Capítulo 30

3.4K 338 124
                                    

A Juliette mentiu, oq será que vem ai?

Vamos acabar com esse mistério...
________________________________

Sarah piscou lentamente. Em quê, Juliette poderia ter mentido para ela? A garota não trajava o perfil de mentirosa, pelo contrário, sempre fora bem direta e sincera em relação aos seus pensamentos.

-Como assim mentiu? Ao que se refere? -Sarah perguntou com cautela, vendo o rosto da menor tomar uma coloração rosada.

-Sobre o carro e o celular. -Ela disse, fitando as próprias mãos por um momento. -Eu não fui roubada, eu os vendi.

-E por quê? -Sarah perguntou. A menor exalou o ar de seus pulmões e Sarah percebeu seu tom de voz baixar um decimal.

-Porque a dívida da minha mãe era muito alta e eu, bem, não tinha outra forma de pagar. -Confessou, coçando um dos olhos. O sono era evidente nela. -Fui expulsa da casa onde eu morava na Flórida porque atrasei o aluguel e passei a viver em meu carro, mas antes de eu sair chegou a notificação da morte de minha mãe e da dívida. -Sarah balançou a cabeça digerindo as novas informações.

-Posso, huh, te fazer um pergunta? -Sarah perguntou e Juliette assentiu. -Como conseguiu aqueles machucados?

-Pedindo carona. -Ela confessou baixinho, com a voz frágil e voltando a fitar suas mãos. -Um grupo de mulheres achou que eu era, você sabe, prostituta porque eu estava pedindo carona de noite na beira da estrada e com um vestido. -Sarah abriu a boca incrédula e sentiu seu sangue fervilhar ao imaginar alguém machucando Juliette. -Elas pararam e, o resto você sabe. -Disse enrubescendo mais. -Queimaram minha mala de roupas também, por isso eu só tinha um vestido. Agora tenho dois, Ker me deu o outro.

Que ódio, como podem ter machucado a minha pitica?

-Então veio para cá para pagar o hospital com o dinheiro do seu carro e celular?

-Sim, eu já não tinha nada lá mesmo. Tentei pedir carona para voltar, mas ninguém parou desta vez. -A garota disse, soltando um suspiro derrotado. -Então retirei algum dinheiro do que eu tinha guardado e estou limpando vidros. Pelo menos tenho o que comer.

-Onde dormiu? -Juliette realmente se sentia embaraçada com tal situação, pois cada vez corava mais.

-Na rua. -Sarah sentiu seu coração se comprimir ao ouvir aquilo tudo. -Eu tentei te contar aquele dia no restaurante, mas fiquei com vergonha ou medo de você me xingar por ter mentido. -A garota parecia tão derrotada e abatida que a qualquer momento desmoronaria, Sarah tinha certeza.

-Juro, eu jamais faria isso. -Sarah disse, tocando em suas mãos suavemente.

-Desculpe ter mentido. Eu geralmente não sou a favor de mentiras, mas eu tentei dizer a verdade e acabei apanhando e... -Sarah puxou Juliette para seus braços quando viu que a menina havia começado a chorar. Ela não se importou em colocar Juliette em seu colo, mesmo tendo algumas poucas pessoas olhando para elas.

-Não chora, por favor... -Sarah pediu baixinho, acariciando as costas da menor. 

-Eu estou tão cansada disso tudo. -A menor disse entre o choro, afundando seu rosto no pescoço de Sarah; seu choro aumentou a intensidade, no entanto, ainda era baixo; Juliette não gostava de chamar a atenção.

-Você deveria ter me dito isso antes, Juli. Eu jamais teria te deixado só, eu esperaria sem problema algum você efetuar o pagamento e depois a gente daria um jeito.

-Desculpe. -Juliette lamuriou novamente; pequenos soluços escapavam por entre seus lábios; ela não queria chorar, mas foi inevitável.

-Não se desculpe, tudo bem? -Sarah perguntou e Juliette assentiu. -Vai ficar tudo bem agora. Entendido? -Juliette desencostou-se do ombro de Sarah e assentiu, levando uma mão ao rosto para enxugar as lágrimas.

[...]

Após acalmar a menor, a comida finalmente chegou e elas comeram quietas, Juliette se sentou em seu lugar e vez ou outra Sarah contava algo para descontrair, fazendo Juliette rir.

-E Kerline decidiu ficar lá. Iria transar, com certeza. -Sarah disse revirando os olhos, fazendo Juliette rir novamente.

-Não acredito! 

-Sim, acredite. Não sei como fizeram, o homem parecia ter um braço entre as pernas. -Outra gargalhada não tão alta de Juliette ecoou no lugar, fazendo Sarah sentir seu estômago se revolver em êxtase ao ouvir tal som.

-Andou reparando na bagagem dele, hm? -Juliette perguntou sugestivamente, fazendo Sarah revirar os olhos.

-Era como se ele tivesse três pernas. -Sarah disse horrorizada. -Eu não tinha reparado até o meninão dele começar a ganhar vida própria. -Disse fazendo uma careta.

-Acabamos de almoçar, não fale coisas nojentas na mesa. -Juliette brincou e Sarah riu, respirando fundo e se levantando.

-Vamos?

-Vamos. -Juliette disse tristemente.

-As meninas não vão acreditar quando te verem. -Sarah disse, deixando o dinheiro sobre a mesa. Juliette lhe olhou confusa.

-Como assim? Elas virão para cá? -Juliette perguntou confusa.

-Não, Juliette. Você vai para lá comigo. -Sarah disse, vendo as orbes castanhas se arregalaram surpresa. -Você realmente acha que eu te deixaria aqui sozinha?

-Sarah, eu não tenho como retribuir. -Juliette avisou sinceramente. -O único dinheiro que tenho eu estou ganhando limpando os vidros. -Sarah sorriu de forma terna e esticou a mão para Juliette, que segurou um pouco relutante.

-Eu só quero que nunca mais chore daquele jeito, morena. Se você estiver feliz e segura já estará me retribuindo. -Sarah disse e Juliette se levantou também, se jogando nos braços de Sarah e a abraçando fortemente.

-Você é o melhor ser humano deste mundo. Obrigada, Sarará. -A menor disse, se arrepiando ao sentir Sarah lhe dar um beijo na curva de seu pescoço.

-Agora vamos. -Sarah disse, se afastando do pequeno corpo e recolocando o chapéu em sua cabeça, já Juliette pegou suas próprias coisas.

E de dedos entrelaçados, saíram do estabelecimento. Juliette sorriu sem Sarah ver, pois era a primeira vez em dois dias que sentia seu estômago completamente cheio, mas também sorriu por ter voltado a ver Sarah. Ela jamais imaginou que aquilo poderia acontecer, afinal ela era uma azarada de mão cheia e em sua vida só costumava acontecer coisas ruins.

Seu coração se acelerou quando sentiu Sarah acariciar com o polegar sua mão. A maior realmente se importava com ela, Juliette podia sentir. Não era dó, não era pena, era afeto. Puro e verdadeiro.

E muito bem retribuído.

______________________

Olha quem voltou...

Desculpa a demora pra atualizar, tô com alguns probleminhas por aqui, talvez eu volte amanhã.

Só falta 10 capítulos pra o final da fic

Destino Incerto | SarietteOnde histórias criam vida. Descubra agora