♪ - O passado diz olá, mas eu não sei como o cumprimentar

21 4 0
                                    

Aguardei por um bom tempo, sentada em uma das cadeiras do corredor

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Aguardei por um bom tempo, sentada em uma das cadeiras do corredor.

Só me lembrei de como aquele lugar me dava nos nervos, quando passei pelo portão principal e vi algumas crianças brincando na área gramada logo na entrada do orfanato. Fiquei parada os observando por um certo tempo antes de tomar coragem para subir as escadas e entrar.

Mesmo que agora as paredes fossem todas muito mais coloridas e haver personagens de desenho animados pintados em quase todas elas, nada me fazia parar de bater um pé no chão, nervosa por estar ali novamente.

Era como se a qualquer momento, fossem me pegar pelo braço e me arrastar até um dos quartos do andar de cima e me deixar lá por mais 6 anos.

Eu passei mais tempo com os Kang do que naquele lugar, mas a sensação de insegurança voltou. Eu entendi que por mais que eu tivesse sido amada e muito bem cuidada, talvez o sentimento de solidão que eu sentia na infância, nunca fosse por completo embora.

Me sentir daquela forma não era culpa dos meus pais. Nem minha.

A vida às vezes nos faz umas cicatrizes que infelizmente temos que aprender a conviver com elas.

— Kang Sora? — ouvi meu nome ser chamado e olhei para cima. Vi um homem que devia ter pouco mais de 30 anos me observar com um sorriso educado no rosto. Ele usava calças formais, de cor preta e blusa cinza de gola alta. Tinha os cabelos escuros e os fios ondulados repartidos de forma que caiam um pouco para cada lado do rosto, pouco abaixo da linha das sobrancelhas. Me levantei e me inclinei.

— Sou Kim Hyun, o novo diretor do orfanato. Eu que entrei em contato com você. — ele apontou para mim de um jeito meio engraçado e sorriu maior ainda — Me desculpe a demora. Quando a recepcionista me avisou que estava aqui, fiquei surpreso. Não esperava que fosse vir tão rápido.

— Nem eu — ri atrapalhada. — É que fiquei curiosa para saber do que se tratava — coloquei parte do cabelo atrás da orelha, meio envergonhada. Ele sorriu mais uma vez.

— Acabei de assumir a direção aqui no abrigo, por isso ainda estou me inteirando de algumas coisas. A antiga diretora foi afas... precisou se afastar, e eu fui convocado para entrar em seu lugar. Suas coisas estão na minha sala, pode me acompanhar?

Assenti uma vez.

O segui, mas ele andava rápido, indicando que conhecia cada corredor dali como a palma da própria mão. Eu apenas fui atrás, tentando o acompanhar com meu passo visivelmente mais lento e mais atrapalhado.

O rapaz a minha frente parecia se sentir um guia turístico. Falava sobre todas as obras que eles estavam fazendo e me contou empolgado sobre todos os projetos que tinha em mente. Parecia ser jovem demais para ocupar aquele cargo, e me perguntei se a força de vontade que ele parecia ter seria o suficiente para lidar com as histórias tristes que cada uma daquelas crianças provavelmente carregavam nas costas.

yesterday. today. • Park JiminOnde histórias criam vida. Descubra agora