capítulo três - jimin

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"Meu dente está doendo. O que você quer que eu faça, quer que eu fique aqui agonizando durante duas semanas?" Jungkook franziu o cenho e apoiou a palma da mão no maxilar.

"Não." Suspirei.

"É assim que você é tão bem sucedido no seu trabalho? Você nunca deixa seus clientes saírem de casa? Nem em caso de vida ou morte?" Ele estremeceu quando o movimento da boca ao falar fez o dente doer. "Ai."

"Está vendo? Talvez se você ficasse quietinho..." Eu lhe dei um olhar irritado.

"Eu preciso ir ao dentista."

"Será que não dá pra você tomar algum remédio entorpecente? Tenho uns no armário do banheiro."

"Não dá. Na verdade, eu já marquei uma consulta." Ele olhou para o relógio. "E é em uma hora."

"Não me diga. É claro que você tinha que fazer isso sem me avisar, não é?" Reviro meus olhos. "Onde é o seu dentista?"

"Perto da Vila de Guryong"

Eu fiz uma cara assustada. "O que? Tá de brincadeira comigo né? Eu tenho certeza que você pode se dar ao luxo de ir num dentista em uma parte melhor da cidade."

Ele deu de ombros. "Sou paciente dele desde que eu era criança."

Coloquei meu casaco. "Admita, você é um mão de vaca"

Ele começou a sorrir, mas se encolheu por conta da dor. "Ai. Merda. Pare de falar comigo."

"Com prazer." Não era como se conversar com ele fosse minha parte favorita do dia.

Abri a porta e verifiquei a frente e os lados da casa. Nada parecia fora do comum, então guiei Jungkook para o carro. Quando liguei o motor, ele se aproximou mais de mim, tentando fechar seu cinto de segurança, e acabei sentindo seu cheiro fresco, porém marcante. Isso me fez sentir um pouco estranho, e meu pulso acelerou ligeiramente.

Eu geralmente não percebia coisas como o cheiro de um homem ou se seu cabelo parecia macio ao toque, mas lá estava eu agora encarando seus fios escuros e brilhantes. Afastei meus olhos dele e dirigi para a estrada principal.

Nós ficamos em silêncio na primeira parte do caminho. Ele me deu as instruções, e quando nos aproximamos da periferia de Guryong, fiquei curioso sobre sua infância. "Você cresceu aqui?"

"Sim." Ele olhou pela janela para os edifícios em ruínas. "Era diferente naquela época, as pessoas se importavam mais com esse lugar."

"Claro, isso foi há muito tempo atrás." Não consegui me conter.

Ele me lançou um olhar impaciente. "Essa é a sua maneira de me chamar de velho de novo?"

Eu fiz uma careta, tentando segurar o riso. "Não. Mas você está no que... na casa dos quarenta anos? Isso significa que foi há muito tempo." Falei, prolongando a palavra "muito" só pra irritá-lo mais.

"Tenho trinta anos, não tenho mais de quarenta." Ele bufou e logo resmungou. "E minha idade só significa que eu sou mais experiente que você."

Eu mordi meu lábio tentando conter um sorriso e disse com uma voz inocente: "Relaxa, eu não estava tentando te insultar."

"Até parece, tudo o que vocês jovens lobos dizem é um insulto."

"Não exagera." Ele deu de ombros. Eu respirei profundamente e contei até dez. "Como era a vida aqui?"

Ele não respondeu imediatamente, mas percebi quando ele ficou mais relaxado e a vontade. "Foi ótimo. Eu andei de bicicleta por essas ruas o dia inteiro com meus amigos. Meu pai era um policial e minha mãe fazia comida pra fora."

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