Laelia sabia que Telbeth seria um péssimo governante. Sempre soube.
Agora, com a aproximação da coroação, sua preocupação aumentava. Não perderia todas as suas conquistas por causa de um filho imprestável. Não, ela tinha outros planos.
— A senhora mandou que me chamassem?— perguntou a filha, os olhos fixos nas mãos unidas.
— Sente-se— falou, indicando o divã de veludo escuro com um floreio.
Ela obedeceu e não ousou olhar ao redor para admirar o recinto opulento no qual a mãe vivia trancada. Os dedos dos seus pés contorciam-se dentro de seus sapatos enquanto ela lutava para esconder o nervosismo. Teria sido descoberta?
A mulher, que antes admirava de costas a pintura melodramática e horripilante dos Cavaleiros da Morte, virou-se para ir até a poltrona de ouro e veludo que sempre ocupava. Uma mesa baixa estava posta entre as duas, com xícaras de chá de hibisco e frutas cristalizadas.
— Tenho grandes planos para você, Selene— disse, deslizando as unhas longas e pontudas pelos ornamentos do assento. A jovem engoliu em seco, incapaz de fazer qualquer outra coisa.
Inclinando-se de forma lenta e calculada, ela pegou uma das xícaras e a elevou até a altura do queixo. Em seguida, roçou um dos dedos pela borda banhada a ouro em movimentos circulares. Um sorriso enigmático surgiu em seu rosto.
— Andei trocando cartas com algumas rainhas da Aliança, elas e suas famílias virão para o aniversário de Telbeth.— Suspirou.— Os herdeiros, é claro, também foram convidados, teremos um encontro com cada um deles posteriormente. Ou melhor, você terá.
Como não tinha outra opção, a jovem anuiu.
— Perfeito.— A mulher sorveu o chá de uma forma que deixou a filha desconfortável.— Pode ir agora.
Selene levantou-se, fez uma reverência e saiu, como se tivesse uma faca apontada para suas costas. Ela já sabia o que aconteceria e, vindo de sua mãe, com toda a certeza não era algo bom.
ཀ
Telbeth nem mesmo sabia da existência daquela parte do castelo.
Quando ele e seu pai saíram da sala em que estavam e passaram pelos corredores com guardas invisíveis e silenciosos, o rapaz se perguntou quantas outras passagens secretas existiam naquela construção.
Os dois caminharam por diversos níveis, atravessaram inúmeras portas, cada uma mais forte e resistente que a outra. Quanto mais desciam, mais rústica e antiga a construção ficava. E maior se tornava pulsação da chave em seu peito. Ou talvez fosse seu próprio coração apavorado.
Finalmente, depararam-se com enormes portas duplas de ferro revestido em bronze, guardadas por cinco homens armados até os dentes. A mão de Balken pousou pesadamente no ombro do filho, não um conforto ou consolação, uma ameaça.
— Abra.
Telbeth tirou o colar, as mãos tremiam de forma incontrolável, e enfiou a chave da fechadura. Com um clique metálico, destrancou-as, e com um empurrão pesado, abriu-as.
— Está na hora de conhecer o peso de uma coroa.
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— Kaleb, eu não estou tão cansado assim. Podemos voltar para o vilarejo hoje mesmo— disse, levantando um dos braços para proteger os olhos do sol matinal.
— Irmão, você mal consegue terminar uma frase sem bocejar. Dois dias sem dormir vão acabar com você.
— Mas você continua alerta como um gato...— murmurou. O outro revirou os olhos.
— Vamos, conheço uma pensão não muito longe.
Caden gemeu aborrecido, mas cedeu. Realmente se sentia esgotado devido à viagem que fizera na noite anterior, porém não gostava de dormir fora das proteções mágicas de Eridanus.
Ainda estava um pouco irritado com Kaleb por ter seguido a princesa. Ela tinha habilidades surpreendentes, e poderia tê-lo ferido se eles tivessem lutado. O que o incomodava ainda mais, porém, fora a sugestão que ele fizera mais cedo.
— Por que disse que a Delaney poderia servir de ajuda?
— Porque ela não me pareceu tão cruel assim.
— Ah, não?— ironizou.
— Não. Ela nem mesmo tem consciência dos ataques do Rei Balken, ficou abalada quando mencionei o incêndio.
— Fingidora covarde. Ela te enganou para fugir!
— Caden, você conhece muito bem minha sensibilidade. Se estou te dizendo que ela não sabia, é porque tenho certeza.
— Ha! Você pode ter certeza, já eu duvido muito. Ela me esfaqueou!— Ele apontou para a parte de baixo de seu queixo onde uma fina linha de sangue seco podia ser vista.
— Ah, por favor. A rasteira que deu nela fez mais estrago que isso aí.
Caden o olhou com raiva e, antes de sair batendo os pés, grunhiu:
— Odeio quando bisbilhota.
˚⁺˳✧༚*・゜゚・*:.。..。.:*・'*:.。. .。.:*・゜゚・*
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O Encanto da Lua
FantasySelene Delaney cresceu na terrível e poderosa família regente do Reino de Yndermoor, um dos membros da aliança formada pelo Império Kratoria. Herdeira de uma importante linhagem, ela deveria seguir os passos marcados por sangue e corrupção que havi...