ele. - estive aqui ontem, mas não o encontrei.
– Eu estava fora da cidade.
– Alguém especial? - travou o maxilar.
– O que você quer? Porque está aqui?
– Bom, eu queria saber como estava... - Noah o fitou por alguns segundos, algo ruim começou a queimar sua garganta.
– Eu estou muito bem, como pode ver! - deixou a cozinha sob a vigia dele.
– Fico feliz... - cobriu os olhos na mão, uma dor começou a latejar em sua cabeça. - Eu queria te ver!
Ele riu ácido se virando para o pai. - Marco Urrea queria me ver... Isso é algo único!
O homem caminhou até ele, detendo-se perto o suficiente para que pudesse ver seus olhos.
Frios e distantes.Olhou pra baixo estudando o copo de uísque vazio sobre a mesa.
– Parece que teve uma noite difícil, talvez eu deva volta outra hora.
Noah soltou o ar, do que ele estava falando?
Voltar?Ele estava parado em sua casa, dizendo coisas sem sentido como querer vê-lo, fingindo se importar com ele, por qual motivo?
Qual era a razão daquilo tudo?– Fale o que quer!
– Eu já disse que...
– Não haja como se importasse! - suspirou - nós dois sabemos que não é verdade. Se veio pela empresa...
– Eu já disse que não vim pela empresa, sei que ela vai bem, estive com os Atakan ontem, Zoe me deixou a par de tudo.
– Ótimo! Então...
– Por falar em Zoe, - desviou - como anda o relacionamento de vocês?
– Que relacionamento? Não existe relacionamento...
– Sempre achei vocês dois muito apropriados um para o outro.
– Sua opinião sobre minha vida pessoal não me importa. - porque não o mandava embora como ele tinha feito por mais uma dezena de vezes?
O homem se calou, pareceu buscar palavras por um momento tentando encontrar em sua mente a melhor forma de dizer algo.
Noah não era mais um menino, não tinha mais expectativas a respeito dele, o que ele estava esperando?– Noah eu... - olhou fundo em seus olhos, sentiu uma onda de revolta dentro dele. Seus olhos se escureceram, o homem desviou seu olhar. - acho melhor eu ir.
Ele não protestou.
Não iria mais questionar aquela visita sem sentido.
Deixou ele partir.
Bateu a porta com força.
Seu dia tinha acabado de começar e já estava muito ruim.
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Acaso Perene - Adaptação Noany
RomanceAny Gabrielly tem 26 anos, três boas amigas e um histórico trabalhista desastroso. Depois de diversas tentativas frustadas em empregos mal pagos, e da sua última experiência como garçonete, resolve que é a hora de mudar. Precisa de um emprego que aj...