Capítulo 5 - Começo

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Joguei meu corpo na cama, lancei meus olhos para o teto, senti uma pontada no topo da cabeça que se estendeu para a testa. Camila se sentou na cama dela em silêncio, esfregou a palma das mãos na calça. Virei o rosto para ela.

-Está tudo bem? - perguntei.

Camila balançou a cabeça de forma positiva. O celular dela acendeu a tela, ela virou o rosto e soltou um suspiro desanimado.

-Você precisa denunciá-lo - comentei.

-Não posso.

-Por quê? - perguntei.

-Ele é o melhor amigo do Daniel.

-É daí? - perguntei.

-Se eu fizer qualquer coisa contra o Chance - Camila fez uma pausa - Daniel vai fazer da minha vida um inferno.

-Você prefere apanhar? - perguntei.

-Eu prefiro que ninguém saiba o que aconteceu.

-Se você não denunciá-lo, vai fazer ele achar que está tudo bem te bater.

-Eu sei - Camila disse jogando os olhos para o chão - Preciso de um favor.

-Quer que eu vá com você na delegacia? Eu vou.

-Não, preciso que você vá comigo para a pizzaria - Camila fez uma pausa - A galera estará lá, se eu não for, vão fazer perguntas que não estou preparada para responder.

-Me perdoe, mas não estou preparada psicologicamente para olhar na cara do seu namorado idiota.

-Por favor Mack, não me deixa ir sozinha.

Eu não estou preparada para ver o rosto de Daniel.

-Não.

-Mack, por favor.

Respirei fundo, pensei que se eu não for, Chance terá outra oportunidade para agredir a Camila.

-Tudo bem.

-Então se troca que o Chance já está lá em baixo esperado - disse Camila jogando uma blusa sobre mim.

Saltei da cama, vesti uma camiseta preta, calça jeans, tênis e uma blusa de frio de zíper. Saímos do quarto, atravessamos o corredor, descemos as escadas e caminhamos em direção a caminhonete vermelha do Chance. Saltamos para dentro do carro, Chance virou o rosto para mim e lançou um sorriso forçado. Camila me lançou um olhar de súplica, virei o rosto e forcei um meio sorriso. O rádio do carro estava ligado e tocava a música "Roupa não é convite - Medrado". A ironia daquela música me fez soltar um sorriso, o universo parecia esfregar na minha cara a falta de respeito de Chance com a Sarah. Senti um subto desejo de agarrar os cabelos de Chance e atravessar seu rosto no para-brisa. Estacionamos em frente da pizzaria, saltei do carro e caminhei atrás da Camila, atravessamos a porta de vidro, no som tocava a música "Gueto - Iza". Sentamos a mesa, Zuri já estava com a voz arrastada, Daniel cumprimentou Chance e estendeu a mão para me cumprimentar, me inclinei e deu um beijo na bochecha de Alice que me abraçou.

-Esse é o Andrew - disse Zuri apontando para um garoto.

Pele negra, cabelo raspado, ombros largos, olhos pequenos, boca grande, camisa de botão azul e o casaco oficial do time. Ele me lançou um largo sorriso, cruzou os braços como se levantasse uma barreira entre nós. Apertei a sobrancelha, senti uma vibração diferente vinda de Andrew, aquele mistério tinha odor de homossexualidade.

-É essa é Cassie - disse Zuri apontando para uma garota.

Cabelos rosa, pele branca, olhos castanhos, óculos de grau estilo aviador, maquiagem colorida, vestido rosa e um casaco azul bebê.

Medusa (Lésbico / Livro Físico) Onde histórias criam vida. Descubra agora