Stalker

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Depois de deixar Nick na oficina - e esperar que o Bronco verde bebê estivesse nos conformes para que ele voltasse para casa sozinho - busquei minha mãe no escritório e voltamos juntas para La Push. Ela estava sorridente demais para o meu gosto e novamente eu tentei remontar mentalmente se eu havia feito algo de errado.

Tentei espantar esse pressentimento até chegar em casa, mas ela continuou com sua aura cheia de energia e risadinhas sem parar e me perseguiu até que eu entrei no meu quarto. Assim que abri a porta, veio o choque. O espaço que normalmente era amplo fora ocupado por um móvel grande e branco que eu nunca vira antes na vida. Olhei para os lados como se esperasse alguma câmera me filmando, quando na verdade deveria procurar a minha mãe que ainda não se aguentava de ansiedade para me ver reagindo à novidade:

- E então? O que achou? - ela apontou para a cama de casal recém colocada onde costumava ficar a minha cama antiga.

Fiquei muda por alguns segundos tentando encontrar as palavras certas. Não era o meu aniversário e certamente eu não fazia nada de especial por merecer aquele presente fora de época, então qual era a da encenação toda?

- É enorme! - eu ri ao constatar que caberiam várias de mim deitadas ali e que agora eu não teria como sair deslizando com a cadeira da minha escrivaninha pelo quarto. - Como você trouxe isso para cá?

- Combinei com a loja que faríamos a troca hoje à tarde enquanto você estivesse na escola - minha mãe juntava as mãos como se fosse um personagem de desenho animado contando o plano mirabolante. - Gostou? Achei que já tivesse passado da hora, afinal, você está gran... Adulta demais para a mesma cama desde criança.

Lhe disse que havia adorado, é claro. A cama nova era mais alta e confortável do que a outra jamais seria e já estava perfeitamente organizada. Eu realmente teria de fazer por merecer esse tipo de presente, porque ultimamente eu não era a filha mais presente e prestativa. Era um milagre que até minha mãe não soubesse do "ocorrido" no estacionamento e não chamasse aquilo de briga...

Fiquei admirando e sentindo o conforto da cama por um bom tempo, até que minha mãe percebeu que precisava sair para encontrar alguma pessoa. Imediatamente fiquei alerta e me perguntei se era algo relacionado ao conselho da reserva que Leah havia mencionado, mas não ousei verbalizar o meu questionamento. Quem sabe se mais tarde eu tivesse a chance de prestar atenção nas suas ligações, ou no dia seguinte pela manhã eu teria mais informações.

Peguei a minha mochila e retirei o conteúdo para fazer o dever de casa. Não era fácil escapar da monotonia. Minha mãe já havia saído, mas ouvi-a retornando pela casa e voltando até a porta do meu quarto:

- Você deixou isso no carro.

Virei de costas para vê-la e percebi que ela segurava um livro e um caderno que não me pertenciam, mas peguei-os mesmo assim. Ela saiu logo em seguida e eu voltei a ficar sozinha.

O livro era um exemplar recém comprado de uma livraria independente de Port Angeles, e eu sabia que era novo porque o recibo ainda estava lá dentro. Não precisei conferir dentro do caderno para saber que ambos eram de Nick, até porque a capa dele era toda rabiscada de letras e cifras de música. Sorri ao imaginar que ele poderia ter se desesperado ao perder um conteúdo tão precioso e estava prestes a enviar uma mensagem, quando todas as folhas soltas simplesmente despencaram aos meus pés. Coloquei o livro em cima da cama nova e me ajoelhei para recuperar todos aqueles papeis dobrados que se acumularam no chão.

Nick era obviamente desorganizado, então não era de se surpreender que folhas de fichário, recortes de revista e fotos estivessem soltas no caderno, mas o que eu vi chamou a minha atenção além do normal. Haviam duas fichas que pareciam ser os históricos escolares de alunos chamados Jasper e Rosalie Hale, ambos estudantes do ensino médio de Forks. Meu coração parou. Por que Nick tinha aquilo e como ele havia conseguido?

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