Capítulo 6 - Ensaie a dor para amenizar a dor

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“Como soldados treinados para lutar à noite, eu vivia no escuro para não ficar cego quando a escuridão chegasse. Ensaie a dor para atenuá-la. Homeopaticamente. ” 
- André Aciman, me chame pelo seu nome 

 

“Merlin! Sr. Potter, você está bem? ”, Sinistra exclamou, correndo para onde Harry ainda estava curvado no meio. O cheiro pútrido de vômito subindo até seu nariz, deixando-o nauseado novamente.  

A mulher saltou sobre a pequena poça, seu nariz de botão enrugando com a visão, enquanto ela colocava uma das mãos nas costas de Harry em um sinal de conforto. 

Harry estremeceu, afastando-se, ou pelo menos tentando, incapaz de suportar a mulher, aquela mulher o tocando. Ele tropeçou, quase caindo em sua tentativa de fugir, antes de um forte conjunto de braços em volta de sua cintura, ajudando a mantê-lo de pé. 

"Eu cuidarei disso, Sinistra, você pode voltar para seus aposentos.", Uma voz sombria e rouca disse perto do ouvido de Harry, fazendo-o estremecer quando o hálito quente fez cócegas em sua pele corada. Ele pensou em protestar, sentindo-se mais do que horrorizado com o pensamento de Severus e todas as pessoas vendo-o em um estado tão lamentável, mas no final, ele não fez nada, sentindo-se fraco demais para fazer qualquer coisa, exceto se recostar naquele peito forte e se permitir ser cuidado. 

Sinistra olhou para os dois duvidosa, mas ainda acenou com a cabeça, enviando um pequeno sorriso de pena para Harry antes de deixá-los sozinhos.  

Harry fechou os olhos, temendo o que ele tinha certeza que viria a seguir, porque certamente Severus não iria deixar isso passar sem algum tipo de punição. E Harry não podia nem culpá-lo, sabendo que havia decepcionado o diretor. Foi imprudente, ele foi imprudente, exatamente como o homem vinha dizendo desde o momento em que conheceu Harry. 

"Venha agora, vamos levá-lo para o seu quarto.", Severus disse, movendo-se um pouco para poder colocar um dos braços de Harry em seus ombros. Harry olhou para ele, sentindo-se confuso com a ação. 

Não teria sido mais fácil apenas usar magia? 

Eles caminharam pelo corredor, contornando a gárgula e indo em direção à porta a alguns metros de distância, a entrada dos aposentos de Harry.  

Ele era o único professor que tinha aposentos tão perto do escritório dos diretores, já que isso não era normalmente feito. Mas uma vez que Harry Potter veio para ensinar em Hogwarts, tornou-se uma necessidade separá-lo das áreas públicas, já que ele tinha fãs mesmo entre os alunos. Minerva tinha pensado que estar tão perto do escritório do diretor influenciaria os alunos a incomodar Harry em seus aposentos particulares e ela estava certa. 

Snape abriu a porta, as proteções permitindo-lhe entrar imediatamente sem que ele tivesse que dizer a senha do diretor, fazendo o homem franzir a testa quando seus olhos penetrantes se voltaram para Harry. O jovem corou, desviando o olhar, fingindo que nada de errado havia acontecido o tempo todo, rezando para que Snape não insistisse no assunto. 

Ele não queria explicar por que Severus estava concentrado em suas palavras, alguma coisa, nem mesmo seus amigos estavam. Ele não queria pensar sobre isso, muito menos falar sobre isso; sobre seu primeiro dia de volta a Hogwarts, quando ligou o homem que não via há meses, sentindo-se um idiota sem esperança até então. 

Severus o ajudou a entrar no quarto, optando por ficar em silêncio, graças a Deus pelas pequenas misericórdias, acompanhando-o até seu quarto. Harry não pôde deixar de corar quando eles pararam na frente de sua cama, uma risadinha constrangedora escapando de sua boca antes que ele pudesse detê-la. 

A Lucky Man [ TRADUÇÃO ]Onde histórias criam vida. Descubra agora