- Boa tarde senhorita Jones, espero que esteja pronta para começar a sua entrevista, eu sou a senhora Emma Wilson e estou ansiosa para irmos em frente. – Disse uma mulher com um lindo e volumoso cabelo preto, sua pele era escura e brilhosa, ela vestia uma calça preta boca de sino e uma camisa branca, mantinha uma postura ereta, segura e ao mesmo tempo serena.
- Boa tarde senhora Wilson, estou pronta, mas antes gostaria de me desculpar pelo meu tênis molhado, eu acabei sofrendo um acidente no caminho e.....
- Sem problemas, com o senhor Ramirez nos corredores isso é algo bem comum – disse a mulher com um sorriso acalentador – sente-se para iniciarmos então.
Cassie se sentou em uma poltrona que ficava a frente da grande mesa onde a entrevistadora estava, a sala era espaçosa mas não exagerada, havia uma estante com diversos livros encostada na parede esquerda, do outro lado uma janela dava uma vista para o campus, quadros de diversos certificados e prêmios eram distribuídos nas paredes gerando um ar de seriedade na sala, a mesa era grande com um notebook no canto, papéis, canetas e um telefone estavam espalhados de uma forma organizada e um porta retrato ficava na outra ponta da mesa, era uma sala comum mas aconchegante. A senhora Wilson pegou a pasta com os documentos que a loira entregou e começou a ler os papéis, documentos de escolaridade, redações pessoais e cartas de recomendação dos professores do ensino médio, durante dez minutos os olhos da entrevistadora não saíram dos papéis e a perna de Cassie não parava de balançar, o nervosismo estava a engolindo até que a mulher começou a dizer.
- Bom, li todas as suas redações e as cartas de recomendação, achei tudo isso muito interessante, mas gostaria de fazer algumas perguntas, não precisa ficar nervosa e nem elaborar nada, quero que as responda com sinceridade e da sua maneira para que eu a conheça de uma forma tranquila.
- Sem problemas, eu estou tranquila e vou ser sincera com toda certeza – disse Cassie mentindo na parte sobre tranquilidade, mas ela era tão boa em passar confiança que Emma pareceu não perceber.
- Ótimo, primeiro, eu li em seu relatório que desde os 12 anos a senhorita sempre quis
estudar aqui na NYU, por que um sonho tão específico mesmo muito nova?A garota engoliu em seco antes de responder, ela pensou em diversas desculpas para dar, falar sobre a sua mãe mesmo tendo se passado 2 anos de sua morte ainda a machucava, Cassie se fechou para tudo após o ocorrido, não gostava de conversar nem chorar na frente das pessoas e isso criou uma certa proteção, insensibilidade e isolamento na vida da menina.
- A minha mãe estudou aqui quando saiu do ensino médio, ela sempre falou muito bem dessa universidade e toda vez que eu olhava a foto de formanda dela meu coração pulava de alegria, eu a achava a mulher mais incrível do mundo e queria ser igual a ela, por isso meu sonho sempre foi estudar aqui.
- Isso é lindo, ela que te trouxe para a entrevista hoje? – o coração de Cassie doeu ao ouvir isso, mas ela precisava manter a postura, não iria chorar no meio do processo mais importante para seu futuro.
- Não senhora, minha mãe.... ela se foi a dois anos atrás, por isso eu tive mais vontade de ingressar aqui, quero que ela se orgulhe de mim e que isso vire um legado na minha família, ela iria gostar disso. – A garota disse com a voz embargando e os olhos com lágrimas, mas ela se segurou ao máximo para não deixar nenhuma cair.
- E-eu sinto muito Cassie, você é uma menina corajosa, ela também cursou direito como você quer? – perguntou a senhora Wilson com uma certa culpa.
- Não, ela cursou artes cênicas, ela sempre gostou dessa área, mas com certeza não é para mim, meus planos são um pouco diferentes. – A menina rindo fracamente respondeu fazendo contato visual com a mulher.
O decorrer da entrevista foi bom, Cassie sempre conseguiu desviar os assuntos difíceis de uma maneira tranquila e respondia todas as perguntas de uma maneira sincera e fazendo o máximo para se destacar e surpreender a senhora Wilson, que por suas expressões e por demonstrar mais interesse nas palavras ditas, aparentava gostar da loira. Após algumas horas conversando, a entrevista finalmente acabou e a garota foi liberada, a senhora Wilson comentou que ligaria e mandaria um e-mail para confirmar o resultado e que ela era uma candidata forte, o que era algo que mesmo com sua confiança de sempre, deixou Cassie mais aliviada.
Quando ia saindo do campus, a menina, que já não se sentia tão azarada, se encontrou novamente com o senhor careca do começo do dia, ele estava ao lado da senhora Franklin e provavelmente disse algo sobre ela, porque no mesmo momento ela parecia ficar vermelha e fechou a cara, pelo que Cassie observava o velho piadista não era bom em conquistar as mulheres. Ela estava indo embora quando foi chamada.
- Senhorita Jones, posso falar com você um instante? – Mary a chamou chegando mais perto e o senhor Ramirez, o que achava ser o nome dele por conta da fala da entrevistadora, saiu de fininho. – Eu achei que a conhecia de algum lugar e fui procurar, até que lembrei do porquê a reconheci, a senhorita é filha de Katherine não é mesmo?
Cassie congelou, sua mãe tinha estudado naquele lugar e uma hora ou outra já imaginava que alguém falaria dela, porém não pensou que seria tão cedo assim.
-S-sim, sou filha dela, a senhora a conhecia então? – disse um pouco chocada e curiosa.
- Mas é claro, Katherine era uma menina de ouro, quando perdi meu marido ela foi muito gentil comigo, todas as vezes conversávamos e tomávamos café da tarde, ela vinha junto com aquela menina ruiva, acho que era Ruby o nome dela, elas eram muito bondosas e animadas, não se desgrudavam sabe, eu sinto muito por sua perda. – Os olhos de Cassie marejavam e ela estava com um sorriso bobo no rosto, ela reconheceu a senhora do dia do velório de sua mãe, ela estava no fundo chorando e depois conversou com sua tia.
- Obrigada senhora Franklin, com certeza a senhora foi importante na vida da minha mãe e eu fico feliz de saber disso, espero a encontrar novamente. – A loira falou decidindo encerrar o assunto antes de chorar.
- Eu acredito que nos veremos logo querida, tenho fé de que sua vaga aqui está garantida. – disse a moça dando um leve sorriso.
Cassie foi embora pensando nas coisas que foram ditas, ela já esperava que todos os sentimentos que tinha guardado durante esses dois anos voltariam, mas não pensava que seria tão de repente. Ao chegar na esquina depois da universidade, todos os seus pensamentos foram dissipados quando sua barriga roncou de fome, ela tinha conseguido comer meio bolinho de seu café antes dele cair no chão do metrô e já eram quase duas da tarde, ela então decidiu parar em algum fast food para comer algo e depois iria para casa.
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Talvez uma História de Amor
РомантикаCassie Jones tem 18 anos, está determinada a entrar em uma das melhores faculdades da cidade de Nova York e não leva uma vida fácil, desde muito nova aprendeu contos de fadas não existem, aos 4 anos seu pai abandonou sua mãe e aos 16 ela a perdeu po...