17. Imprevisível

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"Olhe para as estrelas
Veja como elas brilham por você
E por tudo que você faz"
— Yellow (Coldplay)

Ressoando em um sono profundo e sereno, Fisher movimentou seu corpo quando algo lhe chamou a atenção. Remexeu-se, desconfortável pela sensação inesperada de um toque nos ombros. Ele precisou de muito tempo para perceber que aquele incomodo que sentia era produzido pelo chacoalhar faziam em um de seus braços. Somente quando abriu os olhos ele conseguiu distinguir, gradativamente, ser Larry.

Não parecia passar das uma da manhã.

— O que... — Sal tentou questionar o motivo daquilo, mas foi privado de prosseguir quando Larry sinalizou silencio, apontando para a cama ao lado com os olhos. — Por quê me acordou? — sussurrou.

Esperava por alguma explicação plausível. Ser acordado no meio da madrugada não era, definitivamente, muito agradável. Ele se prestou a encarar Larry com os olhos miúdos e bochechas inchadas, numa expressão sonolenta, cujo por sorte a prótese tampava. E do contrário que imaginou, Larry não o respondeu, não com palavras, mas com com um gesto; esticou a mão de maneira até mesmo cordial, fazendo Sal franzir o cenho, mas não recusar.

Sem nenhum aviso prévio, ao tocar na mão alheia, ele fora puxado para fora da cama. Tivera de levantar contra a própria vontade. Mesmo sem entender, ele não reclamou — embora tenha soltado um pequeno murmúrio de descontentamento. Quando levou os olhos até a face de Larry ele pode detectar, ainda que no escuro do quarto, um sorriso pequeno florescer nos lábios dele. Indagou-se, então, sobre o que ele estava tramando.

Vem comigo — aconselhou num sussurro, e Sal assentiu.

Antes de sair, ele deu uma ultima olhada para a cama de Ashley e Todd. Tivera de comprimir uma gargalhada quando encontrou-os estirados sobre o colchão como dois bêbados. Todd possuía um dos braços jogados sobre o rosto de Ashley, enquanto ela se aninhava quase nas extremidades da cama. Era com se fosse ser jogada para o chão ao qualquer momento.

Desviou a atenção logo ao passar pela porta. Ele franziu o cenho e encarou Larry como se aguardasse por alguma explicação.

— O que houve?

— Quero te mostrar algo — ele respondeu, tão vago que incendiou uma tocha de curiosidade no interior de Sal. — Na praia.

— Na praia? Mas 'tá tão tarde... — respondeu soltando um letárgico bocejo.

— Por isso mesmo.

Fisher, mais uma vez, franziu o cenho. Ele não continuou as indagações, sabendo que Larry não o responderia da maneira que desejava. Seu foco tornou e a ser depositado na curta caminha que fizera até se afastar do hotel. Ambos quietos.

{...}

Seus olhos emolduraram um brilho intenso de admiração ao serem depositados na vista a frente. A escuridão sorumbática que pintava os céus era entrecortada pela luz de uma fogueira escaldante, não muito visível de longe. Em frente à ela havia um pano grosso esticado sobre a areia macia semelhante a um pequenino colchão, o qual Sal não teria notado se não tivesse corrido até lá admirado como uma criança. Os detalhes que complementavam o tecido era uma glamourosa garrafa de vinho tinto, duas taças polidas, dois palitos de madeira e uma embalagem de marshmallows lacrada. Aquela era a visão de um perfeito clichê.

Quando se aproximou com os olhos arregalados, ele conseguiu não só notar o som crepitante da madeira queimando como também o soar calmo das ondas marinhas a frente. Embora a escuridão fosse a rainha da noite, ainda lhe era possível contemplar a beleza dançante das águas tão calmas.

Piano || SarryOnde histórias criam vida. Descubra agora