† CAPÍTULO DOIS

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Jônatas só conseguiu levantar após alguns minutos. O seu corpo parecia ter perdido todo o oxigênio naquela tosse.

Bella o ajudou a se levantar, e parecia outra pessoa. Pelo menos ela não estava sendo grosseira e nem estava vermelha por causa dos seus sentimentos – mas estava por causa da tosse, então ele ficou dividido.

_ Obrigado, Bella.

_ Será que a bibliotecária não está? – Ela ignorou o agradecimento, o que o fez franzir as sobrancelhas. Jônatas não sabia o que havia de errado com aquela moça, mas gostaria de entender.

_ Não a vi até agora. – Ele respondeu.

Bella o soltou, e foi andando em direção à porta do lugar novamente. Ele não havia ouvido carro, e nem ao menos via alguma pessoa passando em frente à biblioteca. Talvez fosse o horário comercial. Como estavam em Julho, não haviam aulas, então também não haviam alunos na Biblioteca – mas duvidou desse pensamento, já que a tecnologia predominava.

Seguiu Bella, e a viu perto do balcão amadeirado. Ela erguia-se um pouco e inclinava-se para a frente, apoiando a barriga sobre o móvel, tentando ver algo atrás dele, sem sucesso. Ao se aproximar mais, percebeu que não tinha dado atenção ao fato dela ser mais baixa que ele.

Ele se pôs ao lado dela e ia tentar deixar o clima mais leve com uma piada sobre sua altura, mas o que viu no chão atrás do balcão o fez arregalar os olhos e perder a fala.

Bella se virou para ele, e ergueu uma sobrancelha ao ver a sua expressão.

_ O que foi, Jônatas?

Ele sentiu um arrepio percorrer o seu corpo, mas conseguiu se mexer, contornando a forma arredondada do balcão. Ele andou até a abertura, e ficou ainda mais perto da mulher que estava caída no chão.

A mulher, que ele reconheceu ser a bibliotecária, estava encolhida, branca como papel. Bella o seguiu, e ao vê-la também, soltou um grito, colocando a mão sobre a boca imediatamente.

Ele se agachou ao lado da senhora, vendo seus lábios vermelhos por causa do sangue que deixava seus dentes num tom rosado. Tocou sua testa, sentindo-a fria. Aproximou a orelha do rosto da mesma, e pôde sentir uma respiração fraca.

_ Ela está respirando. Ligue para a emergência. – Jônatas disse para Bella, que pegou seu celular no bolso da frente de sua jardineira, trêmula.

Jônatas se voltou à bibliotecária, e olhou para o resto do seu corpo. Havia um pouco de sangue em sua mão direita. Ele estava com o corpo tenso, então respirou fundo algumas vezes enquanto ouvia Bella falar ansiosamente ao telefone. Ela parecia muito assustada.

Olhou para a senhora novamente. Precisava acalmar Bella, mas também não queria deixá-la lá, caída. Pensou que não poderia fazer nada por ela, além de chamar um médico.

Ele levantou e se aproximou da garota que andava de um lado para o outro, pondo-se em sua frente e segurando seus ombros, o que a fez olhar para seu rosto, com um olhar aflito.

_ Não, um moço está comigo. Não demorem, por favor. – Ele viu as lágrimas brotarem nos olhos dela quando soltou seus ombros e ela desligou o celular. – Eles... eles... chegam em... dez minutos.

De repente, Bella sentiu suas forças fraquejarem, e sentou-se no chão, sem conseguir sequer piscar. Jônatas agachou-se em sua frente, vendo-a começar a respirar com dificuldade.

_ Calma, Bella. Ela está bem, só deve ter desmaiado.

_ Esse dia só piora. – Ela balançou a cabeça, trazendo os joelhos para junto do corpo, abraçando-os. Começou a chorar, e Jônatas ficou sem saber o que fazer. Ele não podia simplesmente abraçá-la, não tinha intimidade o bastante. Mas era necessário observar isso agora?

O Último SuspiroOnde histórias criam vida. Descubra agora