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Escrever.

Era a única coisa que deixava Taehyung satisfeito no momento.

Suas ideias, inspirações, a própria história. Basicamente, colocadas em um papel, todas elas. Eram rascunhos demais, pontos e vírgulas. Poucas exclamações mas muitas interrogações.

Estou fazendo certo? Era o que se perguntava todos os dias ao colocar um ponto final naqueles papéis.

— Taehyung, a vovó precisa da sua ajuda no restaurante.

Eram 18h quando Yoongi bateu na porta de seu quarto, vestido apenas de regata e calção. Pés brancos descalços no chão limpo de madeira antigo encerado.

— Cadê o Jimin?

— Foi pescar.

— E você não foi com ele? — olhou para o primo, confuso com a constatação. Eles estavam sempre juntos, eram como unha e carne, cu e calça.

Yoongi apenas deu de ombros, não querendo continuar com o assunto. Taehyung deixou de lado, se concentrando em sair de seu quarto e seguir até o restaurante de sua avó paterna, que ficava localizado na frente da casa em que moravam, ao lado dos alojamentos que ela alugava na alta temporada.

A família não era rica, mas tinham o suficiente para viver bem. E estavam felizes, o melhor.

Jeju estava em sua estação mais bela; a primavera. As flores eram perfeitas naquela época do ano e o clima ameno, nem frio e nem calor, aquele clima ambiente que qualquer cidadão gosta.

Taehyung gostava da ilha, se tornou seu lar com o passar dos anos. Quando era criança, tinha medo de visitar a avó, pois achava que o vulcão adormecido poderia entrar em erupção. Se lembrar disso, lhe tirava boas gargalhadas.

— Ele está lá — ouviu ela dizer ao saírem do restaurante. —, de novo.

Kim Mikyung tinha um olhar preocupado, e Taehyung não demorou a olhar para o mesmo lugar que ela.

Notou que mais ao longe, sentado em um banco no píer, estava um garoto. Só podia ver os cabelos negros voando com o vento. E se perguntou se ele não estava sentindo frio àquela hora da noite.

— Quem é?

— É o Jeongguk, lembra dele? — ela olhou para o neto, mexendo na bolsa de pano que levava consigo, tirando de lá uma sacola de papelão.

— Acho que não...

— Ele sempre vinha aqui com a irmã mais velha dele. — informou, como se aquilo fosse ajudar a cabeça avoada de Taehyung. Que na maioria das vezes, só estava ocupada em pensar em suas histórias. — Ela faleceu na semana passada.

E isso, de algum jeito, mexeu com Taehyung.

— Eram só os dois?

— Sim, a mãe deles morreu quando Jeongguk ainda era uma criança.

— E o pai?

— Os abandonou depois que Jeongguk nasceu... Sinto pena dele, um garoto tão novo passando por isso. — ela alcançou a sacola para Taehyung, pedindo mudamente para que ele fosse entregar ao garoto.

Quis relutar, estava com pressa para poder tomar um banho e se trancar em seu quarto. Mas, não o fez. Avisou a mais velha que estaria de volta em alguns minutos, ganhando um sorriso enrugado da mesma.

Caminhou em passos rápidos até o garoto, parando bem atrás do banco. Não queria o assustar, mas já tinha o feito sem nem perceber.

Jeongguk arregalou os olhos a medida que sentiu sua espinha gelar com aquela aproximação repentina. Não sabia quem era, pois se negou a olhar para trás.

Eternal [taekook]Onde histórias criam vida. Descubra agora