Passarela

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   E finalmente é sábado, havia esquecido de mencionar que ontem era o último dia da semana de trabalho, no escritório, no caso, pois aqui em casa isso não poderia parar, fiquei até tarde da noite de ontem escrevendo meu livro para o concurso, e as vezes uma chama de esperança realmente pairava em mim, ele estava ficando bom, tudo estava melhorando. 

   Levantei não muito cedo, como de costume, mas já me direcionei novamente ao notebook, o liguei e então acessei meu bloco de notas, vi as notas que eu havia escrito noite passada com o intuito de as passar para o papel, como todos sabiam, eu preferia escrita em papel do que digital. 

    Parei por um segundo e realmente pensei o seguinte, se eu irei ter que mandar isso virtualmente, eu teria que passar um trabalho gigantesco para o repassar para a forma digital depois de novo, e quem sabe, mesmo fugindo do meu padrão de escrita, eu deveria dessa vez passa-lo agora mesmo do papel ao digital e continuar a escrever o resto da história em meu notebook. 

   Tirei todo meu orgulho, e o fiz. Pouco a pouco essa nova ideia iria se confortar em mim, com o tempo eu me acostumaria, tenho que tentar coisas novas e as por em prática, como diria uma de minhas músicas favoritas, uma "new perspective" (nova perspectiva). 

   Não foi demorada para eu escrever tudo em meu bloco de notas, aliás, eu não escrevi uma quantia tão grande assim na última noite, mas daqui pra frente eu teria que escrever se quiser enviar a tempo, mesmo tentando não por pressão em mim era inevitável. 

   Comecei agora mesmo mais um turno de escrita, ainda estava com ideias frescas na mente, despertadas ontem.

   Consegui escrever cerca de 160 palavras na manhã, era pouco, mas continha muitas pausas para eu averiguar se realmente estava ficando o melhor possível e digno de receber o prêmio.

   "O cavaleiro disse à dama que talvez, por uma precaução, ela deveria ficar em sua casa esta noite, pois os efeitos da bebida ainda estavam em seu corpo.", a história estava cada vez mais interessante, e até eu, seu próprio autor, estava curioso para saber como terminaria.

   Fui almoçar por volta de 14:20, Kaownah me mataria se soubesse, ele sempre disse que eu deveria ter regras e horários pra cada refeição, sendo que nem ele segue isso algumas vezes. 

   Falando em Kaownah, eu sabia com toda certeza que hoje ele iria me convidar para sair, como todo sábado, e eu recusaria, como todo sábado. Nunca fui de sair de casa, odeio lugares cercados com muitas pessoas, apenas por ter que fazer esforço para tentar parecer simpático e socializar, talvez eu só não estivesse muito acostumado. 

   Mas enfim, depois de comer, lavar a louça, e colocar as  coisas em "ordem", voltei ao meu trabalho.

   Lendo, relendo, corrigindo, e adicionando. 

   Perto de 18:00 a fome me atacou de novo, então apenas parei alguns minutos para um lanche, alguns biscoitos industrializados, e um copo de suco. Aproveitei para pegar meu celular e ver se havia alguma mensagem, pois desde meu almoço não havia o visto ainda. 

   E como esperado.... "Ei! Que tal nós sairmos hoje? Dessa vez só nós dois, prometo não convidar outros amigos que você não conhece.", Kaownah, e eu não estava nem um pouco surpreso. 

    Começo a escrever aquela mesma desculpa de sempre, "Estou trabalhando hoje", esperando receber um "Você sempre diz isso.", com toda certeza. Mas antes de enviar a mensagem tenho um pensamento um pouco estranho pra mim, se eu aceitasse sair hoje... 

   Acho que o meu nome conceito, "New Perspective", já estava me afetando muito, isso me assusta,  mas mesmo assim, não poderia ser uma ideia tão ruim. 

Ele é apenas um garoto de meus libidinosos sonhosOnde histórias criam vida. Descubra agora