Seita

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Para minha mãe eu era uma pessoa completamente diferente desde o dia em que eu voltara da viagem de camping, mas eu decidira que o marco zero da minha mudança fora o sábado à noite em que Nick e eu fomos para o karaokê

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Para minha mãe eu era uma pessoa completamente diferente desde o dia em que eu voltara da viagem de camping, mas eu decidira que o marco zero da minha mudança fora o sábado à noite em que Nick e eu fomos para o karaokê. É claro, eu preferia ignorar o desencontro infortuno que acontecera no cinema para não estragar a memória impecável daquela noite. Definitivamente eu me transformara em uma nova pessoa desde o fatídico sábado em que eu me permitira sorrir, me expressar e ser eu mesma na frente do que parecia uma multidão de estranhos. Não havia mais volta.

Eu ainda tinha que encarar o meu mundo de frustrações na escola e em casa, mas naquela segunda-feira eu não me importei de mais uma vez passar pelos corredores com a música nos fones de ouvido tão alta que eu mal conseguia ouvir os meus pensamentos. Também não fez diferença que em todos os horários eu não tivesse com quem conversar nas aulas e nos intervalos entre elas. Quem sabe agora eu nem sequer notasse a falta que os meus antigos amigos faziam. Só faltava um ano e meio para acabar o ensino médio. Eu poderia me ocupar sendo uma excelente aluna e focando em entrar nas melhores faculdades do país, não é mesmo? Seria uma desculpa perfeitamente válida para a minha falta de socialização.

No intervalo do almoço eu me sentei de costas para todas as outras mesas que ocupavam o pequeno refeitório. Peguei o novo livro que substituiria Crime e Castigo e voltei a minha atenção para a história triste e nada complexa de O Sol É Para Todos enquanto ignorava os ruídos altos do lugar.

Mas é evidente que o dia não transcorreria normalmente sem um tropeço do destino.

- Esse lugar 'tá ocupado?

Olhei na direção da voz e me deparei com Leah me dando um meio sorriso que eu interpretei como irônico. Como se ela não estivesse vendo a mesa completamente vazia.

Ela não esperou a minha resposta; puxou a cadeira ao meu lado e pôs a mochila em cima da mesa. Aquele não era o seu horário de intervalo, então imaginei que qualquer que fosse o motivo que a fizera faltar uma aula para falar comigo deveria ser algo importante.

- Aconteceu alguma coisa? - perguntei largando o livro imediatamente.

Leah percorreu o refeitório com o olhar e ergueu as sobrancelhas sugestivamente. Eu comecei a me sentir um pouco burra por não entender qual era o propósito da cena toda.

- Você não percebeu nada de diferente? - ela me devolveu a pergunta e eu fiz que não. - Jacob não veio à aula hoje.

Ah.

- Tudo bem... - ignorei o peso que senti despencar no estômago, mas Leah foi mais ágil que a minha farsa.

- Não precisa fingir que não se importa com isso, Ray - ela sorriu daquele jeito novamente. - E com ele em especial. Eu não sou tonta.

- Ok, eu não sei do que você está falando - apressei a disfarçar o meu nervosismo evidente. Me debrucei sobre a mesa tentando falar com mais discrição. - Como é que você sabe que ele faltou?

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