Apelo (2021)

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Pela minha imperfeição,
Eu sou digno do seu perdão?

Eu estava tão sujeito a errar, que errei.
Poderia ter sido diferente
E talvez uma conversa resolvesse,
Mas como confessar algo para quem tudo sabe?

Pode ser que isso não seja desculpa,
Mas no interior de minha essência,
Ostento um único traço especial:
Aquilo que você me deu como celestial
O restante de mim são imperfeições
Portanto, tudo aquilo que não te compõe

Eu sou semelhante ao barro;
A todos os seus filhos de terra.
E eles recebem o seu perdão,
Seja no frívolo ou hediondo.
Eles não são perfeitos.
E nós dois sabemos que eu também não.

Eu fui invejoso,
Egocêntrico e arrogante
Mas também fui inocente,
Porque entrei naquela guerra
E condenei alheios a mim
Acreditando tolamente
Que eu teria chance contra o onipotente

E quando eu caí na desgraça,
No arrependimento e na desonra
Eu não dei o braço a torcer
E por milênios a amargura
Vinda de todos os lados possíveis
Tomou conta de mim.

Mas agora eu me pergunto
Se talvez eu me quebrantasse
E me pusesse como filho
Como o filho pródigo
A ovelha perdida
Aceitando e te mostrando
O quanto sou imperfeito
Você me aceitaria no seu tão famoso seio?

E não pense que eu me importo
Com o papel de vilão que me foi atribuído
Não só por todos, mas também por mim
Porque se você me perdoar
Talvez este seja o caminho para eu seguir

Me diga então se posso receber
A mesma misericórdia
Que você oferece imediatamente
Aos seus filhos de lá
Porque se sim, é a ela que eu vou apelar.

Pois pela minha imperfeição,
Eu sempre fui passível de erros
Sou divino, não perfeito.
Nem seu nêmesis; sou seu filho.
Então, finalmente agora, te inquiro:
Poderia usar o seu amor comigo?

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