•Ela é sua filha!•

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POV'S NOAH

— Obrigado por ter vindo dona... - Eu sabia o nome dela. — Me fiz de desinformado mesmo assim.

— Sem dona por favor, pode me chamar de Lena, bom vamos combinar os horários e temas.

Minhas mãos suam frio, não sei nem por onde começar a falar com a mulher a minha frente, ela não sabe por que está aqui, supostamente eu a chamei por precisar de uma de suas palestras pros alunos da Universidade.

Heyoon me ajudou com isso ela conseguiu imprimir um documento escondida, se alguém descobre na certa que aquele lance de cadeia volta a tona, mesmo assim nos arriscamos.

Olho pro carro do outro lado da rua onde Josh e Joalin me esperam, engulo a saliva com um certa dificuldade, Lena parece estar ficando impaciente com minha enrolação.

— Eu vou ser direto.

—Ótimo. — Lena aprecia minha fala.

— Não preciso de nenhuma palestra.

— Para que eu viajei até aqui então? — Ela me olha desconfortável.

— Sina precisa de ajuda. — Ela trava por alguns segundos, sua respiração fica mais forte.

— Eu não tenho mais nada haver com a vida dela. — Ela coloca a bolsa no ombro se levanta e vai andando até a porta, eu não penso duas vezes e vou atrás dela depois de deixar algumas notas de dinheiro sobre a mesa pra pagar nosso café.

— Ela é sua filha!

— Não é mais. A um bom tempo já. — Como se fosse uma escolha dela deixar de ser mãe.

— Ela ainda te ama. — Já estamos do lado de fora do restaurante e a mulher não para de andar.

— EU ABANDONEI ELA.

— Você precisou, nós sabemos.

— Precisei? Quem precisa largar a filha? Principalmente com um canalha que nem o pai dela, você não tem noção da pessoa hipócrita que eu fui, das decisões erradas que eu tomei.

— Ela entende você ter ido embora. — A mulher tenta abrir o carro com a chave mas suas mãos tremulas a impedem.

— Ela não sabe da verdade isso sim, eu podia ter levado ela junto e não quis. — Ela se encosta no carro e me olha, sorrindo e chorando ao mesmo tempo, como alguém que já desistiu de si mesma a um bom tempo.

Nesse momento eu sinto uma raiva daquela mulher mas ao mesmo tempo um sentimento de dó se instala em mim.

— Eu não entendo.

— Quando eu saí daquela casa tudo que eu queria era liberdade. E como é que se tem liberdade com uma criança pendurada nas suas pernas? Como recomeça sua vida?

— Você diz isso como se ela fosse um peso pra você.

— Era o que eu pensava na época. Eu tinha sonhos, ambições e ela não se encaixava neles.

— Você nem se quer sente um pouco de remorso?

- Um pouco?  Se tem uma coisa que eu me arrependo todos os dias é de ter deixado ela para trás. — Lena não vence secar as lágrimas que pulam de seus olhos verdes.

— E por que não voltou?

— Ter que encarar ela? Essa é a única coisa que me dá medo nessa vida, rapaz, mas você não entenderia, não tem filho.

— Eu tenho sim, uma filha, sua neta. — Ela franze o cenho agora estranhando. — Richter tirou elas de mim...

— Como é o nome? Quanto tempo? — Ela me interrompe.

— Aimê, tem pouco mais de um ano e meio de idade.

— Tem alguma foto? — Uma ponta de esperança se instala em mim, talvez agora ela quisesse ajudar, nem preciso de esforço pra encontrar a foto como as minhas meninas são meu papel de parede do celular.

Ela olha fixamente pra foto e depois me encara, é absurdo como ela e Sina são parecidas.

— Bom, eu não tenho nada haver com isso. — Ela volta a lidar com a chave do carro.

Nesse momento eu paro de sentir o que é que fosse que eu estava sentindo, é como se minhas forças tivessem acabado a esperança se foi e eu estou totalmente perdido.

— A vontade que eu tenho de nunca mais olhar na sua cara é enorme, mas eu preciso da sua ajuda, por favor eu to falando da sua família também.

— Só não desiste delas, se não você vai se arrepender pro resto da sua vida. — Ela entra no carro e sem mais sem menos da a partida e sai dali me deixando plantado na calçada.

Quero entender da onde veio aquela doce mulher que é a Sina com uns pais desses, nunca na minha vida conheci um ser tão bom quanto ela, aquela garota é simplesmente irreal, me dói ela não estar ao meu lado agora.

Uma mão aperta meu ombro, sei que é Josh já que Joalin para na minha frente.

— Descobriu alguma coisa? — Joalin se aproxima.

—  Sim, que as pessoas estão enlouquecendo, que ninguém liga mais pra ninguém, nem que seja sangue do mesmo sangue, que a gente tá aqui na terra cada um por nós mesmos, a gente vive num mundo de pessoas tóxicas e egoístas.

(...)

POV'S JOSH

— Olha o que chegou pra você. — Heyoon vem pro meu lado saltitando pela sala com um envelope já aberto nas mãos.

Any, Raissa e (MDH) estão sentadas no sofá e perdem a atenção na TV assim que eu e Joalin entramos.

— Agora não, Any. — Dou um selinho nela e passo a mão sobre sua barriga.

— O que foi? — Any levanta e vem ao nosso encontro.

— Eu nunca vi o Noah, como hoje....

— Ele sente falta delas, dá pra entender. — Diz a mãe da Heyoon

Na verdade não dava não, era horrível ver meu garoto daquele jeito, ele sempre foi tão alegre e bobo, independete da situação ele sempre arrancava um sorriso das pessoas ao seu redor e agora quando olho pra ele parece que a palavra angustia esta tatuada por cada parte do seu corpo.

— Não, o Josh tem razão, ele perdeu totalmente o brilho que só ele tem. — Joalin diz se jogando no sofá.

— Eu estou muito preocupado. — Heyoon me olha com dó e me puxa pra um abraço, sei como ela está preocupada também.

A porta atrás de mim se abre novamente Lamar e Bailey entram por ela, ainda com as roupas de futebol.

— Que clima tenso é esse aqui? — Lamar tenta abraçar a namorada mas ela recusa por conta do suor que ele está.

Raissa pelo contrário pula no pescoço do Bailey que a afasta com certa vergonha da cena, não demora muito pra ela ficar inteira vermelha.

— Noah não está nada bem. — Ela desvia o olhar do novo casal de amigos.

Ela está com tanto ciúme que ontem perguntou quando Raissa ia embora, na cara dura, e quando A brasileira falou que pensava em ficar ela teve a coragem de dizer que não precisava.

— É ele acabou de ignorar total a gente quando encontramos com ele na rua. — Solto a Heyoon e volto meu olhar para o Bailey.

— Na rua? Eu acabei de deixar ele em casa ele disse que não queria vir pra cá pra poder dormi.

— Então ele mentiu, por que estava com uma mochila parado ali na avenida principal.

— Ou ele só mudou de ideia, e foi fazer outra coisa. — Any tenta aliviar um pouco a situação.

𝘣𝘺 𝘤𝘩𝘢𝘯𝘤𝘦シ [𝙃𝖾𝗒𝗈𝗌𝗁]Onde histórias criam vida. Descubra agora