Sal se encontrava da mesma maneira que antes; sentado no chão do quarto apoiando suas costas doloridas na madeira da cama. Não se permitiu dormir naquela noite. Em alguns momentos desejava não ter respondido à Larry.
Havia aula hoje, porém Sal sentia-se cansado demais para prestar atenção nas matérias, além de se desviar de Larry e seu grupo de amigos o qual não podia vê-lo, não por agora. Por sua sorte, as ferias de primavera já estavam chegando, e isso significava uma coisa: paz, e sua própria companhia, como sempre em seu quarto.
Naturalmente, ele sairia para se encontrar com seus amigos ou com sua família durante esse período, assim como fazem todos os alunos daquele colégio, mas Sal não era como eles. Rever a família? Fora de questão; seu pai trabalhava dia e noite, e se tinha folga era para dormir, ou no máximo fazer uma ligação de poucos minutos com o filho que já estava acostumado com isso. Sair com seus amigos? Bem... Ele não achava aquilo uma boa ideia.
Sua situação poderia parecer triste, porem Sal Fisher não a via dessa forma. Poderia gastar esse tempo mergulhando sua cabeça em seus livros e cadernos a fim de repor todas suas aulas perdidas, e depois relaxar com a companhia de 'seu' piano e alguns maços de cigarro.
O relógio pendurado na parede de seu quarto revelava ser sete horas da manhã. Mal sabe como conseguiu se manter parado como uma estatua por tanto tempo durante aquela madrugada. Talvez tenha sido pelo choque de ter se comunicado com Larry, ou pelo seu turbilhão de pensamentos os quais o privava de ter sua tão aclamada noite de sono, a qual ele já nem se lembrava mais se um dia teve.
Com um longo suspiro, Sal se levantou sentindo um grande torcicolo em suas costas um tanto dormente. Envergou seu tronco para trás na esperança de estralar suas costas e amenizar os efeitos dolorosos que ficar sentado por tanto tempo lhe provocou.
Foi até seu banheiro fazer o de sempre. Molhou seu rosto com a água gelada que escorria de sua torneira e encarou seu reflexo sonolento. Sal pode ver que ao redor de seus olhos azuis continham grandes esfumaçados arroxeados que o dava uma aparência cansada; as famosas olheiras. Não se importou tanto, aquilo seria apenas um defeito a mais que sua prótese esconderia junto as cicatrizes turvas.
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— Você sabe que ficar dessa forma não vai faze-lo aparecer — enquanto enchia seus braços de livros e cadernos utilizados naquela aulam, Todd dizia dirigindo suas palavra para o Larry, quem deitava a cabeça de forma sonolenta sobre os próprios braços.
Estava semelhante a uma criança que acabara de receber um não ao pedido de um doce. Embora cômico, Todd encarava aquilo como algo preocupante, principalmente por se tratar de Larry, o hiperativo do grupo.
A sala estava vazia com exceção de ambos. Enquanto Todd se preocupava com coisas mais importantes como guardar o seu material e se dirigir para o refeitório, Larry se preocupava com sua própria situação em que o colocava para baixo o resto do dia.
— Fingir que nada aconteceu também não vai ajudar muito, você sabe — retrucou Larry, ainda apoiado em seus próprios braços na mesa.
Todd parou de tentar colocar seus livros na bolsa o olhou compreensivo. Suspirou, e o respondeu em reconforto.
— Eu briguei com... com o Neil, mas nem por isso eu estou assim — deu de ombros e voltou a guardar, dessa vez, seu estojo. — Você tem que deixar ele sentir sua falta e vir atrás, é assim que funciona!
— Ambas situações são diferentes — Larry o respondeu franzindo o cenho, não conseguindo evitar de soltar um riso soprado pela maneira como aquela sentença havia sido dita.
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Piano || Sarry
RomanceCONCLUÍDA || Onde Larry Johnson conhece o reprodutor das belas melodias que vira ouvindo há algum tempo; o dono das orbitas azuis as quais Larry gostava de chamar de joia. Ou, Onde Sal Fisher era um talentoso pianista, que no colégio adorava tocar s...