Capítulo XXI

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Dapnhe

Dapnhe podia ver a dor nos olhos de Herbert quando se afastou, Alan foi o primeiro homem que ela amou e que a amou de volta, pensou ela. E ali estava Herbert, a fazendo se sentir como ninguém havia feito, como ela nunca pensou em se sentir, ele a apresentou a sua família e a tratou como parte da família, coisa que Alan nunca fez, e talvez nunca tenha feito, talvez ela para sempre seria seu segredo que jamais poderia ser revelado. E a pergunta de Herbert passou em sua cabeça novamente: Você quer estar comigo, ou só não quer estar com ele? E ele precisava de uma resposta, e ela também.

Foi por isso que Dapnhe subiu até seu quarto e pegou as duas cartas e foi para o quarto onde Alan estava, ela bateu na porta, uma, duas, três vezes, até que ela suspira e se vira para voltar para seu quarto.

-3 batidas? Você costumava ser mais insistente. -Disse Alan abrindo a porta, ele não esperou ela falar nada, somente deixou a porta aberta e entrou no quarto, Dapnhe olhou para os dois lados antes de entrar, e fechou a porta atrás de si quando entrou.

-Nós precisamos conversar! -Ela disse firme, precisava resolver aquilo de uma vez por todas, sempre dizia a Herbert e Henry que eles deviam se desprender do passado e seguir em frente, mas era um conselho que ela mesma não seguia.

-Estou te ouvindo.

-Eu sei que é pedir demais para você, mas queria que pelo menos uma vez na sua vida, você fosse sincero comigo. -Dapnhe disse aquilo com raiva, não por ela mas por tudo em sua volta.

-Eu não me lembro de já ter mentido para você... -Disse Alan, em sua frente, de braços cruzados.

-Talvez você tenha até perdido a conta. Por isso eu só vou perguntar uma vez, você se encontrava com a Samantha? -Quando Dapnhe disse o nome dela, Alan pareceu pensar sobre quem ela estava falando.

-A falecida esposa do Henry? Eu já me encontrei com ela algumas vezes, sim. -Ele disse em tom casual.

-Então você era o amante dela?

-Talvez eu tenha sido um deles. -Ele disse com um sorriso no rosto. Dapnhe respirou fundo e esticou as cartas para ele.

-É você, não é? O homem com quem ela trocava cartas, S.A significa Seu Alan, você escrevia a mesma coisa para mim, com as mesmas palavras, você nem se deu o trabalho de mudar. -Alan pegou as cartas e parecia lê-lás em sua cabeça.

-Você ainda tem elas? -Ele disse apontando para as cartas.

-Não mude de assunto.

-Se você já sabe de tudo, porque ainda precisa de uma confirmação? -Disse Alan amassando as cartas e jogando no chão.

-Porque você fez isso, Henry é seu amigo...

-Eu conheci ela em um baile, ela era uma alma viva, sem compromisso, sem limites, livre. Eu gostei disso nela, eu estava  aqui nessa cidade, nós dormimos juntos naquela noite, em um hotel que atualmente é uma padaria. Na manhã seguinte ela tinha sumido, não me disse seu nome e nem como ou onde encontra-la novamente, uma semana depois Henry foi me visitar, disse que gostaria que eu conhecesse sua esposa, e quando ela entrou pela porta eu a reconheci na mesma hora, e ela parecia se lembrar de mim, mas me tratou como se não me conhecesse, eu não tinha intenção de me encontrar com ela novamente, ainda mais sabendo que era a esposa de Henry.

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