Capítulo 39

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E vamos de penúltimo capítulo...
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-Preparadas? -Sarah perguntou animada. Seu caminhão finalmente estava concertado. Ah! Como ela adorava dirigir; sentir que poderia ir para qualquer lugar que quisesse com seu caminhão; sentir o vento esvoaçar seus cabelos enquanto ela batucava seus dedos no volante em total silêncio...

Bem, algumas mudanças aconteceram no último mês, fato este que fez Sarah franzir o cenho, já não desejava tanto o silêncio assim. Em seu mais profundo interior havia se acostumado com as vozes falantes de suas irmãs enquanto discutiam quem ficava com o salgadinho; havia se apaixonado pela risada de Juliette enquanto lhe contava algo bobo e a abraçava; havia voltado a apreciar o som da rádio quando o silêncio das garotas se fazia presente e, inclusive, havia se encantado pelo ronronar de Lua enquanto ela a acariciava.

Por falar em Lua, a gata havia passado mais tempo fora, brincando com seu novo amigo, do que na casa aonde haviam ficado.

-Sim. -Juliette respondeu, circulando seus braços ao redor de Sarah e enchendo seu rosto de beijos.

-Falta a Ker, mas já vamos entrando porque ela ainda vai demorar alguns minutos. -Carla disse, sabendo que Kerline poderia estar transando pela última vez dentro dos próximos dez dias pelo menos.

-Lua, vem! -Juliette chamou, vendo a gata se esfregar no gato cinza escuro que tanto havia passado os últimos dias antes de correr em direção de sua dona.

-Até Lua achou um gato para fazer saliências. -Carla disse rindo, vendo Juliette lhe olhar seriamente. -Definitivamente esta foi a melhor viagem. Ano que vem a gente precisa mesmo repetir.

-Lua não faz essas coisas. -Juliette disse com veemência.

-Eu hein! Até parece que não. Passou todos esses dias vendo vocês naquela boléia e acha mesmo que ela...

-Carla! -Sarah disse secamente, vendo que Juliette estava realmente ficando irritada. A loira riu e assentiu, entrando no caminhão seguida de Thaís.

-Vizinhas! -Foi o suficiente para Juliette revirar os olhos tão descaradamente que Sarah quase achou que seus olhos jamais voltariam ao normal. -Que bom que ainda não foram.

-Oi, Roberta. -Sarah disse educadamente, sentindo Juliette se encaixar entre seus braços.

-Fiz um bolo delicioso de laranja para vocês comerem na viagem. Se um dia voltarem para cá não hesitem em me chamar. -Ela usava o plural, mas seus olhos não saíam de Sarah. Suas mãos se estenderam com o bolo e Juliette sorriu.

-Sarah odeia bolo de laranja, mas obrigada. -Juliette disse, vendo o sorriso da mulher vacilar.

-Não, July... Eu não... ouch! -Sentiu um beliscão em suas costas e gemeu baixo de dor. -Odeio demais bolo de laranja, mas agradeço. -Sarah disse pegando o bolo das mãos da mulher. -Minhas irmãs adoram.

-Sério? -A mulher disse decepcionada. -Se eu soubesse tinha preparado algum de seu agrado.

-Muito sério. Outro dia ela vomitou só de sentir o cheiro do bolo. -Juliette disse e Sarah assentiu, forçando um sorriso em seu rosto.

-Bem, bom proveito para as suas irmãs então. Boa viagem, garotas. -Ela disse, acenando um tchau com as mãos e saindo.

-Por que disse que eu odeio bolo de laranja? -Sarah perguntou confusa, se virando para sua namorada.

-Porque eu não ia dar o gostinho de ela saber que você tem vontade de comer qualquer coisa vinda dela. -Juliette disse séria.

-Você é sempre ciumenta assim? -Sarah perguntou rindo.

-Na verdade sou pouco ciumenta, mas ela te comeu com os olhos mesmo sabendo que você está comigo. Isso é uma tremenda falta de respeito. -Juliette disse e Sarah colocou o bolo no banco do caminhão, vendo Carla pegá-lo no momento seguinte.

-Não precisa ter ciúmes, tudo bem? -Sarah disse enlaçando seus braços ao redor da cintura de Juliette. -Eu gosto das coisas certinhas, sabe? Com você que eu dei uma pulada nas etapas...

-Não só nas etapas. -Juliette disse erguendo uma sobrancelha sugestivamente e Sarah lhe fitou seriamente. -Ok, prossiga. -Sarah assentiu e riu.

-Como eu dizia, com você que eu pulei etapas, mas sou aquela pessoa chata tradicional, sabe? Que acredita que primeiro vem o namoro, depois a intimidade, depois o casamento, filhos... -Disse, vendo Juliette sorrir ao ouvir aquilo. -Acredito em coisas duradouras e, bem, para durar preciso cuidar para não perder. -Suspirou, encostando sua testa na de Juliette. -Eu jamais te trairia, Juliette.

-Eu sei. -Juliette sussurrou. -Conheço você, mesmo em tão pouco tempo.

-Então por que o ciúmes?

-Não gosto de saber que te olham sentindo desejo. -Assumiu. -Eu sei que é inevitável porque você é absurdamente atraente, mas tem gente que sabe respeitar, sabe? Todos deveriam ser assim. Você está comigo, aquela bruxa não deveria... -Sarah gargalhou ao ouvir aquilo.

-Ai, que vontade de morder. -Sarah disse sorrindo entredentes. Juliette ficava incrivelmente fofa com ciúmes e Sarah não resistia.

-Morde... -A menor disse estendendo o pescoço para Sarah. O tom de inocente passou a ser carregado de malícia.

-Por que sempre faz tudo parecer pervertido e excitante? -Sarah perguntou rindo.

-Não podemos agora... -Sarah disse enquanto distribuía beijos pela pele do pescoço de sua namorada.

-Por que tudo que eu faço você acha que é porque eu quero sexo? -Juliette questionou.

-E não quer? -Sarah perguntou, arqueando uma sobrancelha e fitando as orbes castanhas.

-Quero, mas... -Juliette bufou e seus ombros caíram. -Preciso ser menos previsível. -Sarah gargalhou ao ouvir aquilo. Sua risada cessou ao ver Ker correndo em direção ao caminhão enquanto arrumava a alça de sua blusa.

-Cheguei, cheguei! Podemos ir. -Ela disse, entrando às pressas no caminhão.

Lua pulou atrás dela e Sarah deu um selinho em Juliette, apenas para dar a volta no caminhão e ligá-lo.

-Vamos para casa, garotas. -Sarah disse sorrindo, buzinando para Guilherme antes de dar partida no veículo.

E a viagem de volta aconteceu da mesma forma em que tudo começou: Na estrada.

Destino Incerto | SarietteOnde histórias criam vida. Descubra agora