Ꮯꮋꭺꮲꭲꭼꭱ - 03

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Kara saltou sobre o capô num movimento de dublê de Hollywood, rolando sobre o teto do carro e caindo atrás, na rua. Atingiu o chão rolando. Pneus chiaram e derraparam atrás dela, enquanto as balas passavam zunindo. Quando ela virou com tudo à esquerda no beco, o carro partiu roncando em sua direção, chegando tão perto, que ela pulou numa escada de incêndio, enguendo as pernas para cima e atravessando a janela de um escritório no segundo andar do prédio.

Um grupo de secretárias gritou quando Kara se lançou no meio do coffee break da manhã. Avançou até um corredor, desceu a escadaria e chegou ao beco adjacente em minutos. Logo alcançou a rua oposta do prédio que abrigava a força-tarefa. Um brilho metálico atraiu seu olhar. Ela ergueu a vista para o estacionamento de três andares do outro lado da rua e viu alguém no telhado, escondido atrás do muro de concreto.

O coração batia como um tambor no peito. Para todos os efeitos, os escritórios pareciam os de uma agência comum de segurança privada. Seu disfarce teria caído? O quartel-general da força-tarefa teria sido comprometido?
Não seria a primeira vez que o QG da EFAI era descoberto. O prédio no Bronx era o terceiro em alguns anos. Embora agissem, parecessem e falassem como uma empresa de segurança, em alguns momentos os criminosos que eles perseguiam, perseguiam-nos. Os dois lados estavam num jogo astuto de gato e rato.

Com o acesso aos brinquedos de alta tecnologia nos dois lados, estava ficando cada vez mais difícil se manter um passo à frente dos bandidos. Por isso, Kara mantinha um depósito de equipamentos necessários, que ela acessaria assim que cuidasse do problema que estava diante dela.

Voltou para o beco e percorreu o caminho ao redor do quarteirão, seguindo até o telhado do estacionamento, onde vira o atirador. O homem estava encaixado entre dois Suburbans com janelas escuras. Parecia coisa do governo, mas poderia ser a Máfia. Kara tirou a arma do coldre e procurou o silenciador na mochila. Com calma ela o rosqueou e, furtiva como uma pantera, foi à caça do atirador.

Ela se esgueirava pelos veículos, um a um, agachada, silenciosa e alerta. Apenas a dois carros de distância, o Suburban mais próximo moveu-se apenas o suficiente para mostrar a ela que havia alguém lá dentro.

Merda.

Estavam esperando. Ela recuou. Assim que pegou a mochila, as portas traseiras do Suburban se abriram de uma vez e homens saíram de lá. Kara partiu na direção da escadaria. Pneus cantaram e o som de passos rápidos a seguiram. Quando chegou ao segundo andar, um conversível estava saindo de uma vaga. Kara abriu a porta com tudo, agarrou o motorista apavorado e puxou-o para fora.

━ Desculpe - ela falou ━ mas, preciso do seu carro emprestado. - Jogou o homem no chão e assumiu o volante. Acionou a primeira marcha, pisou no acelerador e saiu em disparada.

O Suburban estava atrás dela. Kara atravessou a cancela do portão de saída e fez uma curva fechada à direita. Afastou-se, furou um sinal vermelho, virou à esquerda e passou outro sinal vermelho. O pequeno Fiat estava se saindo muito bem, mas o Suburban ainda era visível no retrovisor. Precisava despistar os desgraçados.

Kara virou à direita na próxima rua, movendo-se no contrafluxo, e então entrou novamente à direita numa viela estreita. Pisou fundo e arrebentou os portões acorrentados no fim da rua. Parou o carro, agarrou a mochila e correu para os fundos de um prédio. Ela conhecia o velho prédio comercial e sabia que havia várias passagens que o ligavam a outros prédios nas cercanias. Correu para as entranhas da estrutura e rumou para o norte. Quando saiu à superfície, a dois quarteirões de distância, Kara arrancou a bicicleta de um mensageiro e pedalou até a rodoviária, a muitos quarteirões dali. Ao chegar na rodoviária, foi direto para a parte dos armários. Rapidamente abriu a trava de combinação de um deles, tirou uma de suas identidades falsas e trocou os três mil que James lhe dera por três mil dela. Pegou também um iPad, dois celulares descartáveis e uma pequena mochila de couro onde colocou todos os equipamentos, desligou seu celular pessoal e deixou-o no armário para, em seguida, trancá-lo. Foi rápido até uma cabine no banheiro, tirou a Sig do coldre, colocou na mochila que James lhe dera e jogou tudo na lata de lixo.
Kara sobrevivera tanto tempo por instinto. E, naquele momento, seu instinto gritava para ela não confiar em ninguém.

Wanted [ Supercorp AU G!P 👮 ] Onde histórias criam vida. Descubra agora