Explicações

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- Então eu volto. – Arthur me regalou mais um beijo e saiu do quarto.

Encarei a porta fechada e suspirei. Quando ele voltasse, teríamos a conversa final. Fui em direção ao banheiro pensando no que eu diria a ele. Sabia que ele exigiria entender o que aconteceu. Esperava que ele me compreendesse e me aceitasse. E aí sim poderíamos ser felizes juntos.

Fui ao banheiro após me despir e pegar os itens necessários para o banho. Antes de abrir o chuveiro, fiz um coque no cabelo e me joguei embaixo da água quente, sentindo meu corpo relaxar automaticamente. Passei alguns minutos ali, imóvel, refletindo sobre o que acabara de acontecer.

3 horas atrás eu estava dentro de um avião, sofrendo por perceber que talvez eu nunca mais pudesse estar na companhia dele. O destino é mesmo uma caixinha de surpresas. Eu trabalhando, ele passeando, e a gente se encontra aqui, a milhares de quilômetros de distância das nossas casas. Lembrei que por duas vezes eu o vi correndo no calçadão da Barra. Ficava atônita, sem saber como reagir. E nas duas vezes eu saí do local, apenas para não ter que esbarrar com ele, para não precisar me colocar na situação de estar próximo a ele. Mas aí... cá estamos... Juntos, como ele disse. Juntos! Sorri para as paredes. Não havia o porquê ser diferente. Eu havia terminado com ele justamente para ter paz, para viver sem todo o peso que o relacionamento com ele me trouxe e, somente após nosso fim, percebi que a paz não veio e o peso aumentou.

Então me decidi. Sim, nós ficaríamos juntos. Sim, eu iria me permitir ser feliz ao lado dele. Gargalhei sentindo como se estivesse prestes a cometer uma loucura. E era isso que Arthur provocava em mim: loucura, insanidade, pertencimento, paixão, desejo, vontade e, sobretudo, amor. Era incrível como ele era capaz de mudar meu pensamento com um simples toque ou uma singela palavra. Era obvio que eu poderia nadar o quanto eu quisesse para fugir dele, e eu sempre morreria na praia. Estava predestinado. Suspeito que nossa história se cruzou em outras vidas, tamanha a nossa reciprocidade.

Saí do banho e parei para escovar os dentes. Tirei também todo o resto de maquiagem que havia em meu rosto. Vesti outro vestidinho fresco. Seu tom era rosa bebê e tinha alças que se amarravam em meus ombros. Mudei os brincos para uma pérola pequena e coloquei uma pulseira delicada. Hoje eu estava me sentido fofa. Fui tirada dos meus devaneios com batidas na porta. Saltitei até a porta contente por ele ter voltado.

- Oie! – exclamei ao abrir a porta.

- Oi! – ele tirou a mão de trás das costas e evidenciou o pequeno buquê de rosas brancas. Recebi o buquê encantada com seu gesto.

- Obrigada, são lindas!

- Não mais que você. – Me puxou de lado e enterrou seu rosto em seu pescoço. – São brancas para simbolizar a paz. – Arthur me ajeitou em sua frente e me encarou nos olhos. – É só isso que eu quero com você: paz!

- Eu também, meu amor. Eu também! – lhe regalei um demorado selinho e o puxei para dentro.

- 'Tava com saudade de ouvir você me chamar assim. – ele assumiu.

- Eu já te chamava de amor antes, Arthur.

- Mas foram poucas vezes. – O mirei com os olhos desconfiados. – Eu só estou falando que eu gosto, ué. A gente não teve muito tempo para eu me acostumar. – Ele fez uma carinha de cachorro abandonado e eu lhe ofertei mais um beijinho.

- Agora temos todo o tempo do mundo. – Lhe garanti. Ele me deu mais um selinho e se afastou.

- Aqui seus remédios. Comprei um anti-inflamatório para garganta, um analgésico para dor de cabeça e um spray com esses troços que fazem bem. – Ri alto de sua explicação. Ele colocou tudo em cima da mesinha ao lado da cama e foi buscar uma água no frigobar. – Você pediu o café da manhã?

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