3. Mistério solucionado.

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Enquanto fumaça cinzas do cigarro de Larry se esvaiam dançando pelo ar, ele contemplava o movimento das nuvens enquanto continuava deitado sobre o chão do terraço. Estava tarde e suas aulas já haviam acabado, porém enquanto alguns alunos iam para seus respectivos blocos nos quais ficavam os dormitórios, Larry decidiu por ficar no terraço, sem nenhuma presença viva enchendo sua paciência, enquanto seus fones tocavam Nirvana em máximo volume; ele não era do tipo que escutava músicas no baixo.

No segundo em que a música se finalizou, ele suspirou curvando seu tronco para a direção do celular com o objetivo de mudar para outra. Todavia, sua ação não fora completamente concluída quando, por um momento considerado até mesmo assustador, outra música se transpareceu por seus ouvidos com uma leveza estranhamente agradável. Mas havia um porém; não eram de seus fones.

Não se recordava de ter abaixado nenhuma música com piano.

Aquilo era claro. Sua mente se recordou brevemente dos momentos em que o mesmo tipo de som apareceu para si nos arredores do colégio. Havia alguém por lá, e a música tocada era tão bela que ele se sentia forçado a saber de onde vinha; talvez pelo medo de ser o único cujo a escutava, ou mesmo pela agradável sensação de calmaria que ela o proporcionava. Eram suposições contraditórias a ponto de se tornaram piadas.

De uma vez por todas, ele se levantou colocando em sua cabeça a objetividade de descobrir de onde aquilo vinha. Não demorou muito para que Larry abrisse a porta do terraço se deparando com a escadaria escura sendo iluminada apenas pela luz da lua. E então ele desceu, sem estar exatamente com pressa, apesar de sentir sua ansiedade explodir no peito. Não sabia com o que poderia se deparar em poucos minutos.

Os corredores foram diminuindo levando-o até o mais afastado. Quando ele olhou a grande porta que havia a sua frente, sentiu um leve arrepio em sua nuca ao perceber ser uma área restrita; aquele era o corredor inabitável. Sem uso e sem utilidade. Não era comum haver pessoas por lá, afinal era quase como um depósito

Apesar de tudo, era lá onde a antiga sala de música ficava.

Ele deu um leve empurrão, sentindo uma pontada de decepção quando não houve movimento algum da porta. Ela estava trancada, e isso fez Larry bufar impaciente olhando para o chão com os braços cruzados. Quase como uma criança decepcionada, ele encarava o chão buscando por alguma alternativa. E foi ali, naquele chão, que um brilho lhe chamou a atenção; um não, vários. Haviam diversos grampos espalados pelo chão, e como a única ideia plausível, ele chegou a conclusão de que alguém tentou entrar no corredor diversas vezes.

 Não demorou muito para que ele o utilizasse na fechadura da mesma maneira como provavelmente o misterioso pianista havia feito.

Ao abrir, a primeira coisa que notou foi a cor acinzentada das paredes que se misturava com a luz refletida da lua, cujo tinha a passagem permitida pelas grandes janelas que acompanhavam o corredor. Era uma visão bela, e ao mesmo tempo intimidadora. De certa forma aquilo lhe provocou calafrios.

Larry começou a andar pelo corredor, sentindo o som mais próximo de seus ouvidos. Era uma melodia melancólica e calma, quem a ouvisse certamente se sentiria deprimido. O que o intrigou foi pensar em como se sentia a pessoa que tocava. Talvez não estivesse num bom momento, Larry imaginou.

 O som vinha de uma das salas com portas amadeiradas e acabadas. Indo em direção da qual ele imaginou ser a certa, ele se manteve parado em frente dela. Havia uma pequena fresta na porta que o dava permissão para olhar por dentro, e quando o fez, ficou completamente surpreso com a pessoa a qual encontrou.

Aqueles cabelos azuis vividos eram inconfundíveis. Era o garoto que viu anteriormente, o garoto que no qual o dava o famoso choque elétrico pelas orbitas azuis, belas como a joia safira. Já sabia de imediato de quem se tratava, e seu coração retumbou fortemente pela ansiedade que, sem motivo aparente, aquilo havia o dado. Por alguns minutos, ele decidiu ficar ali; entre a porta semi aberta e a parede em que se encostava, ouvindo o belo som produzido pelo outro.

Piano || SarryOnde histórias criam vida. Descubra agora