† CAPÍTULO SETE

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Estava reunindo coragem havia várias horas da sua dolorosa manhã.

Continuava a tossir sem parar, e sangue vinha como parte do pacote. Um cateter de ar no nariz lhes mantinha respirando normalmente – ou quase isso. Jônatas e Bella sofriam de igual modo, mas toda vez que se olhavam, sentiam paz através dos seus olhos de cores diferentes. Bella não tinha mais medo. Agora ansiava por encontrar seu Amado. Seu Pai.

Mas nem tudo havia sido resolvido. Ela não suportaria morrer sem primeiro saber uma coisa.

_ Irmã Paula, irmão Vando? – A atenção dos pais de Jônatas se voltou à ela, esperando que ela continuasse, surpresos. Estavam ali havia horas, mas ela não lhes havia dirigido a palavra até então. – E pai? Será que vocês podem me deixar sozinha com a minha mãe?

Mesmo o pedido não fazendo sentido naquele momento, os pais de Jônatas assentiram e se encaminharam para a saída da cabine, Paula lançando um beijo no ar na direção do filho. Onofre, surpreso com o pedido, olhou para Cassandra, e levantou da cadeira em que estava sentado, saindo em seguida.

Cassandra olhava Bella com curiosidade.

_ Mãe, por que a senhora nunca quis ficar comigo? – Achou anteriormente que se sentiria indefesa diante de tal pergunta feita à mãe, mas Ele estava em seu coração. Lembrava-se da passagem em que dizia que mesmo que a mãe a abandonasse, Deus não faria isso. Não tinha temor.

_ O que quer dizer com isso, Bella? – Perguntou a mulher, erguendo uma sobrancelha.

_ A senhora sempre trabalhou tanto, pegava o maior número possível de turnos. Por que escolhia o trabalho à mim?

Para sua surpresa, o rosto da sua mãe se contorceu numa expressão de pura dor, desatando a chorar.

Jônatas sentia que não deveria estar ali. Mas como poderia sair, se estavam presos na redoma?

_ Me perdoe, filha. – A mulher pronunciou, sem olhar para ela. – Eu errei tanto. Achei que estava fazendo o melhor por você, te dando o que precisava.

_ Nada nunca substituiu sua presença. – Respondeu Bella, sentindo as lágrimas nos olhos.

A mulher chorava compulsivamente.

Os médicos olhavam para baixo, desconfortáveis com a situação.

_ Me perdoe. Eu realmente pensei que... que eu poderia te fazer feliz assim. Agora, você vai morrer e eu nem posso te abraçar.

Bella sentia um aperto forte em seu coração. Entendia sua mãe. Ela havia crescido num lar difícil, de mãe solteira, e achara que, dando coisas que nunca teve para a filha, estaria lhe proporcionando uma vida feliz. A mãe havia sofrido muito, e agira de acordo com suas cicatrizes. Agora, ela enxergava isso, e não sentia raiva. Sentia que devia confortar seu coração, como agora o dela era pelo Pai.

_ Não chore, mãe. – Disse. – Está tudo bem. Eu te perdoo.

A mãe levantou os olhos para a garota pálida que agora era sua filha. Seus longos cabelos lisos estavam embaraçados, e ela sabia o quanto a filha odiava isso. Agora parecia não se importar. Seus lábios cheios sorriam para ela, e seus olhos castanhos lhes transmitiam um amor tão profundo, que ela nunca sentiu antes.

_ Não estou pronta para perder você. – Disse, a voz mal saindo.

Bella se ergueu de seu leito, tossindo em seguida. Jônatas a observava, tentando entender o que iria fazer. Ela andou até o vidro da redoma, e se sentou no chão. A mãe, à frente de outro vidro, fez o mesmo.

_ Está tudo bem, mãe. Eu vou ficar bem. – Continuou a sorrir, colocando uma mão sob o vidro. Pedia em espírito para que Deus confortasse sua mãe. Ele poderia fazer muito mais do que ela. Pessoas abraçam o físico. O Pai abraça a alma. – Eu vou encontrar com meu Pai. – Disse.

O Último SuspiroOnde histórias criam vida. Descubra agora