♪ - Peter Pan tem uma bicicleta azul clara (como o céu de Busan às 15h)

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No banco de madeira que já era ocupado por mais outras duas pessoas, encarei a famosa caixa vermelha, agora em meu colo

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No banco de madeira que já era ocupado por mais outras duas pessoas, encarei a famosa caixa vermelha, agora em meu colo.

Sabe toda a coragem que eu estava lá naquele dia falando com a minha irmã?

Risos.

Tive a impressão de que ela diminuiu até se tornar uma molécula invisível. Eu realmente não sei mais onde ela foi parar.

Meus neurônios pareciam discutir entre eles como em uma cena de briga de novela mexicana, e eu só me senti mais perdida. Tipo, muito mesmo. Eu não estava acostumada a tomar decisões sozinha e senti falta de todo mundo dando opinião de graça sobre o que eu deveria fazer. Juro que nunca mais reclamo da minha irmã se metendo na minha vida.

Mentira. Vou reclamar sim.

Abrir aquela caixa talvez se tratasse de iniciar uma guerra contra o destino, já que caso realmente ela estivesse escondida, como o Sr. Kim fingiu muito mal não estar, fazia muito mais sentido pensar que não queriam que eu a encontrasse.

Imaginei Mina sentada ao meu lado dizendo que eu já estava exagerando e criando uma versão para a história que eu nem sabia se era a real mesmo. Ela diria que não é porque era possibilidade que mais fazia sentido, que ela era a verdadeira. E que minha vida não era um filme estadunidense que já repetiu 50x na tv aberta e todo mundo sabia o final.

Respirei fundo mais uma vez e olhei para frente ainda tentando criar coragem.

Haviam várias famílias espalhadas pelo parque. Três amigos pescavam um pouco mais a frente, um casal estava sentado embaixo de uma cerejeira que apontava vários botões e duas crianças corriam uma atrás da outra, enquanto guiavam uma pipa colorida nos ares.

Apoiei os cotovelos nas minhas pernas e descansei o rosto nas mãos. Encarei o céu e o mar de Busan, um pouco mais ao longe, tentando entender o que eu estava fazendo ali.

Minha família, meus amigos, meu estágio, tudo estava em Seul. E eu estava ali, em Busan, sendo a garota boba e sem juízo de sempre achando que ir até ali ia mudar algo.

Ah, Sora. Talvez você realmente fosse um caso perdido.

Doidinha, doidinha. Tsc. Tsc. Tsc.

Rapidamente, me ajeitei no banco e pisquei os olhos repetidas vezes, meio assustada com o vulto que passou correndo à minha frente. Depois de alguma distância, consegui visualizar o rapaz de cabelos loiros, moletom e calças jeans, guiando pelo parque uma bicicleta azul clara.

Ele usava fones daqueles grandes que contornavam a parte superior da cabeça e visivelmente empolgado, acho que não fazia ideia de que gritava a música que tocava em seus ouvidos.

Acabei sorrindo sozinha enquanto o observava dar mais algumas voltas por ali com um sorriso, quase infantil.

Eu também costumava fazer aquilo quando me sentia confusa e perdida.

Não correr como louca em uma bicicleta, mas ouvir música.

Peguei o celular e o fone no bolso das calças e após os colocar nos ouvidos, dei play na primeira música que me apareceu. Sorri, prestando atenção no início instrumental e levantei os olhos em busca do rapaz.

Mas infelizmente não o encontrei mais.

Ele já havia voado para longe dali. 


yesterday. today. • Park JiminOnde histórias criam vida. Descubra agora