Eden, Thalia, Selene e Caden esconderam-se assim que saíram da passagem secreta. Um choro sufocado de dor e silvos se espalhavam pelo ambiente. A voz de Laelia soava tão consternada e cheia de emoção que sua filha quase não a reconheceu.
– Meu filho, eu... sinto muito. Eu amo você. Achava que não, mas sei que amo. Não morra.
– Mamãe.
Telbeth gemeu e depois gritou, fazendo sua irmã se encolher. Ela se virou para os outros e disse:
–Eu preciso ir.
Caden tentou impedi-la, mas ela deslizou rapidamente para fora da proteção que as prateleiras ofereciam. Thalia e Eden se abraçaram, preocupadas.
Selene seguiu os sons. Primeiro, viu a chama fraca de uma vela quase completamente derretida; depois, um par de pernas quebradas e ensanguentadas. Ela parou quando viu os rostos manchados de lágrimas da mãe e do irmão.
– Mamãe.
Laelia ergueu o olhar com um soluço exasperado. Telbeth cuspiu sangue.
– Selene? O que houve com você?
A jovem ficou em silêncio, absorvendo a situação.
– Está toda suja e maltrapilha. – Ela baixou a cabeça e acariciou os fios negros de Telbeth. Não havia nenhuma coroa ali. A garota tentou reprimir o ciúmes e rejeição que sentiu e sua garganta amargou. – Foi seu pai, não foi? Não foi ele quem te raptou?
Selene quase respondeu "Mas meu pai está morto", porém lembrou-se das palavras de Marylia. Ninguém acreditava que ela era filha de Balken...
– Eu suspeitei – prosseguiu, tomando seu silêncio como uma confirmação. – Matar meu único filho e agir como herói, para tentar me conquistar e... conquistar você. Eu reconheci a coroa. Ela ficava no acampamento do clã da Meia-Noite, apenas um alto membro poderia ter acesso a ela...
Selene deixou-a prosseguir, hipnotizada pelo tanto de imaginação que havia numa mente desconfiada e paranoica.
–O que ele disse pra você? – perguntou, sôfrega.
– Muitas coisas. Mas... ele não me contou seu nome.
– Erebus. O nome dele é Erebus. E eu nunca devia ter voltado para ele.
– Vamos embora. Agora. – Selene sentiu uma raiva súbita aflorar no peito.
– Para onde? – perguntou, acarinhando a mão de Telbeth. Ele gemeu e tossiu.
– Vamos embora. E vamos agora. Sem ele.
– Como pode tratar seu irmão assim?
– Eu não o quero perto de mim. Ele é uma criatura fraca e horrível e eu estive tentando negar isso por muito tempo. Agora vejo como fui ingênua.
– Você está sendo fraca e horrível! Incapaz de perdoá-lo!
– Não! – esbravejou. – Como você consegue me desprezar e protegê-lo tanto? Eu... Não, mamãe, você tem um chance. Vir comigo e deixá-lo ou ficar com ele e... sofrer as consequências.
A mulher abraçou o filho com um olhar de dor. Logo depois, porém, sua compleição mudou e ela disse em voz baixa:
– Eu vou te dar uma coisa.
Ela tirou do pescoço o colar que sempre usava. Era opalescente e curvo como uma lua crescente.
– Há muito tempo, te tirei algo por que senti medo por você. Medo de verdade. Mas agora é a minha única esperança.
Selene tomou o colar de sua mão e o segurou diante dos olhos. Seus amigos saíram das sombras, ameaçadores e cautelosos. Laelia olhou-os assustada, mas o que realmente a aterrorizou foi a névoa escura saindo por detrás das prateleiras e o som de passos lentos e pesados ressoando no ambiente.
– O que você fez? Não, não, não. Você não seria capaz de me trair assim!
Vidros se estilhaçaram por toda a parte, revelando a fúria ensandecida de Laelia. A bruxa do clã conjurou uma fumaça sufocante que entrou pela garganta da rainha e a fez engasgar. No meio da confusão, Selene foi puxada para trás por Rukbat, que olhava desacreditado para o pingente em sua mão.
–Eu deveria ter te matado quando tive a chance! – rugiu Laelia para Erebus enquanto tossia e ofegava. Telbeth gemeu e começou a se arrastar para um canto, mas Tuban logo interceptou-o.
Eden e Thalia, em posição de defesa, estavam ao lado de Caden, que tinha uma camada de gelo cobrindo as mãos, esperando para ser conjurada. A mulher bruxa estava olhando raivosa para Laelia enquanto Erebus respirava de forma entrecortada e segurava seu flanco com força. O olhar do homem se alternava entre Selene e Laelia.
– Eu não acredito... – suspirou Rukbat, ainda admirando o colar. – Você. Você é a Abençoada Perdida...
– O que quer dizer com isso? Eu não sou coisa nenhuma...
– Vista o colar. Você poderá acabar com isso.
Selene sentiu o coração acelerar. Algo dentro dela queira desesperadamente negar aquela afirmação. Era o medo. Ela retrucou, trêmula:
– Eu não sou a Abençoada Perdida.
– Vista o colar.
E, então, apenas para provar que aquele velho estava errado, ela vestiu.
E descobriu que ele estava certo.
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Oi de novo! O que acharam do capítulo??
Deixe um comentário e um voto para que eu saiba a opinião de vocês!
Ah, e só mais uma coisinha...
Infelizmente (mas felizmente pra mim kkkk) o Encanto da Lua está chegando ao fim ;(
Então eu queria saber o que vocês acham dessas duas ideias: um romance YA entre duas garotas do ensino médio ou uma história de piratas (com romance entre mulheres tb!)
É isso, obrigada! e até a próxima ;)
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O Encanto da Lua
FantasySelene Delaney cresceu na terrível e poderosa família regente do Reino de Yndermoor, um dos membros da aliança formada pelo Império Kratoria. Herdeira de uma importante linhagem, ela deveria seguir os passos marcados por sangue e corrupção que havi...