† CAPÍTULO UM

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_ Por que está dando tudo errado? – Perguntou Bella consigo mesma enquanto andava pela rua, indignada por tudo o que tinha planejado para a manhã, ter ido por água abaixo.

Fernanda, a amiga que havia se aproximado há apenas alguns meses, havia pedido à ela que se encontrassem em frente ao shopping às 8 horas da manhã, porque precisava de ajuda para escolher a roupa que queria usar no seu aniversário de vinte anos de idade. Só que Fernanda era exagerada. Queria um vestido chique – o melhor que encontrasse –, mas para isso, queria também andar todo o centro comercial da pequena cidade.

Bella havia lhe dito que ficaria apenas até às dez horas, pois tinha um compromisso em sua igreja. Seu pai estava lhe obrigando a participar das atividades que os jovens estavam promovendo. Bem, ele não estava obrigando ela de fato, na verdade ela sentia que devia isso ao pai. Ele acreditava em Deus de todo o coração, e queria que ela também acreditasse. E, bom, se Deus existia mesmo, não olhava para ela, aparentemente. Nessas ocasiões, para fazer o pai feliz, fingia gostar de ser uma jovem que busca ao Senhor, o que a desgastava tremendamente.

Mas, Fernanda não apareceu. Ela nem ao menos deu uma explicação do porquê não foi. Não havia entrado em suas redes sociais desde às seis da manhã, e Bella a esperou até às nove e meia, ficando extremamente irritada por sua irresponsabilidade. Nunca mais saio para fazer compras com ela – prometeu a si mesma.

Chegou à igreja apenas uma hora depois – a avenida principal da cidade estava em reforma, um acidente havia acontecido no caminho alternativo que iria fazer, e para ajudar tudo isso, seu carro estava engatando apenas até a terceira marcha. Os jovens já haviam saído para a tal atividade, a qual ela nem se lembrava qual era.

Entrou na igreja e deu de cara com o ajudante do pastor, um homem de meia idade com os olhos azuis vivos, que apenas a cumprimentou e saiu do templo, e um outro jovem da igreja, a qual o nome não lhe ocorria.

_ Bella? – Chamou o jovem. Ela o olhou, e cruzou os braços à frente do corpo, irritada. Depois de todo o caos que teve que enfrentar para chegar à igreja, ainda não iria à tal atividade. Ótimo. – Está procurando seu pai?

_ Não, eu... eu vim para... o negócio com os jovens. – Ela disse, vendo o jovem loiro se aproximar dela. Ele tinha os cabelos loiros caindo na testa, meio arrumadinhos demais para o seu gosto, vestindo uma blusa social branca de mangas longas com uma calça jeans de lavagem escura. Viu-o franzir as sobrancelhas.

_ O evangelismo? – Ele perguntou. Ela resistiu ao impulso de perguntar “então era isso?”. Apenas assentiu. – Eles foram há meia hora.

_ Enfrentei alguns problemas para chegar aqui. – Reclamou ela, bufando.

_ Entendo. Hã... daqui a pouco eu vou com o Célio. Ele precisou resolver algumas coisas no gabinete do pastor e eu decidi esperá-lo. Quer vir?

_ Ah, não, eu não quero atrapalhar. – Ela deu um passo para trás.

_ Que isso, não atrapalharia em nada. Quanto mais pessoas melhor. – Ele sorriu.

_ Não, obrigada... – Lembrou-se de que não sabia o nome dele, então reformulou a frase. – Não, obrigada. – Ela deu mais passos para trás. – Preciso resolver... algumas coisas. – Gaguejou, Afastando-se mais.

_ Ah, ok, então. Se cuida. Te vejo à noite.

_ Claro. – Ela apertou os lábios, numa tentativa inútil de sorrir.

_ Hã... Bella. – Chamou, e ela se virou de volta para ele. – Você está bem?

_ Estou.

Ela saiu andando rápido, antes que ele decidisse perguntar alguma outra coisa. Foi até a parte de trás da igreja, o estacionamento, e andou até seu Uno preto. Abriu a porta com um puxão, e entrou dentro, com raiva de si mesma, da manhã, de tudo.

O Último SuspiroOnde histórias criam vida. Descubra agora