Selene e Marylia seguiram todos, de uma boa distância, até uma tenda enorme e escura. Praticamente deitadas no chão, puseram-se a ouvir a conversa confidencial.
— Acho que sabem por que viemos — disse uma voz feminina e grave.
— Sim. Dois dragões. Vieram do leste, não de Yndermoor — informou Caden.
— Leste... Reino de Ofídis, certo? — Thalia parecia bem mais séria agora. Ela estalou a língua. — Criadores de serpentes.
— Sabia que havia algo de errado por dentro daquelas montanhas. — Foi a vez de Eden falar.
— E, pelo jeito que voavam, pareciam ter sido chamados — Kaleb disse, com um suspiro.
— E apenas dragões domesticados podem ser chamados — concluiu Caden. — Quem diria, hein? Além de criadores de serpentes, também são domadores de dragões.
— Isso é bom. Significa que Eridanus, Orion, que é nosso acampamento, Andrômeda e Circinus não são os únicos lugares onde a magia prospera — falou um rapaz pouco mais velho que Kaleb.
— Nunca pensei que fossem. — A voz do homem velho era tão cavernosa que assustava.
— Um momento — pediu Thalia. — No último conselho, havia quatro de vocês. Onde está o outro homem?
— Na conseguimos achá-lo em lugar nenhum — informou a mulher, com certa ansiedade na voz.
— Ele costuma faltar reuniões importantes? — perguntou Eden, respeitosamente.
— Não. É quase sempre ele quem reúne o Conselho.
Todos se entreolharam. Nesse momento, Marylia soube que deveria agir. Levantou-se e, logo em seguida, Selene também se ergueu, sobressaltada.
— Você não vai...
Já era tarde demais para impedi-la. Ela entrou na tenda como se fosse mais um membro do Conselho de Eridanus.
— Marylia?
— Pelo visto vocês precisam de uma ajuda.
— Quem é ela? — perguntou o jovem bruxo.
— Sou Marylia. Fui criada por Madres. Podem, por favor, me passar uma tigela com água? — Quando Kaleb foi pegar o recipiente, Selene entrou.
— Princesa! — exclamaram os bruxos, em uníssono, muito assustados.
— Acalmem-se, ela é nossa aliada — disse Caden.
— Uma aprendiz das Madres e a Princesa! Pelos deuses, quem mais irá aparecer? O Rei?
Todos esperaram em silêncio até Selene, em voz baixa, dizer:
— O Rei está morto.
Os bruxos ficaram silêncio e, apesar de estarem de capuz, todos podiam imaginar o choque em seus rostos.
— O importante agora é saber o que está havendo. Estou impressionada por não terem alguém aqui que leia as estrelas ou algo do tipo.
— Tínhamos — disse Thalia, sombria. — Ela morreu na Lua de Sangue.
— Eu sinto muito. — Marylia parou de mexer nas ervas e olhou para a garota, em respeito.
—Tudo bem.
Eden aproximou-se dela e passou um braço por seus ombros. Eles aguardaram em silêncio até o feitiço de Marylia revelar alguma coisa.
— Os dragões foram para o castelo. Céus, eu... Algo estranho está acontecendo.
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O Encanto da Lua
FantasySelene Delaney cresceu na terrível e poderosa família regente do Reino de Yndermoor, um dos membros da aliança formada pelo Império Kratoria. Herdeira de uma importante linhagem, ela deveria seguir os passos marcados por sangue e corrupção que havi...