♪ - Dizer "adeus" significa ir embora e ir embora significa esquecer

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E o relógio contou mais 50 minutos de Kang Sora dividindo os fones de ouvido, com Park Jimin

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E o relógio contou mais 50 minutos de Kang Sora dividindo os fones de ouvido, com Park Jimin.

Surpreendente, ele conhecia todas as músicas que tinham naquela fita, e eu, nada surpreendente, não conhecia nenhuma delas. Eu só conhecia Don't stop believin' que eu ouvi em loop infinito na noite anterior porque ele tinha me falado depois do nosso passeio.

A cada vez que a faixa mudava, era como se uma dose de felicidade passasse dos fones para ele, já que Park se sacudia inteiro e parecia brilhar de tão empolgado que ficava. A cada canção que iniciava, Jimin me dizia o nome, o cantor e me contava curiosidades sobre ela. Eu confesso que me perdia um pouco entre prestar atenção na música ou nele próprio.

Quando Jimin sorria, suas bochechas pareciam maiores, como a de um esquilo fofo e seus olhos pareciam sorrir também em dois risquinhos invertidos. Às vezes ele os fechava e cantava junto ao cantor e a única coisa que eu conseguia pensar era que eu realmente deveria estar ali.

Naquele lugar, e naquele momento, e com Park Jimin.

Destino que diz, né?

Aff. Alerta de coração esquisito de novo.

Sem reclamar, ele me ouviu choramingar sobre a sensação de paz que tomou conta de mim ao resolver, mesmo que seja 1%, aquela minha dúvida sobre como eu fui parar no orfanato. Meus pais biológicos não pareciam ser pessoas ruins e também não pareciam ter me abandonado.

Jimin disse que caso eu quisesse, ele poderia me ajudar a investigar mais coisas, e eu disse que por enquanto, pelo menos naquele dia, aquilo bastava, mas que eu adoraria embarcar naquela aventura com ele.

Então nós ouvimos a fita por mais duas vezes, mas na terceira vez, nós mais conversamos do que outra coisa. Caramba, Jimin conseguia falar mais do que eu! Sério! E eu adorei aquela informação porque me senti menos esquisita. Éramos dois patinhos tagarelas, mas a patinha Sora não estava mais solitária porque agora tinha o patinho Jimin para ser tagarela com ela.

Jimin me contou sobre ele, sobre como adotou Bells — e que esse era o seu nome porque sempre que alguém entrava na loja e o sininho da porta tocava, ela aparecia correndo e aproveitava para entrar ali também para pedir comida. —, sobre eles ajudarem o orfanato não só pela doação de brinquedos, mas porque seu avô mesmo já foi uma daquelas crianças — o que explicou bastante da identificação que rolou entre mim e o senhor Park —, sobre a bicicleta, sobre seus livros favoritos, sobre tudo.

Ele falava muito mesmo.

E eu estava encantada por encontrar alguém que gostasse tanto de metralhar palavras para fora da boca, como eu.

Quando a tarde começou a perder lugar para noite e eu disse precisar ir, porque teria que voltar para Seul no dia seguinte, Jimin se ofereceu para me acompanhar até a casa de Namjoon. Eu aceitei porque né, seria uma oportunidade de passar mais tempo com Jimin, e eu não sou trouxa de perder oportunidades de passar mais tempo com ele.

— ... e eu tenho o Yepee, mas eu real não sei o que eu fiz para aquele gato me odiar tanto. — Ouvi Jimin rir, ao me ouvir reclamando do gato ingrato enquanto empurrava a bicicleta vermelha ao meu lado — Sério, não ri, eu faço de tudo para o agradar e... — me interrompi.

Meu coração acelerou ao ver o carro parado próximo à calçada e eu automaticamente reconhecer a placa.

— Ferrou. Ferrou muito. — falei, e Jimin me fitou confuso. Levei a mão a frente da boca, literalmente rindo de nervoso, e ele continuou sem entender nada. — É o carro dos meus pais.

E então ele arregalou os olhos, levou a mão a frente da boca e riu também.

Que merda, Sora.

— Você quer que eu vá lá com você? — ele perguntou. Eu neguei rapidamente com a cabeça, porque não tinha que enfiar Jimin mais ainda naquela história doida que eu causei.

Ele assentiu, respeitando minha decisão, e mordeu os lábios. Nós ficamos parados ali alguns segundos, nenhum dos dois sem saber exatamente o que fazer. Eu não queria dizer tchau, e acho que Jimin também não. Sem resposta, eu passei a mão no cabelo, piorando mais ainda o ninho de passarinhos que ele já devia estar.

— Obrigada — eu disse, e ele apesar de parecer confuso no início, sorriu, ao entender que aquele agradecimento era por várias outras coisas também. — Eu preciso entrar agora... A gente se vê, por aí... né? — fiz careta, sem querer realmente me despedir de Jimin.

Park me encarou por alguns segundos, sorriu travesso e assentiu uma única vez.

— É... A gente se vê, Sora.

Arrastei os pés pela calçada, fazendo bico por agora ele não caminhar ao meu lado. Antes de abrir o portão e empurrar a bicicleta de Namjoon por ele, vi Park Jimin caminhar pela rua e com sua bicicleta azul clara, dobrar na segunda esquina à direita. 


yesterday. today. • Park JiminOnde histórias criam vida. Descubra agora