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Os ponteiros do relógio analógico faziam ecos na cabeça de Taehyung.

Cada segundo que passava, era menos tempo para ele. Sua cabeça se negava a pensar com precisão, se negava a idealizar cenas boas com palavras perfeitas. Escrever um romance policial nunca havia sido tão difícil para ele como estava sendo agora.

O Sol ainda não havia chegado no país e isso o fez lembrar de um diálogo que teve há algum tempo atrás com Jeongguk.

Será que ele está bem?

Se perguntava quase sempre.

Depois que ele foi embora — deixando um Taehyung abestalhado para trás depois daquele simples beijo —, eles conversaram a semana inteira. Jeongguk ligou como prometido, contou sobre como era Busan e que até estava gostando de ficar com os tios.

Nas semanas seguintes, o contato foi ficando escasso. E Taehyung, entendeu.

Jeongguk tinha uma vida nova, amigos novos e uma rotina totalmente diferente da sua. Um certo dia, seu telefone tocou. Eram 3h da manhã, ele lembrava muito bem. A pessoa do outro lado, nada falou; podia apenas ouvir a respiração pesada e Taehyung sabia que era ele.

“— Jeongguk? — silêncio. — Aconteceu alguma coisa? — um fungado. Com certeza estava chorando. — Okay... Se não vai falar, vou desligar.”

No ano seguinte, recebeu uma carta.

Jeongguk contou sobre como estava sendo viver em outra cidade, contou sobre os novos amigos que tinha feito, sobre o lugar onde arranjou seu primeiro emprego, sobre como sentiu saudades de Taehyung. Mas em nenhum momento, ele falou sobre quando voltaria.

Taehyung não respondeu a carta e deixou daquele jeito. Não tentou ligar mais e muito menos procurar por ele nas redes sociais.

Nesse mesmo ano, Taehyung lançou seu primeiro livro. Foi sucesso entre os jovens adultos e isso lhe rendeu muito. Usava o pseudo nome de Vante, coisas que criou em sua mente fértil com seus gostos pessoais.

E também, porque não queria arriscar que seu pai e sua mãe soubessem sobre o romance gay que publicou. Era melhor evitar a dor de cabeça.

Ao passar dos dois anos como tinha sido prometido, Taehyung teve aquele leve quê de esperança em si. Primeiro de setembro passou, assim como outubro. Não tinha mais esperanças, ele não ia aparecer. Estava bem aonde quer que estivesse, com certeza já não lembrava mais de Taehyung e da promessa que havia feito.

Foi tolo por achar que um garoto de 18 anos fosse cumprir com o que tinha prometido.

— Espero que tenha dormido.

Não se assustou ao ouvir a voz de sua avó, era costumeiro ela chegar do nada sem fazer barulho algum.

— Dormi sim, só acordei cedo demais. — olhou para o relógio em seu pulso. 6h e 02min. — E a senhora?

— Preciso colher morangos pra fazer uma geleia.

— Tão cedo assim?

— A torta precisa estar pronta ainda hoje, querido. — Taehyung não entendeu, mas tampouco fez questão de saber o porquê. Apenas acenou com a cabeça e se levantou, deixando a caneta cair de seus dedos.

Precisava dar uma volta.

🌊

— Anda, Yoongi! Deixa de corpo mole.

Jimin tinha duas caixas nos braços enquanto seu pé tentava alcançar a panturrilha de Yoongi, o fazendo caminhar ao seu lado.

— Corpo mole?! Você é o quê? Um ciborgue? — ele parou, tentando equilibrar o peso das caixas. — Você vez mais esforço que eu essa noite e quem tá acabado sou eu?

Eternal [taekook]Onde histórias criam vida. Descubra agora