Asas (2023)

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Sabe que eu conheci uma fada que não voa?
Ela anda por aí com seus pés no chão,
Pois, um dia, aposentou as asas por pura escolha,
Sem ao menos se preocupar se elas atrofiarão.

Estou te contando porque muito me entristece;
A pequenina consegue, pode e deveria voar!
Possui asas tão deslumbrantes quanto um dia de neve,
E uma potência que, se você vir, é capaz de delirar.

Não fiz muitas perguntas a ela;
Não foi necessário, seus olhos me responderam.
E a calamidade maior que recaiu sobre a bela
Foi ter se esquecido de quando parou com seus gracejos.

É uma alada que não voa pois se vestiu com medo.
Antes pairava brilhando em euforia de se invejar,
Mas o baixo lhe cortou o vento nos cabelos,
E, agora, tudo que lhe resta é seguir com pesar.

Seus pés minúsculos não fogem ao conhecido.
Não me disse se vive, mas pude ver que não.
Desde que a conheci, não me resta alívio,
E me corrói pensar que ela não se acha capaz de voar,
Mesmo quando já teve todos os céus na palma da mão.

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